ResumoEsta pesquisa descreve uma experiência de intervenção envolvendo estudantes com histórico de fracasso escolar, desenvolvida em um serviço-escola, no curso de Psicologia. O projeto surgiu como extensão universitária, tendo como principais objetivos: 1-compreender o processo de produção do saber de crianças/estudantes encaminhados com queixa escolar; 2-propiciar às crianças/estudantes a possibilidade de dialogar sobre suas necessidades; 3-realizar encontros e orientações com os cuidadores/familiares, no intuito de estabelecer a parceria necessária no atendimento realizado; e 4-refletir com os profissionais da educação as diferentes possibilidades de olhar e pensar a prática junto a crianças/ estudantes com dificuldades na escolarização. O trabalho foi estruturado nas três modalidades de atendimento: o atendimento de grupo ao estudante, a escola de pais/cuidadores e o grupo InterAção -realizado com os professores dos estudantes. Conclui-se que a perspectiva teórica e metodológica utilizada promove práticas psicológicas capazes de superar o entendimento dos problemas de escolarização, indo além da lógica patologizante.Palavras-chave: fracasso escolar; atuação do psicólogo; psicologia escolar. The center for studies and service for school complaints: reflections on practice AbstractIn this work we describe an investigation conducted by an extension program of the Psychology Course with students who have a history of school difficulties. The project objectives include: to understand the knowledge production process of children-students who have received formal complaints in school; provide the children an opportunity to talk about their needs; organize encounters and orientations with their guardians and family members, to establish the partnership required by the guidance offered; reflect with educational professionals in the schools about different possibilities for seeing and considering the practice in conjunction with the child with difficulties in the schooling process. The work has three modalities: group attendance for students; monthly meetings with parents; and an InterAction group -which includes students and teachers. We argue that the theoretical and methodological perspective promotes psychological practices that go beyond understanding school problems based on a pathological view of students.Keywords: academic failure; Psychologist performance; School Psychology. Proposiciones metodológicas en la intervención con estudiantes con queja escolar ResumenEsta investigación describe una experiencia de intervención abarcando estudiantes con histórico de fracaso escolar, desarrollada en un servicioescuela, en el curso de Psicología. El proyecto surgió como extensión universitaria, teniendo como principales objetivos: 1-comprender el proceso de producción del saber de niños/estudiantes encaminados con queja escolar; 2-propiciar a los niños /estudiantes la posibilidad de dialogar sobre sus necesidades; 3-realizar encuentros y orientaciones con los cuidadores/familiares, en el intuito de establecer la asocia...
RESUMO -As Singularidades das Crianças Pequenas Expressas nas suas Brincadeiras.Ao contextualizar no sistema educacional a homogeneização das vivências de seus sujeitos, que desvaloriza suas particularidades, este artigo problematiza as manifestações das singularidades das crianças pequenas em momentos de brincadeira. Objetivou-se compreender como tais manifestações ocorrem, considerando a singularidade das crianças pequenas em suas brincadeiras, compreendendo a diversidade do seu repertório cultural, identificando seus aspectos particulares e suas significações nesses momentos. Realizaram-se observações participantes com um grupo de dezenove crianças com quatro anos de idade, durante oito encontros. Os registros de diário de campo permitiram a análise das vivências das crianças, assim como a manifestação de diversos elementos singulares durante as brincadeiras, as quais são intimamente associadas ao contexto social em que os sujeitos estão inseridos. Palavras-chave: Singularidade. Crianças Pequenas. Brincadeiras. ABSTRACT -The Singularities of Young Children Manifested in their Play Time.By contextualizing the homogenization of the subject's experiences in the educational system, which devalues their particularities, this article examines the manifestations of the peculiarities of small children during play time. The aim of the study is to how such manifestations happen, considering the diversity of their cultural repertoire, identifying their particular aspects and their meanings in these moments. Participant observations were held with a group of nineteen children aged four years old during eight meetings. The field diary records allowed the analysis of the children's experiences, as well as the expression of several singular elements during the games, which are closely tied to the social context in which individuals are embedded.
