O texto apresenta resultados parciais de uma pesquisa realizada por uma equipe multidisciplinar, cujo objetivo é construir uma plataforma web para dar acesso aos dados extraídos de inventários post-mortem escritos no século XVIII em Minas Gerais. Para tanto foi construído um banco de dados não-relacional (NoSQL) em substituição a uma base de dados obsoleta elaborada em software proprietário e restrito ao desktop. Durante esse processo foram realizadas várias reflexões sobre o fazer histórico em um contexto eminentemente digital. O objetivo é ampliar o acesso a documentos raros, bem como contribuir para uma nova relação entre a cultura digital, as ciências da informação e a historiografia.
Na América portuguesa a atividade comercial, sobretudo a de longa distância, demandava muitos recursos e informações relativamente precisas. Isso significa que era praticamente impossível agir individualmente nesse tipo de negócio. A organização das empresas em redes familiares e de amizade foi a solução mais comum adotada pelos agentes mercantis para a realização de seus negócios. Nesse artigo buscamos, a partir de fontes históricas de natureza bastante diversificada e de autores ligados à chamada escola neo-institucionalista, investigar a trajetória de alguns comerciantes que atuaram na América portuguesa no século XVIII, especialmente na região das Minas Gerais. O resultado foi a constatação de que era com base em informações transmitidas pelos agentes que integravam sua rede familiar e de sociabilidade que os homens de negócio encontravam financiamento para sua empreitada, elegiam os territórios e os circuitos mercantis onde iriam atuar, estipulavam o preço para os produtos, encontravam compradores para suas mercadorias, buscavam outras atividades econômicas para investir seu cabedal.
A partir da análise de inventários post-mortem, testamentos, escrituras notariais e outros documentos de natureza cartorária, procuramos detectar as principais operações de créditos realizadas pela população mineira setecentista, em suas atividades cotidianas, como as vendas fiadas, os empréstimos de dinheiro, a cessão de dívidas, o empenho de jóias e objetos em ouro e prata, e o arresto de escravizados. Em seguida buscamos compreender o funcionamento dessas operações, que designamos por ora de “práticas creditícias”. Com isso esperamos contribuir para um melhor conhecimento das estratégias econômicas utilizadas pelos indivíduos em situações corriqueiras do dia-a-dia e para um melhor entendimento do funcionamento da circulação de produtos e serviços no interior da América portuguesa, especialmente na capitania de Minas Gerais
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