RESUMO -A paracoccidioidomicose (também conhecida como doença de Lutz, doença de Lutz-Splendore-Almeida, blastomicose Brasileira ou blastomicose Sul Americana) foi inicialmente descrita por Lutz há quase um século. Trata-se de uma infecção fúngica sistémica, que pode apresentar-se sob duas formas clínicas: aguda/subaguda ou crónica. As lesões orais da paracoccidioidomicose são tipicamente caracterizadas por hiperplasia gengival eritematosa e finamente granular, com petéquias. Além disso, observam-se úlceras superficiais com micro granulações e ponteados hemorrágicos, que podem envolver lábios, mucosa jugal, palato, pilares amigdalianos e língua. A superfície é semelhante à amora sendo por isso denominada de "estomatite moriforme". Apesar de comuns, essas lesões são subdiagnosticadas e o reconhecimento tardio desta patologia pode levar à rápida progressão do quadro clínico, por vezes com desfecho fatal. Relatamos o caso de um paciente jovem com adenopatias generalizadas, estomatite moriforme e sintomas constitucionais (febre, perda de peso). Destaca-se a importância do dermatologista na identificação precoce das lesões cutaneomucosas típicas da paracoccidioidomicose e no estabelecimento de um diagnóstico preciso. PALAVRAS-CHAVE - INTRODUÇÃOA paracoccidioidomicose é causada pelo fungo termo--dimórfico Paracoccidioides brasiliensis, 1-3 que apresenta uma distribuição geográfica limitada a América Central e do Sul. Quando não diagnosticada e tratada oportunamente, pode levar a formas disseminadas graves e letais, com rápido e progressivo envolvimento de pulmões, tegumento cutâneo, gânglios, baço, fígado e órgãos linfoides do tubo digestivo.¹ A prevalência de infecção por P. brasiliensis em áreas endêmicas pode chegar a 50-75% da população adulta. Felizmente, apenas cerca de 2% desenvolve alguma
A síndrome oculoglandular de Parinaud consiste em forma especial de conjuntivite granulomatosa, muitas vezes relacionada à doença da arranhadura do gato, cuja apresentação clássica se caracteriza por uma síndrome febril acompanhada de granuloma conjuntival e linfonodomegalia ipsilateral. As doenças associadas a esta síndrome são doença da arranhadura do gato, infecção por herpes simples, esporotricose, blastomicose e coccidioidomicose, dentre outras. Relatamos o caso de uma paciente com quadro de enantema conjuntival unilateral à direita acompanhado do aparecimento de nódulos em pálpebra ipsilateral. Os exames complementares incluindo cultura confirmaram o diagnóstico de esporotricose. A paciente foi tratada com itraconazol com resolução do quadro.
A insuficiência adrenal primária ou doença de Addison é um raro distúrbio das glândulas supra-renais e representa uma condição de risco, já que seu diagnóstico é frequentemente não reconhecido nas fases inicias da doença. Atualmente sua principal causa é a adrenalite auto-imune, mas pode decorrer devido a causas infecciosas, traumáticas e neoplásicas. Os sintomas da patologia incluem: astenia, fraqueza, náuseas, perda de peso, hipotensão arterial e hiperpigmentação. A hiperpigmentação cutânea e mucosa é o sintoma mais característico da doença, porém pode estar presente em outros diagnósticos diferencias, como: hemocromatose, doença renal crônica, hipertireoidismo, ocronose, entre outras. Relatamos um caso de uma paciente que foi encaminhada para investigação de hiperpigmentação cutânea difusa e mucosa. A paciente ainda referia queixas de perda de peso, fadiga, anorexia, hipotensão e constipação. Foram realizados diversos exames para investigação e realizado o diagnóstico de doença de Addison.
A esporotricose é uma infecção crônica da pele e do tecido celular subcutâneo, causada pelo fungo Sporothrix schenkii. Na infância esta entidade é rara, embora atualmente a maior ocorrência nessa faixa etária seja pela transmissão zoonótica. O atraso no diagnóstico e o uso inadvertido de múltiplos esquemas antimicrobianos levam à progressão da doença, causando dor e, posteriormente, cicatrizes inestéticas. O diagnóstico diferencial principal em formas cutâneas e linfocutânea é a leishmaniose. Embora haja recomendações internacionais para o itraconazol como primeira linha de tratamento, este tem nível de evidência igual à solução saturada de iodeto de potássio e a apresentação líquida da solução é mais fácil de ser administrada e aceita pelas crianças.
A esclerodermia juvenil é uma doença que apresenta características diferentes em comparação com a esclerodermia no adulto. Sua incidência é rara na infância. Pode ser sistêmica ou localizada, sendo esta última a mais comum. Relatamos um caso de esclerodermia juvenil em uma criança de 3 anos de idade do sexo feminino apresentando placa amarelada no tronco simulando uma lesão xantomatosa. O halo lilás ao redor da lesão ajudou na formulação correta da hipótese diagnóstica confirmada pela histopatologia. O diagnóstico precoce no caso em questão, possibilitou a instituição do tratamento em uma fase inicial da doença, contribuindo para um melhor prognóstico do paciente.
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