Este artigo objetiva mostrar diferentes formas de expressar pluracionalidade na língua brasileira de sinais (libras). Mais precisamente, ele foca em três recursos formais – a duplicação de mãos, a repetição simples de movimento e a repetição de movimento alternado – e seu uso na expressão de plural de argumentos, plural de eventos e intensidade na libras. Uma parte dos dados aqui discutidos provém da reanálise interpretativa, por um sinalizante surdo e nativo de libras, dos sinais analisados por AUTOR (2016). A outra parte provém da eliciação, do mesmo sinalizante, desses sinais, levando em conta não apenas o número de mãos, mas também a possibilidade de o realizar repetidamente em sequência e, no caso da forma bimanual, através de movimento alternado. Além disso, eliciou-se também a interpretação de cada uma dessas formas. Do ponto de vista morfofonológico, nossos resultados mostram que nem todas as formas são possíveis para todos os sinais eliciados. Já da perspectiva semântica, eles reforçam que todas as leituras aqui eliciadas podem ser capturadas pela noção de pluracionalidade e formalmente analisadas como uma operação básica de plural.
Com base em uma experiência de pesquisa realizada na Universidade de Barcelona, Espanha optamos por criar também no Brasil um instrumento que contribuísse com as práticas pedagógicas apoiando o professor no que concerne às avaliações da compreensão de seus alunos surdos em Libras. Com este objetivo, foi elaborado um vídeo com a enunciação, em Libras, de uma fábula, e um elenco de 15 perguntas relativas à esta, resultando em duas versões do instrumento, as quais foram aplicadas em caráter experimental para 16 alunos surdos do Ensino Fundamental. Resultados preliminares são apresentados indicando a necessidade de ajustes a serem realizados no instrumento visando seu aperfeiçoamento e posterior validação.
Este artigo apresenta o processo de elaboração, tradução e validação de um questionário bilíngue para avaliação da usabilidade das janelas de Libras por surdos no contexto brasileiro. O questionário foi elaborado e traduzido em equipe, considerando aspectos tradutórios e técnicos de edição audiovisual, e adotou, como base teórico-metodológica, concepções advindas da perspectiva bakhtiniana e suas contribuições para o estudo da verbo-visualidade e da tradução e interpretação intermodal. Após elaborado, o questionário foi submetido à validação de surdos falantes de Libras, e a versão final teve circulação nacional nas redes sociais, e-mails e grupos virtuais com ampla participação de surdos.
Este artigo tem por objetivo refletir sobre o processo tradutório de textos poéticos da Língua Portuguesa (LP) para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Nas comunidades surdas brasileiras, tanto os textos poéticos clássicos quanto os literários ainda não possuem ampla circulação, limitando o acesso dos surdos às produções culturais universais. A tradução de textos artísticos, especialmente poéticos, nesse sentido, configura desafios do ponto de vista linguístico e discursivo pelas especificidades materiais das línguas envolvidas no processo tradutório (uma de modalidade oral/auditiva/escrita e outra de modalidade visual/gestual/espacial) e pelas características de textos produzidos a partir destes gêneros. Com base na teoria da transcriação construída por Haroldo de Campos, analisa-se o processo tradutório da poesia “Deficiência”, de Alexandre Filordi de Carvalho, escrita em LP, para a Libras, com gravação e circulação em evento científico. Trata-se de uma poesia contemporânea cuja relação centra-se na reflexão entre deficiência/eficiência presentes na condição humana.
Apesar da existência de alguns estudos que descrevem e analisam os recursos fonéticos e morfofonológicos empregados na expressão de intensidade em libras (XAVIER, 2014, 2017; SANTOS; XAVIER, 2019a, 2019b), até o presente a dimensão semântica desse processo não foi explorada formalmente por nenhum trabalho. Objetivando dar um primeiro passo nessa direção, este estudo, com base em dados coletados de um sinalizante surdo nativo de libras, propõe, no âmbito da Semântica Formal, uma análise de 11 predicados verbais dessa língua. Dentre as diferentes formas coletadas desses predicados, focalizamos as produzidas com duas mãos, com movimento simultâneo e sem repetição, por serem interpretáveis como intensas. Precisamente, segundo o mesmo sinalizante surdo nativo, essas formas expressam noções de ênfase, esforço, confirmação e completude. Neste trabalho, apresentamos um tratamento formal unificado para todas essas noções, por meio de uma proposta que leva em conta uma função de mudança de tipos que fornece aos verbos uma variável de grau e uma variável escalar associada a diferentes aspectos de intensidade, como fizeram Caudal e Nicolas (2005) e Sanchez-Mendes (2014).
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