Na tradição acadêmica brasileira geralmente a condição do herói é atribuída a protagonistas masculinos, de sorte que, nos museus nacionais, em geral as figuras femininas são relegadas a um lugar inferior e alegórico. O presente artigo analisa um pequeno conjunto de 3 telas concebidas para as comemorações do centenário da Independência, em 1922, nas quais as figuras femininas são alocadas na condição de protagonistas da história nacional. Trata-se dos retratos de Maria Quitéria e Leopoldina de Habsburgo confeccionados por Domenico Failutti a pedido do diretor do Museu Paulista, Affonso Taunay, para os festejos de 1922, e, de outro lado, da tela Sessão do Conselho do Estado , elaborada por Georgina de Albuquerque e hoje presente no Museu Histórico Nacional (RJ). As imagens, produzidas em tempos de República, constituem uma verdadeira “batalha visual” sobre os lugares das mulheres na história do país, oscilando entre polaridades como a guerreira, a governante sábia e a “boa mãe republicana”.