Objetivo: analisar os impactos das condicionantes sociais preexistentes no Brasil sobre a saúde mental em condições de restrição de contato interpessoal pela pandemia de COVID-19. Método: pesquisa exploratória por meio de documentação indireta de fontes secundárias e primárias. Resultados: a pandemia de COVID-19 demandou medidas de restrição de contato social, gerando dilemas éticos, legais e econômicos. Essas restrições, contrariamente, podem atuar negativamente sobre a saúde individual, em especial a mental. Assumindo que a saúde não se restringe a parâmetros biomédicos, os condicionantes sociais assumem importante papel. Esses parâmetros ficam evidentes em países como o Brasil, em que a estrutura social é perversa e a desigualdade flagrante. Essa estrutura dificulta a adequação às normas preventivas da COVID-19 e atua sinergicamente às condicionantes sociais pré-pandêmicas interferindo decisivamente, na saúde mental. Considerações finais: é esperado que as mudanças repentinas e compulsórias, bem como as incertezas com o futuro acarretem sofrimento mental, devendo-se atentar para possíveis adoecimentos. Já se verifica agravamento de alguns estados psicopatológicos e aumento no consumo de álcool e drogas. Por fim, ficou evidente que a pandemia não só afastou pessoas, mas potencializou a distância preexistente para aqueles mais vulneráveis, agravando as condicionantes sociais de saúde.
Este artigo apresenta os resultados de pesquisa documental realizada nos arquivos da Assessoria de Psicologia Escolar da Secretaria de Educação do Município de Petrópolis, com a finalidade de investigar o uso de psicofármacos em crianças com queixa escolar. Do total de crianças atendidas, um percentual elevado fazia uso de psicofármacos como resposta aos comportamentos considerados problemáticos pelas escolas. Sendo assim, a pesquisa realizou um levantamento que tornou possível identificar e rastrear a presença de diagnósticos e uso indeterminado de psicofármacos em crianças em decorrência de queixas comportamentais, com o intuito de investigar a possível apropriação das instituições escolares dos discursos medicalizantes e, consequentemente, os diagnósticos e terapêuticas biomédicas para questões escolares.
Propomos articular democracia, produção de saúde e cuidado com grupos vulnerabilizados. Utilizamos como analisadores ações estatais em cenas de uso de drogas ilícitas em São Paulo e no Rio de Janeiro, que coadunam com estratégias de intervenções sobre regiões tornadas negócios e sobre grupos que habitam tais regiões e, por isso, precisam ser removidos, que podem ser consideradas intervenções próprias ao neoliberalismo e seu correlato jurídico, o Estado de Exceção permanente. Entendemos que políticas de governo que pautam suas ações pela abstinência e internação dos usuários classificados como dependentes químicos estão em sinergia com a chamada guerra às drogas. Nosso objetivo é sinalizar que a atenção ao uso de substâncias psicoativas como preconizado pela estratégia da redução de danos tem potencial para capilarizar as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), da Reforma Psiquiátrica Brasileira e, desse modo, do escopo democrático nos territórios de maior vulnerabilidade social.
O presente trabalho objetiva apresentar uma articulação entre os campos da saúde e da política, de modo a indicar a forma como cada um define e enquadra alguns de seus conceitos e, sobretudo, suas práticas. A noção de Psicologia aqui operada supera a produção de uma psicologia da representação que retira as possibilidades de singularização, para pensar em uma psicologia da diferença, que questiona os saberes/poderes instituídos. Conclui-se, nessa linha de considerações, com a importância de afirmação de uma perspectiva democrática de acesso aos serviços de saúde e participação ativa dos usuários nos modos de produção de cuidado. Defende-se, portanto, uma clínica a ser construída e reinventada a partir do encontro com os(as) usuários(as).
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