Esta dissertação une antropologia e música para analisar processos contemporâneos de produção de discos e músicos na cidade de São Paulo. A questão central que permeia todo texto é a seguinte: por que ainda se grava discos na era da música digital compartilhada no ciberespaço através da internet? Em outras palavras, por que no mesmo período em que as vendas de discos físicos (CDs e discos de vinil) diminuíram, colocando as grandes companhias fonográficas numa crise sem precedentes, um grupo de compositores urbanos passou a produzir e lançar discos físicos de forma autônoma, contínua e intensa? Acompanhando processos criativos e produtivos de três compositores paulistas-Kiko Dinucci, Rodrigo Campos e Tatá Aeroplano-, o disco emergiu como agente fundamental realizando as mediações que possibilitam aos compositores se constituírem enquanto artistas, construindo uma imagem pública (e uma sonoridade), e conquistando reconhecimento coletivo. O mesmo processo de digitalização que desencadeou a pirataria musical na internet, desencadeou um curto-circuito entre arte e técnica no fazer musical, e um curto-circuito entre artista e público, reconfigurando o lugar social dos discos para esse grupo de compositores que ainda faz questão de gravar e lançar músicas próprias. No primeiro capítulo, baseado numa etnografia dentro de estúdios, acompanhei a gravação dos discos-Bahia Fantástica (Rodrigo Campos), Tatá Aeroplano (Tatá Aeroplano) e Metal Metal (Kiko Dinucci). Identifiquei dinâmicas coletivas de arranjo das canções que caracterizam um processo criativo no qual as atividades de todos os envolvidos são permeáveis entre si, e em que arte e técnica se interpenetram. No segundo capítulo, realizei uma experimentação musical com a teoria da agência de Alfred Gell, para analisar como os discos agem fora dos estúdios transformando a vida dos envolvidos em sua produção. Os discos, tratados aqui como indexes musicais, se mostraram sujeitos atuantes nos processos de construção dos artistas. No terceiro e último capítulo, segui os três compositores na internet mapeando alguns usos e estratégias de ação no ciberespaço. Procurei descrever como os discos são disponibilizados no mundo digital, especialmente em redes sociais que possibilitam uma comunicação direta entre artistas e público. Os três capítulos juntos descrevem como os discos gravam os artistas, tanto quanto os artistas gravam os discos.
Neste artigo, apresento uma etnografia musical de processos de produçãode discos dentro de estúdios paulistanos, descrevendo e discutindo as práticascriativas observadas. Entre 2011 e 2013, pude acompanhar de perto ostrabalhos de três artistas ativos na cena musical paulistana contemporânea: TatáAeroplano, Rodrigo Campos e Kiko Dinucci. Trago aqui as experiências etnográficasdo disco Tatá Aeroplano e do disco Metal-Metal. Procurei delimitar osaspectos mais significativos que caracterizam o fazer musical desse grupo sonoro,fornecendo indícios para uma reconfiguração do disco como objeto artístico nocenário musical contemporâneo. O disco emerge como agente social que transforma a vida dos artistas.
O artigo apresenta dados de uma etnografia realizada entre 2017 e 2019, num bairro periférico da zona sul de São Paulo, onde acontecem bailes conhecidos como fluxos. Proponho uma análise a partir do verbo-conceito de "musicar" de Cristopher Small (1998). Sob tal perspectiva é fundamental entender todos os agentes engajados na produção da festa, mesmo aqueles que aparentemente não estão produzindo música, e mesmo aqueles considerados não-humanos. Que elementos estão por trás de uma manifestação musical nas ruas de uma quebrada? No caso dos fluxos, veremos a centralidade dos sistemas de som de funk nesse musicar e que tipo de sensações e reações eles causam. O funk e a festa atuam na construção sentimental e simbólica dessas localidades e na produção de identidades compartilhadas.
Resumo A proposta deste artigo é refletir sobre os instrumentos de sopro Jurupari tocados na região do alto rio Negro, tomando como ponto de partida a etnografia realizada junto ao povo Yuhupdeh. O foco da discussão é sobre a associação entre esses instrumentos e os processos de (re)produção dos corpos. Mais especificamente, procura-se abordar a associação dos instrumentos Jurupari e a fertilidade para além da questão sexual-genital, analisando a relação não a partir da noção de reprodução, mas da noção de geração e engendramento. Propõe-se aqui a abordagem dos instrumentos Jurupari não mais como uma metáfora masculina sobre o poder reprodutivo feminino, mas como uma biotecnologia andrógena de inseminação artefatual, que não só fabrica os corpos, como também os destrói, ao modo de uma farmacologia.
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