RESUMOApresenta-se, neste ensaio, uma revisão bibliográfica da produção sobre os legados de megaeventos esportivos, especificamente sobre a UEFA Eurocopa. Para levantamento da literatura, utilizaram-se as seguintes palavraschave: legados; legados esportivos; megaeventos; impactos de megaeventos; megaeventos esportivos; UEFA Euro; Eurocopa; e seus correspondentes no singular na língua espanhola e inglesa, por conveniência. As bases de dados foram: Annals; BVS; DOAJ; EBSCO; REDALYC; Periódicos CAPES; PubMed; Scielo; Scopus; Science Direct; e ScholarGoogle. Os resultados foram analisados em categorias. Verificou-se, entre outros fatores, que, no que se refere à Eurocopa, os legados correspondentes ao turismo, os impactos econômicos e o aspecto social vêm sendo discutidos com maior frequência, assim como as projeções e os prognósticos dos eventos que ocorreram posteriormente nas respectivas cidades-sede; verificou-se ainda que, em grande parte dos artigos, há a ausência de discussão sobre os impactos negativos de tais megaeventos. Recomenda-se a utilização de métodos padronizados, com comparações dos resultados e realização de estudos longitudinais, para melhor compreensão dos impactos e utilização dos legados.
O uso dos territórios pelas grandes empresas e organizações esportivas internacionais tende atualmente a ocorrer de acordo com seus interesses e demandas que são cada vez mais influenciadas pelo capital internacional. Deste modo, a utilização de espaços selecionados do território nacional fica submetido a uma dinâmica que, por intermédio de instituições e empresas internacionais e com a tutela do Estado e dos governos locais, acaba se subordinando a uma lógica global. Este artigo tem como campo de estudo o fenômeno dos megaeventos esportivos como instrumentos de transformações socio-territoriais, problematizando de que forma as grandes organizações esportivas internacionais como a FIFA e o COI, junto com seus parceiros comerciais e o Estado, utilizam e planejam o espaço geográfico brasileiro para fins de realização dos megaeventos esportivos. Ao longo do estudo abordam-se questões relativas ao uso corporativo hierárquico do território pelos grandes grupos e organizações esportivas e os efeitos derivantes, com particular ênfase nos recentes megaeventos esportivos no Brasil: Copa do Mundo de Futebol de 2014 e Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016. Finalmente aborda-se o caso de estudo da Vila Autódromo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, como exemplo de significativa transformação do espaço pelos megaeventos esportivos.
No passado recente, isto é, final do século XX e início do século XXI, a cidade do Rio de Janeiro foi alvo de fortes investimentos marcados por interesses econômicos e políticos que se conectaram com os megaeventos desportivos aí realizados. Os grandes eventos foram somente catalisadores, não foram eles os promotores em si mesmos das mudanças que ocorreram na cidade carioca, mas constituíram um momento de catalisação destas mudanças. Estes grandes acontecimentos contribuem para a construção de consensos, não obstante os conflitos gerados, em torno de certas transformações que são de interesse de alguns agentes econômicos e políticos. Portanto podemos interpretar os megaeventos, no caso do Rio de Janeiro, como um processo de transformações socio-espaciais que caminharam na direção de promover reformas para o mercado, e que se engendraram no sentido de subordinar e abrir fronteiras de acumulação de capital em determinadas áreas da cidade, como por exemplo, na Barra da Tijuca, na Zona Portuária e na Zona Sul.
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