É apresentada uma revisão histórica dos inventários ornitológicos conduzidos na Chapada dos Guimarães, centro-oeste do Brasil. A avifauna da região é caracterizada a partir de uma revisão crítica de todas as listas de espécies produzidas por várias gerações de ornitólogos, espécimes depositados em museus e meticulosos trabalhos de campo. Especial atenção foi dada às publicações de J.A. Allen, baseadas na monumental coleção preparada por H.H. Smith e sua esposa no final do século XIX. A avifauna da região é típica do Cerrado, abrigando também espécies amazônicas. Um total de 393 espécies de aves é listado para a região, sendo outras 52 espécies citadas pela literatura consideradas de ocorrência improvável baseado nos critérios restritivos adotados. Vinte e quatro espécies coletadas pelos Smith não foram mais registradas para a região. Seis destas espécies são campestres e bastante sensíveis a alterações antrópicas, enquanto que outras três são perseguidas pelo comércio ilegal de aves. Estas espécies provavelmente se encontram extintas na região. Sete outras espécies associadas a corpos hídricos, e duas de distribuição predominantemente Amazônica, eram provavelmente raras na região, mesmo em tempos históricos, principalmente devido à falta de hábitat adequado. Seis outras são normalmente raras, podendo ter passado despercebidas. São apresentados o primeiro registro documentado de Caprimulgus longirostris para o Mato Grosso e o segundo registro de Pipraeidea melanonota para o estado. Também são discutidos os registros de outras espécies raras na região, tais como Ictinia mississipensis, Buteo melanoleucus, Harpia harpyja, Megascops usta, Asio flammeus, Berlepschia rikeri, Euscarthmus rufomarginatus, Xenopsaris albinucha e Poospiza cinerea.
O conhecimento atual sobre o sucesso reprodutivo e características da história de vida da maioria das espécies de aves neotropicais é deficiente. A qualidade do habitat onde o ninho é construído é um dos fatores que influenciam o sucesso reprodutivo das aves. Este estudo objetivou determinar atributos da história de vida, assim como o padrão de uso de habitat a fim de compreender a dinâmica reprodutiva de Cantorchilus leucotis no Pantanal de Poconé, entre o rio Bento Gomes e Cuiabá, o qual é sujeito a alagamento de janeiro à abril. Cantorchilus leucotis foi registrado pelos métodos de captura com rede de neblina (1.560 horas), observação por censo auditivo (5.600 horas) e procura por ninhos (234 horas), durante os anos de 2001, 2002 e 2006. Foram encontrados 87 ninhos de C. leucotis durante as estações reprodutivas dos anos pesquisados, destes, 58 foram abandonados na fase de construção, quatro foram destruídos por intempéries climáticas, e apenas 25 ninhos chegaram à fase de postura de ovos. A porcentagem simples de sucesso reprodutivos foi de 12% (n = 25). A predação foi a maior causa de perda de ninhos ativos (76%). Desses ninhos, 94,7% encontrava-se em fase de ovo e 5,2% em fase de filhote. Dos 87 ninhos encontrados, 52 (59.8%) foram encontrados no Cambarazal, 26 ninhos (29.8%) no Brejo e nove ninhos (10.4%) no Landi. O parasitismo de ninho não foi observado. A espécie foi registrada ao longo de todos os anos de pesquisa, o que lhe conferiu o status de residente. O cambarazal, por se tratar de uma floresta úmida, apresentou locais ideais para confecção do ninho e a disponibilidade de alimento requerido pela espécie.
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