Keywords
IntroduçãoA terapêutica comportamental do transtorno obsessivocompulsivo (TOC) oferece, ao portador e a seus familiares, uma proposta eficaz, experimentalmente embasada, de atendimento individual ou em grupo. Entretanto, a replicação dos resultados referidos pela literatura depende de condições que serão discutidas ao longo do presente artigo.
1-14Relação terapêutica e avaliação comportamental: bases do tratamento Geralmente, nas primeiras sessões, procede-se: • à avaliação do paciente em relação ao TOC e a seu funcionamento global, identificando-se: queixa inicial; explicação e crítica a respeito de seu problema; contextos que favorecem o surgimento ou a atenuação dos sintomas; formas utilizadas para superação do TOC ou outras adversidades ao longo da história de vida; estressores psicossociais atuais ou passados; expectativas do cliente acerca do tratamento; sua história de busca de atendimento por essa queixa ou similares; seu repertório geral (social, acadêmico, profissional, verbal ou em qualquer outro nível); fontes disponíveis de gratificação (em termos mais rigorosos, os prováveis reforçadores naturais disponíveis ao paciente); etc.; • ao treino do paciente para estabelecer relações entre suas queixas, características do TOC e possíveis prejuízos, objetivos e subjetivos, decorrentes do livre curso do quadro obsessivo-compulsivo. Esse aspecto é especialmente importante para facilitar a adesão ao tratamento; • à caracterização cuidadosa do TOC e de suas eventuais comorbidades, por meio de entrevistas, observação (em consultório ou fora dele) e eventual aplicação de escalas. clínico (eventos públicos, como situações sociais, ou privados, como um estado corporal, são igualmente capazes de favorecer a ocorrência dos sintomas); analisar as conseqüên-cias de curto, médio e longo prazos (para o portador e para aqueles com quem convive) do comportamento obsessivocompulsivo; • ao estabelecimento de um relacionamento terapêutico só-lido. Descobrir-se portador de um transtorno psiquiátrico implica um maior risco de esquiva do tratamento, com ou sem o aval familiar. Rejeitar o diagnóstico ou buscar tratamentos "naturais", "alternativos" e lamentavelmente ineficazes (que, entretanto, parecem menos aversivos ou radicais) é reação compatível com a desinformação e o preconceito ainda vigentes no país. O bom relacionamento terapêutico serviria, ao paciente, de contraponto ao controle aversivo, propiciando seu engajamento na terapia. Recomenda-se instilar esperança (com dados baseados em evidências), sem promessas de remissão instantânea e completa dos sintomas. Recebem especial atenção os pacientes com tentativas de tratamento malsucedidas, seja por baixa adesão, má resposta aos fármacos, ocorrência de efeitos colaterais intensos e duradouros ou também pela presença de comorbidades psiquiátricas não-tratadas. Coagidos por familiares ou premidos pelo sofrimento, buscam auxílio "somente mais uma vez", podendo desistir a qualquer momento e perpetuando os prejuízos. Por fim, pacientes com pouca crítica de su...