RESUMO O artigo persegue dois objetivos inter-relacionados: 1) contribuir para a interpretação dos enunciados de Maquiavel sobre o papel da desigualdade na corrupção das repúblicas; 2) mostrar que os resultados desse esforço interpretativo contêm lições potencialmente úteis para o redirecionamento e a progressão do programa de pesquisas do republicanismo contemporâneo. Parte-se da hipótese de que os principais expoentes do neorrepublicanismo, em suas leituras de Maquiavel, tendem a subestimar a importância da dimensão socioeconômica da igualdade que embasa a boa ordem republicana. A consequência dessa elisão da dimensão material da igualdade é uma conceituação limitada do tipo de desigualdade que, segundo o pensador florentino, fomenta a corrupção das repúblicas. O argumento desenvolve-se por meio de reconstrução e análise da visão de Maquiavel sobre o papel da desigualdade material na corrupção da república romana, exposta nos Discorsi, e de sua cidade natal, registrada em História de Florença.
O objetivo deste artigo é apresentar alguns dos principais modelos de interpretação histórica da tradição republicana. Partindo de um conceito heurístico de tradição que busca compreender como as ideias se transmitem e se modificam de geração para geração, focamos nossa análise em três critérios distintos utilizados para interpretar o republicanismo: 1) o critério histórico-genético, centrado principalmente nas origens da tradição e nos valores decorrentes desse caráter fundacional; 2) o nacional, que busca enfatizar os dilemas e os contextos distintos do republicanismo em cada nação; 3) e o socioconflitual, cujo foco se concentra na dimensão sociológica da tradição, dividindo o republicanismo em dois eixos principais, o aristocrático e o democrático.
Resumo: O artigo tem como objetivo avaliar o debate neorrepublicano sobre política de renda básica, enfocando a dimensão normativa das disputas sobre a adequação dessa política a uma economia política destinada a garantir as bases materiais da liberdade como não dominação. Após tratar da conexão entre liberdade e propriedade na tradição republicana e de expor os argumentos dos teóricos neorrepublicanos a favor da renda básica, apresento as principais objeções formuladas por partidários de vertentes mais radicais do republicanismo. Tais objeções baseiam-se nos supostos déficits de reciprocidade e de ação coletiva decorrentes da opção da renda básica pela “saída”, em detrimento da “voz”, em estratégias contenção da dominação. Sem deixar de reconhecer a pertinência dos questionamentos dos críticos, concluo que os possíveis impactos negativos em termos de reciprocidade e ação coletiva não são suficientes para excluir a renda básica da economia política do neorrepublicanismo, uma vez que não há incompatibilidade necessária entre saída e voz na configuração das estratégias contra a dominação. Ao contrário, como regra geral, a ameaça credível de saída funciona como um meio eficiente de aumentar a voz.
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