Agradeço, primeiramente, à minha orientadora Beatriz Kühl, pela atenção, disponibilidade, e principalmente pelo valioso conhecimento teórico que adquiri por seu intermédio nestes últimos três anos. Não posso deixar de reconhecer as valiosas contribuições dos membros da minha banca de qualificação, Marly Rodrigues e Maria Lúcia Bressan; e dos professores da FAU USP, dos quais fui aluna. Por fim, sou grata ao auxílio técnico e financeiro da agência de apoio à pesquisa FAPESP, sem o qual esta pesquisa não teria sido possível. Agradeço também a atenção, receptividade e disposição em ajudar dos "rionegrenses": principalmente Ayrton Celestino, cujas contribuições e respostas a todas as dúvidas foram essenciais para a pesquisa; os membros das famílias Herzer, Seidl, Sprotz, Schaffachek, e Reitmeyer pela tolerância aos incômodos durante os levantamentos fotográficos e métricos, estando sempre dispostos a abrir suas casas, responder perguntas, e posar para fotografias; e todos os descendentes bucovinos que me ajudaram com as informações que dispunham. Não posso deixar de mencionar Cláudia, Karen, Sílvio, Daniel, Osvalda, Júlio, e todos os membros e ex-membros da Prefeitura Municipal de Rio Negro que me forneceram documentos e informações essenciais para o desenvolvimento deste estudo. Por fim, devo agradecer a meus pais, pelo incentivo e apoio de valor inestimável, sem os quais este trabalho não seria possível. A meus irmãos, Frederico e Germano, e minhas cunhadas, Fernanda e Lívia, pela companhia, pelas longas discussões que ajudavam a "clarear as idéias", científicas ou fúteis, e pelo apoio e paciência nos últimos anos.
O artigo propõe uma análise do processo de expansão do conceito do patrimônio cultural ao longo dos séculos XX e XXI, com especial ênfase no contexto histórico-cultural da contemporaneidade. Neste período, diversos autores identificam uma condição sociocultural e estética específica que rompe com os paradigmas da modernidade, caracterizada como pós-modernidade ou outros termos com sentidos similares. O campo disciplinar da arquitetura e urbanismo foi, conforme afirmam Jameson (1997) e Harvey (2008), um dos primeiros a perceber esta ruptura – e as especificidades desta nova lógica cultural se faz sentir nas construções e nas cidades, inclusive nas tradicionais, reconhecidas como patrimônio. O campo específico do patrimônio cultural experimentou, nas últimas décadas, um acelerado processo de expansão tanto conceitual e de suas categorias, como também do seu recorte geográfico e temporal. Ferramenta essencial para a construção da cidadania, da educação cultural e cívica e da consciência coletiva, o patrimônio cultural parece experimentar, no último século, um reconhecimento sem precedentes. No entanto, por ser um acurado espelho da sociedade, as questões e tensões demonstradas pelo patrimônio cultural nas últimas décadas também refletem disputas: contestações e ressignificações de memórias e monumentos, confrontando as grandes metanarrativas totalizantes e universais da modernidade, em prol da construção de um discurso mais complexo, representativo, inclusivo e diversos. Outra questão que impacta o processo contemporâneo de patrimonialização é a comoditização da cultura e da memória, que passa a ser consumida e gerida pela indústria turística, sofrendo os efeitos típicos da sociedade do espetáculo que Débord (1997) descreve e que parece se consolidar cada vez mais, agora com o auxílio das tecnologias digitais. Com base neste quadro, questiona-se qual é o impacto destas questões na construção do cidadão contemporâneo, diante das complexidades, contradições e disputas narrativas, e quais seriam os desafios da educação patrimonial?
O artigo trata da percepção do tempo na passagem da modernidade para a pós-modernidade, discutindo a transição dos regimes de historicidade futurista para o presentismo. Com a falência do projeto moderno e o fim da história preconizado por diversos estudiosos da pós-modernidade, percebe-se o deslocamento do ideal de futuro para uma atitude nostálgica, que se reflete no presente fenômeno da patrimonialização. Considerando que o patrimônio expressa uma tentativa de resistência e ao mesmo tempo abarca a memória e constrói identidades culturais, a problematização destas questões são essenciais na constituição da cidadania e da coesão social.
Atualmente, a questão da preservação de nosso legado arquitetônico, histórico e/ou artístico vem sendo amplamente discutida, não apenas no meio acadêmico, como pela sociedade em geral. Por todo o país surgem cada vez mais projetos de preservação cultural que unem tanto as iniciativas privadas quanto organismos públicos, muitas vezes aplaudidos pela mídia e apoiados pelos usuários. A princípio, este quadro é positivo e benéfico, pois estimula a conservação de nossos bens culturais e a retomada da própria identidade da sociedade a partir de sua trajetória ao longo do tempo. No entanto, a associação insistente da preservação do patrimônio com a indústria cultural do espetáculo, incluindo neste contexto a relação indissociável com o turismo espetacular e as distorções geradas pela indústria da informação, faz com que seja necessária a discussão de um conceito basilar que pauta a ação do preservador: a questão da autenticidade. O conceito de autenticidade desperta algumas das questões essenciais que cercam a preservação do patrimônio cultural: o que se está preservando, de que forma, e por quê? Esta questão é crucial: a partir da noção de que o bem em si, ou as dinâmicas sociais e históricas que este encerra, são justificativas para a sua conservação, torna-se necessário investigar as razões para sua distorção, desfiguração ou modificação deliberada. Para fins deste trabalho, a noção do espetáculo é ressaltada por ser uma relação contraditória, aparentemente positiva, porém que atinge diretamente a própria essência do patrimônio cultural. Ao mesmo tempo, é um espelho da sociedade contemporânea, de seus valores e mecanismos, e de sua relação com a cultura, gerando uma complexa dinâmica de significados e relações que influenciam diretamente a ação e compreensão da preservação do patrimônio cultural.
Nas últimas décadas os estudos acerca do patrimônio cultural têm interpretado o patrimônio como um fenômeno complexo e multifacetado, no qual ele não é mais entendido como apenas um setor isolado, mas sim como parte integrante da cidade. Nesse contexto, insere-se os ambientes físico-digitais das Smart Cities, que visam aumentar essa conectividade através de dados e interfaces, propondo soluções inovadoras. Nesse sentido, propomos um artefato como interface de interação entre homem-máquina-meio, que identifique as típicas casas de madeira da colonização na região Norte Paranaense, dentro de uma diversidade de estilos arquitetônicos, para que potencialize a percepção do usuário no quesito de continuidade entre a cidade e o patrimônio. Para isso, foi desenvolvido um estudo piloto no qual foi treinado um modelo de Inteligência Artificial para o reconhecimento de padrões dos edifícios com visão computacional. Por fim, os resultados mostram que o modelo do aplicativo obteve uma acurácia compatível com as apresentadas no estado da arte, e apresenta potencial de gerar engajamento dos usuários com o patrimônio, transferência tecnológica e futuro mapeamento de edificações históricas, dados que são potencialmente úteis para a delineação de planos de intervenção na escala macro urbana.
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