A experiência de monetarização de impacto de projetos desenvolvidos por organizações de interesse público ou por programas de responsabilidade social empresarial requer metodologia avaliativa que contemple os resultados expressos como fatos - ou mudanças imediatamente quantificáveis na vida das pessoas - e resultados expressos como valores - ou percepções de princípios e normas, comunicados ao longo dos projetos. O objetivo deste artigo é apresentar e discutir as hipóteses necessárias para a apropriação comensurável dos aspectos valorativos e factuais, considerando os significados sociais da moeda identificados nos circuitos de troca dos bens públicos envolvidos. A abordagem, que tem por referencial teórico as contribuições de H. Putnam e A. Sem. vale-se do diálogo com a sociologia econômica para construir indicadores mensuráveis do impacto. Como resultado, a monetarização explora o significado do impacto para a organização, em termos de custos e benefícios sociais; para os doadores, como medidas da responsabilidade social e valor agregado; e, para os beneficiários, como quantificação da mudança na percepção de valores e de atitudes. Como método para essa discussão, aplicamos esses argumentos à avaliação de um projeto social local, desenvolvido em Belo Horizonte-MG, mostrando que os valores podem ser incorporados como elementos mensuráveis e apropriados para a representação econômica do impacto.
ResumoEste artigo mostra que o conceito de mundo-da-vida (lebenswelt), em Jürgen Habermas, e a refutação da dicotomia fato x valor, em Hilary Putnam, podem esclarecer epistemologicamente o processo de avaliação em gestão social, que consiste em explicitar fatos, valores e seus respectivos significados intersubjetivamente compartilhados. Especificamente, apresentamos como instrumentos de experiência avaliativa o Mapa de Bens Públicos e o Mapa Semântico de Expectativas, Necessidades, Capacidades, Interesses e Representações (ENCIR), além de argumentarmos acerca de sua capacidade de explicitar comunicativamente os significados/as interpretações que emanam dos mundos-da-vida dos Públicos Constituintes. Argumentamos com Habermas que o mundo-da-vida é um fundamento epistemológico dos processos de avaliação na gestão social que considera a dialogicidade entre fatos e valores e, com Putnam, que esses elementos constitutivos da avaliação são imbricados e passíveis de discussão racional. Nessa perspectiva valorativo-comunicativa da avaliação, os processos devem ser construídos de acordo com as capacidades dos Públicos Constituintes e coproduzidos por meio de processos inclusivos, dialógicos e deliberativos validados intersubjetivamente, também atendendo às pretensões habermasianas de verdade, sinceridade/veracidade e correção normativa/legitimidade. Palavras-chave:Mundo-da-vida. Fatos e valores. Avaliação. Gestão social. Facts, values and the life-world: epistemological arguments for evaluation in social management AbstractThis article aims to show that the concept of life-world (lebenswelt) in Jürgen Habermas, and the refutation of the dichotomy 'fact' v. 'value' in Hilary Putnam may account epistemologically for the evaluation process in social management, which consists of explicating facts, values and their respective meanings shared inter-subjectively. The article presents the Map of Public Goods and the Semantic Map of ENCIR (Expectations, Needs, Capabilities, Interests and Representations), which are instruments of evaluative experience, arguing on this instruments ability to communicatively explain the meanings/interpretations emanating from the life-world of Public Constituents. We argue with Habermas that life-world is an epistemological foundation of the evaluation procedures in social management that considers the dialogic relation between facts and values. With Putnam, we argue that these constituent elements are interwoven and subject to rational discussion. In this perspective, evaluative and communicative assessment processes must be built according to the capacities of the Public Constituents and co-produced by means of inclusive, dialogic and deliberative processes, validated inter-subjectively. This meets Habermas claims to truth, honesty/truthfulness and normative correction/legitimacy. Keywords Hechos, valores y el mundo-de-la-vida: argumentos epistemológicos para evaluación en el ámbito de la gestión social ResumenEste artículo muestra que el concepto de mundo-de-la-vida (lebenswelt), en Jürgen Habe...
O financiamento das universidades públicas paulistas depende de um decreto de 1989 que criou a vinculação orçamentária de parte da arrecadação estadual e conferiu autonomia às instituições. O decreto previa critérios que foram insuficientemente seguidos, originando uma reconhecida crise de gastos e governança que, atualmente, em época de reforma tributária, instabilidade econômica e mobilização política sobre o tema, faz a autonomia universitária correr riscos. A experiência paulista de sua implementação oferece exemplos para a abordagem de problemas estruturais comuns às instituições federais, na governança, expansão e no foco no ensino, ou na pesquisa. Apresentamos uma agenda para a defesa da autonomia, com critérios de gasto, considerando que a reforma tributária é uma oportunidade para enfrentar os dilemas atuais e os desafios do século XXI.
O objetivo deste ensaio é comunicar como a “cooperação” se estabelece como uma categoria teórico-empírica necessária à coordenação de lógicas e espaços híbridos no campo de práticas e teorias da gestão social. Desenvolvemos três argumentos: (a) Na perspectiva da gestão social a cooperação é uma categoria importante para a coordenação de espaços e lógicas híbridas; (b) Um campo científico e social marcado pelo hibridismo demanda normativamente o elemento da cooperação nas suas interrelações; e, (c) A cooperação é essencial em três momentos que se articulam: (1) entre os acadêmicos e os saberes híbridos tendo em vista o desenvolvimento de um campo científico que valora a cooperação, (2) entre os praticantes dada a ênfase da gestão social enquanto prática gerencial e (3) entre acadêmicos e praticantes. A “cooperação” se estabelece como uma categoria teórico-empírica e pode ser considerada como um mecanismo de coordenação entre as lógicas que se apresentam no espaço híbrido, no qual atuam as organizações do terceiro setor e no campo da interdisciplinar gestão social – que também se constitui híbrido pelas suas raízes práticas e evidências empíricas. Foi mostrado ainda que o hibridismo não é elemento que desfigure a “identidade” do gestor social, mas, pelo contrário, que o molda e o torna capaz de coordenar no espaço intermediário as diferentes lógicas e suas tensões. A própria ideia de cooperação gera tensões, sendo preciso reconhecer que a noção que defendemos não é “purificada” ou “idealizada”, devendo estar sempre aberta a discussão e experimentação empírica dos valores–fatos a ela relacionados.
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