Resumo A partir de uma concepção da adolescência construída por fatores intrapsíquicos e socioculturais, este estudo objetivou compreender as expectativas de futuro de adolescentes e familiares no contexto da medida socioeducativa de internação. Para isso, realizou-se uma pesquisa qualitativa, por meio do delineamento de Estudo de Casos Múltiplos, com dez participantes (cinco adolescentes e cinco respectivos familiares) vinculados a uma instituição de cumprimento da medida socioeducativa de internação. Os dados foram coletados em entrevistas semiestruturadas e nos prontuários dos adolescentes na instituição, que foram analisados por meio da síntese de casos cruzados. Os adolescentes mencionaram o desejo de não mais se envolverem com transgressões no futuro, a centralidade que pretendem que o trabalho assuma em suas trajetórias e o anseio por relações familiares mais próximas e afetivas. Já os familiares, que foram, em sua totalidade, as mães dos adolescentes, pretendiam ser mais participativos e ter mais diálogos com os filhos, bem como manifestaram o desejo de que eles se envolvam com o trabalho. Também enunciaram, em seus relatos, incertezas de que os filhos pudessem voltar a se envolver em transgressões. Além disso, os participantes mencionaram a necessidade de saída de seus territórios para não colocar em risco suas próprias vidas. Assim, denota-se a importância de possibilitar reflexões e ressignificações que acompanhem o fim do período da internação, além das iniciativas nas políticas públicas que contemplem o pertencimento e as questões territoriais referentes ao futuro de adolescentes egressos do contexto socioeducativo.
Considerando a importância do ambiente escolar na trajetória de vida de adolescentes e a relevância atual da temática do cumprimento de medidas socioeducativas no país, o presente estudo buscou compreender a experiência escolar anterior de seis jovens que se encontravam cumprindo a medida socioeducativa de semiliberdade. A pesquisa foi desenvolvida em uma unidade de execução dessa medida, por meio de entrevistas semiestruturadas, realizadas com adolescentes do sexo masculino. Foi possível constatar que, nos contextos de vulnerabilidade que permeiam as trajetórias de vida dos adolescentes entrevistados, a experiência escolar mostrou-se empobrecida, atravessada por situações de evasão, defasagem escolar e infrequência, assim como por baixa participação e incentivo familiar. Os adolescentes referem pouco envolvimento de seus pais e/ou familiares no contexto escolar, revelando, muitas vezes, dificuldades nesse aspecto. Com isso, compreende-se ser primordial que a escola, por meio de relações empáticas, possibilite a construção de novos referenciais aos adolescentes que apresentem pouca vinculação e investimento escolar, sobretudo quando em cumprimento de medida socioeducativa, visto que esta pode disparar preconceitos e estereótipos que precisam ser superados.
Considerando os contextos de invisibilidade a que muitas famílias estão expostas, este estudo procurou problematizar algumas especificidades do público atendido por uma instituição de cumprimento da medida socioeducativa de internação no Rio Grande do Sul. Para atingir o objetivo de uma pesquisa qualitativa, foram realizadas dez entrevistas semiestruturadas, sendo estas, com cinco adolescentes e cinco respectivos familiares desses adolescentes. Também foram acessados os prontuários dos adolescentes na instituição, complementando os dados através de uma fonte documental. A análise dos resultados obtidos enuncia semelhanças nas experiências das famílias como: residência na periferia; profissões que colocam em uma posição de baixa renda; famílias com número de filhos superior ao da taxa de fecundidade; baixa escolaridade; e maternidade na adolescência. Diante disso, compreende-se que tais famílias convivem com sofrimentos e vulnerabilidades, mas que, sobretudo, deve-se buscar superar os obstáculos através do fortalecimento dos laços que os unem. Palavras-chave: Famílias; Invisibilidade Social; Exclusão social; Ato infracional; Medida socioeducativa.
This study seeks to understand the meanings attributed by young people in contexts of social vulnerability to their life paths. The research has a qualitative character and was carried out with five young people who, in 2012, had participated in a documentary that addressed the life experiences of adolescents at an Open School. From the report of the participants and the longitudinal character of this study, it was found that the experiences of entering the adult world marked by situations of violence, risks, exclusionary contexts and vulnerabilities hinder the implementation of their projects and bring particularities to the experience of this period of transitions. As final considerations, the importance of investments in actions that can overcome the crossings of vulnerabilities is highlighted, as a way to avoid possible stigmas that are part of certain contexts. The relevance of the longitudinal character of this research is emphasized, since, by having listened to the young people at two different moments, the possibilities of understanding their life paths were expanded.
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