This article studies the traditional midwives living and working in Santana, the second largest city of Amapá state, Brazil. We present and discuss the midwives' worldviews, highlighting how the obligations associated with non-compulsory debts in the cycles of giving, receiving and returning are not limited to the relationship between the patient's family and the midwife. According to local conceptions, the most important relations of obligation associated with the dom for the craft are those established between humans and God. The counter-gift is accomplished through patient care, but as a form of obligation towards God. Assisting the women who seek out the help of the midwives is thus understood as the adequate means of settling the debt with the divine entity.Key words: Traditional midwives; gift; reciprocity.O dom para o ofício e a dádiva de deus: explorações etnográficas entre as parteiras tradicionais de Santana ResumoEste artigo trata das parteiras tradicionais que vivem e atuam em Santana, segundo maior município amapaense. Apresentam-se e problematizam-se as concepções de mundo das parteiras, destacando que as obrigações relacionadas aos endividamentos não compulsórios no dar-receber-retribuir não se restringem à relação entre família da parturiente e a parteira. Na concepção local, as relações relevantes de obrigação concatenadas ao dom para o ofício se estabelecem entre humanos e Deus. Grosso modo, a contradádiva é efetivada no atendimento às gestantes, mas como uma espécie de obrigação diante de Deus. Logo, o atendimento às mulheres que procuram as parteiras é entendido como o meio adequado de saldar a dívida adquirida com o ser divino.
Resumo Este artigo trata das visões de mundo e práticas das parteiras tradicionais que moram em Santana (AP, Brasil). Tendo como base pesquisa de campo de caráter etnográfico e entrevistas semiestruturadas, apresentamos o entendimento dessas mulheres acerca do seu ofício, destacando a centralidade desempenhada pelas noções nativas de dom e de divino nesse universo. Também apresentamos e interpretamos a dimensão simbólica das relações estabelecidas entre essas mulheres, as parturientes e a entidade nomeada por elas como Deus. Neste contexto, observamos que as obrigações relacionadas aos endividamentos não compulsórios no dar-receber-retribuir, apontado na maioria dos estudos sobre parteiras, não se restringem à relação entre família da parturiente e parteira. Na concepção local, as relações relevantes de obrigação concatenadas ao dom para o ofício se estabelecem entre humanos e Deus. Grosso modo, a contradádiva é efetivada no atendimento às gestantes, mas como uma espécie de obrigação diante de Deus. Assim, o atendimento às mulheres que procuram as parteiras é entendido como o meio adequado de saldar a dívida adquirida com o ser divino.
<p>Esse artigo trata sobre o aprendizado do partejar tradicional por Parteiras Tradicionais do Município de Santana, no Estado do Amapá. O<span style="font-family: Times new roman, serif;"><span style="font-size: small;"><span style="letter-spacing: -0.1pt;"> objetivo é</span></span></span><span style="font-family: Times new roman, serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-BR">descrever como ocorre o processo de aprendizagem das técnicas utilizadas nos atendimentos prestados por parteiras tradicionais de Santana às mulheres gestantes. </span></span></span><span style="font-family: Times new roman, serif;"><span style="font-size: small;">A pesquisa ocorreu no período de 2016 a 2018, sendo que a</span></span><span style="font-family: Times new roman, serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-BR"> primeira fase tratou do levantamento bibliográfico acerca da temática e das teorias antropológicas que serviram de base para o estudo </span></span></span><span style="font-family: Times new roman, serif;"><span style="font-size: small;">e a</span></span><span style="font-family: Times new roman, serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-BR"> etapa subsequente consistiu no trabalho de campo de caráter etnográfico.</span></span></span><span style="font-family: Times new roman, serif;"><span style="font-size: small;"> Por meio</span></span><span style="font-family: Times new roman, serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-BR"> da observação participante acompanhei seus atendimentos e dediquei atenção às falas e comportamentos das minhas interlocutoras, observando atentamente seu cotidiano e tomando nota sobre suas memórias e técnicas do partejar</span></span></span><span style="font-family: Times new roman, serif;"><span style="font-size: small;">. D</span></span><span style="font-family: Times new roman, serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-BR">emonstro que o processo de compreensão, assimilação e desenvolvimento dos conhecimentos tradicionais do partejar podem ser pensados por meio da educação da atenção proposta por Ingold.</span></span></span></p>
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