A lei brasileira proíbe interações homem x fauna sem autorização formal, exceto o abate para saciar a fome de pessoa necessitada. Criminalizam--se, assim, diversas práticas tradicionais (caça, captura, consumo, comércio e criação de animais silvestres), ligadas a estilos de vida e sociabilidades divergentes do padrão estabelecido. Reconhecendo imprecisões na delimitação das categorias jurídicas "legal" e "ilegal", o artigo critica sua absorção pelo discurso científico e propõe substituí--las por categorias remetidas à racionalidade do agente que interage com a fauna: próxima ou distante, em sucessivos graus, da lógica de mercado. Ao revelar a diversidade de situações até então indistintamente rotuladas como crimes ambientais, tais categorias dariam visibilidade a grupos sociais marginalizados, viabilizando sua valorização como atores legítimos na interlocução com a pesquisa científica e com programas de manejo participativo do ambiente.PALAVRAS--CHAVE: desenvolvimento sustentável, legislação ambiental, patrimônio cultural, povos tradicionais, sociobiodiversidade. HUNTING, CAPTURE AND USAGE OF WILD FAUNA IN BRAZIL AS ENVIRONMENTAL CRIMES AND SCIENTIFIC TABOO: REFLECTION ON THEORETICAL CATEGORIES ABSTRACTBrazilian law prohibits any formally unauthorized human x fauna interaction, except the slaughter of wild animals to satisfy the hunger of the poor. A set of traditional activities (hunting, capture, alimentary consumption, sale and possession of wild animals), underlying specific modes of sociability and lifestyles that diverge from the established rules, is, thereby, criminalized. Recognizing the impreciseness of the juridical categories "legal" and "illegal", the paper criticizes their absorption by the scientific discourse, and proposes to replace them by categories based on the rationality of the agent interacting with the fauna: close or far, in successive degrees, from the market logic. By revealing the diversity of situations so far indistinctly seen as crimes against nature, such categories give prominence to marginalized groups, promoting their recognition as legitimate actors in the interlocution with scientific research and with participatory environmental management programs.
Dentre os estabelecimentos aptos a manter animais silvestres em cativeiro, o ordenamento jurídico brasileiro não prevê a categoria hospital. Partindo dessa constatação, o presente artigo recorre à pesquisa de campo em um hospital universitário veterinário (HUV) especializado no atendimento a animais silvestres, com o objetivo de identificar características distintivas deste tipo de instituição em face das categorias legalmente previstas. Pauta-se por pesquisa qualitativa, empregando os métodos de observação participante e entrevistas semiestruturadas. Ao desvelar as especificidades da citada categoria e indicar as utopias que animam sua concretização no mundo social, o trabalho conclui que a negação de seu reconhecimento pelas autoridades ambientais reflete a valorização de contrastantes significados atribuídos à noção de proteção à fauna. Conclui, também, que tal lacuna afeta o modo como os estagiários e médicos veterinários residentes do HUV constroem suas percepções quanto aos objetivos que devem perseguir, traindo as utopias fundantes de seu projeto e dificultando a efetividade da ação conservacionista.
RESUMOO artigo analisa os processos de socialização dos filhos e netos de um casal de pequenos criadores de gado leiteiro da zona urbana do Município de Castanhal (Pará, Brasil). Enfocam-se, especificamente, os aspectos da socialização referidos à esfera produtiva, expressos nas sucessivas fases de engajamento dos membros das novas gerações ao trabalho. Como método de pesquisa, empregou-se o estudo de caso, amparado pelas técnicas de entrevistas semiestruturadas e observação direta. Os resultados indicam que o engajamento dos filhos na produção leiteira ocasionou seu distanciamento do processo de escolarização, limitando, posteriormente, suas condições de conversão a outras alternativas profissionais. Tal padrão se reverte na educação dos netos, que privilegia o ensino formal, em detrimento das formas anteriormente valorizadas de inserção no mundo do trabalho familiar. Devido à progressiva urbanização do município, conclui-se que as distintas configurações assumidas pela socialização infantil no grupo social enfocado refletem uma reorientação de projetos de vida, diante do reconhecimento das limitações impostas pela nova lógica predominante de ocupação do espaço urbano.Palavras-chave: infância camponesa, pecuária familiar, pecuária urbana, vulnerabilidade social.
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