Esse artigo objetiva descrever as práticas da justiça criminal construídas a partir da Lei 11.340/2006, Lei Maria da Penha, por juízes e juízas encarregados/as da aplicação deste dispositivo legal em uma Vara Criminal e Juizado de Violência contra a Mulher, em Santa Catarina. Trata-se de um estudo de inspiração etnográfica, que utilizou como fonte de pesquisa entrevistas com operadoras/os do direito e diários de campo, construídos a partir de observação de audiências e análise documental de processos penais. A pesquisa mostrou que as práticas rotineiras das/os operadoras/es do direito, no tratamento jurídico de casos tipificados como de "violência doméstica e familiar contra a mulher", estavam orientadas pelos "estilos" pessoais de cada magistrado/a ao conduzir as audiências de ratificação, caracterizando formas de comunicação e interação de acordo com valores morais, marcados por diferentes concepções de gênero, família e justiça. A observação das práticas de equacionamento e julgamento evidenciou que os modos de produção de justiça estavam aliados à dimensão moral, de certa forma velada nos discursos dos/as operadores/as do direito, ao fazerem uso dos códigos legais. As posições políticas dessas/es profissionais, acerca do processo de criminalização da "violência doméstica e familiar contra a mulher", resultaram, muitas vezes, em práticas contrárias às expectativas dos movimentos feministas com a criação da Lei Maria da Penha, mostrando a importância do debate sobre a judicialização das relações sociais no campo dos estudos de gênero
A entrevista que aqui apresentamos foi realizada com a professora Rosa Ferrer Braut, membro do Conselho de Administração da Associação de Professores Rosa Sensat, do Conselho de Redação da revista “Infância Catalunha” e da equipe de redação e coordenação da revista “Infância Latino-americana”. Especialista em educação infantil, atuou em instituições públicas como professora de meninos e meninas de 0 a 6 anos, formadora de famílias e de profissionais da área da educação. A entrevista focaliza a trajetória da Associação de Professores Rosa Sensat e seu compromisso com uma escola democrática, voltada à construção de práticas pedagógicas e políticas de formação de professores(as) sustentados(as) na defesa e garantia dos direitos das crianças.
Os meandros que compõe essa pesquisa: aspectos teórico-metodológicos A infância, assim como os demais períodos da vida, é uma eta pa em que ocorre um expressivo processo de trocas sociais e culturais, o qual lhe configura uma significância na existência humana. Tanto a perspectiva desenvolvimentista quanto essencialista marcaram a história das crianças, como discutem Ariès (1981), Pilotti e Rizzini (1995), Marcílio (1998), Freitas (1997), Mendez (1998), Kohan (2003), entre outros autores. Estas perspectivas revelam como os lugares, as marcas, as concepções da infância, são construtos dos adultos e podem ser pensadas como memórias cult urais aprendidas. Nas literaturas acima citadas encontram-se as diferenciações entre as categorias sociais de criança e infância. Para esses autores são dimensões indissociáveis e uma só pode ser problematizada na interlocução com a outra, pois são concepç ões não constituídas de forma homogênea e universal. As reflexões de Kohan (2003) ajudam na compreensão das concepções da infância que estão presentes no cotidiano. Ele retoma a origem etimológica da palavra infância, infantia, que no latim designa a ausên cia da fala. Ariès (1981) confirma essa concepção ao falar sobre os chamados enfant, relacionados à ideia de não-falante já que nessa fase a pessoa não pode falar bem e nem formar palavras completas, afinal, não tem seus dentes bem ordenados e firmes. Maiad (1999) destaca ainda que o período de desenvolvimento intelectual da criança era denominado meninice, cujo significado relacionava-se às próprias ações do menino, ou ainda, à falta de juízo quando comparado ao adulto. Essa ideia aponta que a
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