Resumo Este artigo examina as práticas de preservação do patrimônio cultural adotadas na esfera federal a partir da redemocratização do país na década de 1980, tendo por foco os bens que alcançaram tombamento e registro. Procura analisar em que medida conceitos de identidade nacional, tradicionalmente acolhidos pelo IPHAN desde a ditadura varguista, foram efetivamente revistos ao se realizarem as seleções de novos bens protegidos.
Este trabalho tem por objetivo abordar historicamente a construção dos monumentos erguidos no Parque do Ibirapuera entre as décadas de 30 e 50 do século XX, enfocando-se sobretudo as mutações dos conteúdos simbólicos neles presentes no que tange à representação e forjamento de uma identidade paulista. Ponto privilegiado de lazer da capital paulista a partir da segunda metade desse século, o parque foi escolhido pelas autoridades públicas para acolher três dos maiores empreendimentos artísticos de caráter monumental realizados até o IV Centenário da cidade de São Paulo: o Monumento às Bandeiras, o Monumento e Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932 e as edificações da exposição comemorativa do aniversário da cidade, realizada em 1954. Concentraram-se ali os símbolos de caráter comunitário, propostos ou subsidiados pelo poder público, todos eles diretamente ligados à representação da identidade paulista, do ser paulista, atos afirmativos necessariamente impactantes em anos de grandes transformações demográficas, sociais e culturais não só para a cidade, como para seu estado e para o próprio país.Realizados segundo princípios plásticos característicos de diferentes correntes artísticas ditas modernas, os três conjuntos monumentais permitem também perceber outras distinções, ligadas à concepção do que viria a ser o caráter específico dos paulistas diante dos brasileiros. Mas a busca dessa especificidade identitária, que se organizava nos meios intelectuais e artísticos do estado desde fins do século XIX, é também atravessada por diversas clivagens, conceituais e temporais. As obras de arte erguidas no Ibirapuera, inauguradas entre 1953 e 1955, mas concebidas em décadas diferentes, possibilitam perceber mutações arquiteturais e escultóricas que expressam essa múltipla consciência, ou ainda o caráter ideológico de círculos culturais articulados ao poder público no esforço
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