Neste artigo, analisa-se o nível de institucionalização sob a ótica da Estratégia como Prática (Strategy-As-Practice -SAP), adotando a teoria institucional como perspectiva de análise. Por meio de pesquisa bibliográfica, bibliométrica e sociométrica, analisaram--se 24 estudos publicados no Brasil e 76 no exterior. Os elementos analisados foram: número de artigos publicados em cada ano; obras e autores mais citados; autores que mais publicaram; redes de cooperação entre autores e entre instituições, com o auxílio do software UCINET ® 6; abrangência geográfica das parcerias; e enfoques de SAP empregados por meio de análise de conteúdo. Como principais resultados, destacam-se a defasagem entre as primeiras publicações na literatura internacional e na brasileira e os autores mais citados, que são Whittington e Jarzabkowski. A constatação de que 14 diferentes países publicaram artigos sobre SAP aponta sua dispersão geográfica e também seu alinhamento com outras abordagens. No Brasil, apesar do número crescente de artigos publicados e da criação de temas em eventos, ainda há grande espaço para crescimento no número de artigos, nas redes de cooperação e nos enfoques pesquisados.
O objetivo deste estudo foi examinar a relação entre práticas estratégicas e propriedades construídas (enacted) dentro do contexto dos dirigentes das congregações de uma Igreja de confissão evangélica de Curitiba, um ambiente altamente institucionalizado. A coleta dos dados foi realizada por meio de entrevistas em profundidade para construção de um corpus textual, estudado via análise de conteúdo, com auxílio do software ATLAS.ti. Os achados empíricos revelaram existir equifinalidade das práticas estratégicas à medida que diferentes ações são empregadas para reforçar as mesmas propriedades de um contexto coletivamente decretado. Essas práticas mostraram-se centradas principalmente em ações de (a) comunicação e de (b) relacionamento com os fiéis. Conclui-se que essas práticas estratégicas sustentam e são sustentadas recursivamente pelo relacionamento de três principais metapropriedades socialmente construídas (enacted): (a) Pressões Contextuais; (b) Bíblia; e, (c) Central da Igreja.
Neste ensaio teórico, tem-se como objetivo desenvolver um modelo conceitual que possibilite relacionar os diferentes níveis de estratégia de forma a promover a integração entre as perspectivas institucional e de estratégia como prática, com mediação da teoria da estruturação. Para tal, adapta-se o modelo de Whittington (2006) por meio dos conceitos de isomorfismo; recursividade entre agência e estrutura; e propriedades estruturais. Assim, discute-se a relação existente entre mecanismos isomórficos institucionais e as práticas estratégicas adotadas pelos estrategistas de uma organização. Também se utiliza a concepção de que a ação dos estrategistas de uma organização é influenciada e influencia o campo organizacional, bem como é orientada pelas regras e recursos existentes no campo organizacional. Com base no modelo proposto, apresentam-se diferentes possibilidades de pesquisa que podem ser exploradas em estudos futuros. Conclui-se que as abordagens institucional e da estratégia como prática podem ser integradas como forma de ampliar seu enfoque. Isso poderá contribuir para que os estudos realizados sob essas perspectivas não se limitem a um nível de análise, mas busquem relacionar os fenômenos analisados em seus diferentes âmbitos e influências. Assim, tais abordagens poderão alcançar maior grau de conhecimento acumulado e de amadurecimento. Com o modelo proposto é possível contribuir igualmente para uma visão mais abrangente da estratégia, uma vez que abarca diferentes níveis que a integram.
Em 2006, Richard Whittington, o principal autor da corrente de pesquisa denominada estratégia como prática (strategy as practice), publicou o artigo "Completing the practice turn in strategy research". Nesse trabalho foi apresentada uma estrutura de análise que, pretensamente, completaria a virada da prática nessa área de pesquisa ao considerar diferentes níveis da prática (micro e macro). Entretanto, críticas foram e continuam sendo dirigidas aos estudos realizados sob essa perspectiva, o que evidencia a necessidade de avaliar como está se dando a practice turn nos estudos sobre estratégia. Assim, o objetivo no presente artigo foi analisar a virada da prática nos estudos sobre estratégia, tanto no que concerne às principais características quanto à finalização desse ciclo, ao tomar essa abordagem como um movimento social. Na escolha do método, optou-se pela pesquisa não reativa de documentos existentes (dados secundários) (NEUMAN, 1997). A partir desse método, foram selecionados os principais periódicos da área de administração e estratégia de acordo com o Journal Citation Reports, observando aqueles com maior fator de impacto. Com a amostra de 59 artigos, o movimento social da strategy as practice foi analisado à luz dos três momentos sugeridos por Hambrick e Chen (2008): diferenciação, mobilização e construção de legitimidade. Os resultados permitem concluir: 1. a virada da prática no campo da estratégia consiste em relacionar a corporeidade dos atores sociais, seus objetos e formas de uso, seus conhecimentos, habilidades, estados de emoção e motivações centralmente à prática; 2. essa virada está concentrada, em termos relacionais, nos pesquisadores R. Whittington e P. Jarzabkowski, com trabalhos predominantemente orientados e presos ao velho vocabulário da sociologia da regulação; 3. no que concerne à consecução ou finalização da virada da prática, como foi pretensamente estabelecido por Whittington (2006), conclui-se que a virada da prática nos estudos sobre estratégia não está completa, na medida em que examina as práticas relativamente num vácuo organizacional. Logo, é preciso recuperar a organização no estudo da prática, redefinindo o próprio termo "organização" nesse movimento social.
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