A lógica das atividades produtivas organizadas em redes de caráter global está, em geral, associada às dinâmicas de um mercado capitalista em busca permanente de novas formas de acumulação. Nessa direção apontam as aná-lises que identificam como resultado desse processo a prevalência dos interesses das empresas independentemente do lugar onde a produção se realiza.A proposta deste texto é questionar esse tipo de interpretação e, através da descrição e exame das ações empresariais de uma rede de produção minero--siderúrgica centralizada na Companhia Siderúrgica Nacional S. A. (CSN), e de seus efeitos sobre os municípios de Volta Redonda (RJ) e Congonhas (MG), 1 realçar uma perspectiva teórica que reconhece a capacidade de agência de determinados grupos sociais (principalmente sindicatos de trabalhadores, associações de moradores, organizações ambientalistas, igreja, entre outros), para mudar relações de poder e para regular o comportamento empresarial.
Conforme a caracterização feita na apresentação, os organizadores do dicionário têm como finalidade principal oferecer uma obra capaz de dimensionar as grandes transformações no mundo do trabalho (resultantes de inovações tecnológicas, gerenciais e institucionais), o aumento do não trabalho/desemprego e seus efeitos danosos, segundo eles preocupações já bastante disseminadas entre acadêmicos, trabalhadores e suas organizações. Nesse sentido é que procuram apresentar um panorama o mais completo possível acerca de conceitos específicos unificados sob a alça das macrocategorias trabalho e tecnologia. Outrossim, em sua quase totalidade, o dicionário oferece ao leitor um material com extrema coesão, podendo-se mesmo perceber uma enorme uniformidade nos argumentos e também nas avaliações feitas pelos autores acerca dos efeitos identificados nos processos tratados por cada verbete. Ponto que pesa a favor do dicionário. Em outros termos, prevalece o argumento segundo o qual da conjugação entre (novos) processos de trabalho e formas inovadoras de tecnologia decorre, o mais das vezes, a precarização que de alguma forma atinge os indivíduos em seu espaço profissional com reflexos sentidos nas demais esferas do seu cotidiano, notadamente na familiar.A constatação acima apontada, afinal, condiz com a argumentação (trivial, é verdade, mas fundamental) segundo a qual a precarização foi o efeito negativo mais percebido e discutido pelas análises que margearam o panorama que envolveu as modificações no mundo do trabalho, sobretudo, no último quarto do século XX, potencializadas por avanços produtivos e organizacionais configurados, dentre outras formas, pela constituição de clusters e distritos industriais espalhados por Europa, Estados Unidos e, finalmente, Brasil. Isso porque, historicamente, a implantação (e manipulação) de práticas inovadoras de organização da produção industrial tem sido associada à intensificação do controle, da vigilância e da exploração do trabalho, sucedidos estes pelo enfraquecimento da ação sindical, fenômeno por sua vez acompanhado da sistemática ameaça aos direitos e às conquistas dos trabalhadores, preocupações frequentemente presentes nesse debate.Inovações emblemáticas, como a introdução por Henry Ford da linha de montagem movida a volante magnético, em sua fábrica de Highland Park, Michigan, nos Estados Unidos, em 1913 -entendida como um avanço sem precedentes na indústria automobilística, a despeito de ter se apropriado de princípios mecânicos já conhecidos -tornaram-se emblemáticas pelo que passaram a significar em termos de ordenamento social, organização e controle das forças sociais do trabalho pelo empreendimento capitalista em expansão (Beynon, 1995). Nessa época, origina-se o conjunto de processos reunidos sob o nome de fordismo, praticamente consensuais nas práticas empresariais subsequentes, até a sua crise, nos anos 1970. O dicionário contempla o fordismo com uma caracterização extremamente fiel ao que de fato veio a representar para a indústria: uma inovação simultânea no chão de fáb...
Este artigo tem como objetivo analisar o Cluster Automotivo Sul Fluminense (CASF), aglomerado industrial inspirado pela experiência da PSA Peugeot Citroën no Cluster de Empresas de Automoción de Galicia (CEAGA), da Espanha. O cluster está localizado no estado do Rio de Janeiro, mais precisamente na Região das Agulhas Negras, um importante polo da indústria automobilística brasileira. Desde os anos 1990, os municípios da região vêm concentrando importantes investimentos da indústria automobilística a partir de cinco montadoras (MAN Latin America, PSA Peugeot Citroën, Renault-Nissan, Hyundai e Jaguar Land Rover) e de fornecedores nacionais e estrangeiros, que geram cerca de 30 mil postos de trabalho a nível regional. O artigo analisa o processo de criação do cluster e os principais resultados desta iniciativa a partir de uma abordagem qualitativa, com entrevistas de integrantes das montadoras. Como resultado, observa-se que, a curto prazo, o cluster pretende assegurar condições de concorrência para as empresas ao incidir sobre assuntos estratégicos, como a educação, energia, transporte e habitação. A médio/longo prazo pretende fortalecer a competitividade da região, promovendo a cooperação, o intercâmbio de conhecimentos, a aprendizagem e a abertura cultural, aumentando os investimentos e fomentando as relações interfirmas e delas com o poder público.
Resumo. O artigo revisa a literatura sobre a cidade industrial de Volta Redonda (RJ) e recupera os principais temas abordados em mais de 20 anos de produção acadêmica. A relação capital-trabalho; a ideologia modernizadora de Getúlio Vargas e as implicações da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT); a construção do espaço urbano; as transformações no sindicalismo brasileiro e a ascensão do "neoliberalismo" compõem, em conjunto com acontecimentos marcantes como a greve que paralisou a cidade em 1988, a privatização da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a desmobilização de um projeto sindical, uma literatura que acompanha tendências e transformações das Ciências Sociais no Brasil. Aliada a esta constatação, abre-se uma possibilidade de que, a partir daquilo já produzido, se possa dar continuidade à agenda de pesquisa e explorar períodos ainda pouco discutidos da cidade, como a fase posterior à privatização da CSN.Palavras-chave: cidade, política, trabalho, sindicalismo, Volta Redonda.Abstract. Th is paper reviews the literature on the industrial city of Volta Redonda (RJ) and recovers the main topics discussed in over twenty years of academic production. Th e capital-labor relationship; the modernization ideology of Getúlio Vargas and the consequences of the Brazilian labor laws; the construction of the urban space; changes in Brazilian unionism; and the rise of "neoliberalism", which, along with events like the strike of 1988, the privatization of Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) and the demobilization of a labor union project, are dealt with by a literature that follows the trends and changes in Brazilian Social Sciences. Th is conclusion, along with what has been produced so far, open up a possibility to continue the research agenda and to explore periods of the city that have been little discussed, such as the aftermath of CSN's privatization.
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