Resumo O artigo caracteriza os regimes de política social na América Latina durante a década de 2000, um contexto que vem sendo designado por uma penetração menos acentuada de políticas neoliberais. Usamos o método de Análise de Componentes Principais (ACP) para analisar dados sobre o papel do Estado, do mercado e das famílias na proteção contra riscos sociais, recolhidos em fontes como CEPAL, FMI, Banco Mundial, OMS, entre outras. Comparando os dados para as décadas de 1990 e de 2000, identificamos certa estabilização das reformas neoliberais. Comparando ainda os resultados da ACP com a literatura, sobretudo com a literatura que se ocupa das décadas de 1980 e 1990, argumentamos que, mesmo atenuadas, as reformas deixaram o cenário da política social mais complexo na América Latina na década de 2000. Uma primeira dimensão, já amplamente discutida na literatura, foi encontrada na ACP, definida pelo grau em que o Estado inclui a população em suas políticas sociais. Ademais, uma segunda dimensão relevante foi revelada pela análise, captando em que profundidade o mercado se instalou como princípio da política social. Discutimos a hipótese segundo a qual essa dimensão se tornou expressiva após as reformas das décadas de 1980 e 1990. Junto com o argumento de que a literatura precisa ser atualizada com base nesse quadro mais complexo, destacamos a diversidade dos regimes de política social latino-americanos tanto internamente quanto em comparação com outras regiões do mundo.
O artigo aponta lições da teoria do sistema mundo sobre alguns aspectos da crise ensejada pela pandemia de covid-19. Com base em material jornalístico, relatórios de organismos internacionais, dados estatísticos do contexto de 2020 e realizando uma análise bibliográfica da referida constelação teórica, propõem-se três ensinamentos sobre a experiência global de um ano de pandemia. Primeiro, a pandemia deve ser entendida como um fenômeno endógeno à dinâmica do sistema-mundo capitalista. Segundo, a desigualdade global deve ser um quadro de referência indispensável para o exame das diferentes experiências engendradas pela pandemia. Finalmente, a disputa por hegemonia organiza alguns dos principais contenciosos da conjuntura, tais como a rivalidade em torno da adoção de distintas vacinas.
Palavras-chave: teoria do sistema mundo; Covid-19; história; epidemias.
A sociologia econômica foi uma das áreas influenciadas pela teoria do ator-rede (TAR) por meio dos trabalhos de Michel Callon e colegas. Com contribuições inovadoras, essa teoria também despertou perplexidade. Este artigo busca apresentar criticamente a aplicação da TAR nos objetos e no debate da sociologia econômica. Como material, utilizamos vários textos de Callon e da tradição da TAR. Primeiro, são examinados alguns elementos metateóricos da TAR, nomeadamente a adesão à ontologia plana e ao vitalismo. Segundo, para apresentar a contribuição de Callon e colegas, são discutidas três lições derivadas da TAR no debate da sociologia econômica: o caráter induzido e não espontâneo do mercado, a materialidade do enquadramento mercantil e a performatividade da ciência econômica. Finalmente, são fundamentados tanto o potencial de suas ferramentas conceituais e metodológicas quanto a perplexidade de alguns críticos no núcleo teórico da TAR, que a distingue das bases do cânone na sociologia.
This article explores the impact conservative criticism has had on companies’ behaviour in Brazil. We investigate whether Natura and Boticário − the two largest Brazilian cosmetics companies − have maintained or reversed LGBTQ-oriented marketing and advertising when confronted with criticism from conservative groups. We draw on interviews with stakeholders, company investors and LGBTQ activists, in addition to complaints filed with the Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (National Council for Advertising Self-Regulation, CONAR), and companies’ documents on finance and social responsibility. Overall, even when faced with a negative backlash from conservative opinion, companies have persisted in their commitment to diversity issues and LGBTQ inclusion in marketing. However, firms have also employed evasive strategies, such as targeted communication and less controversial forms of retail design, signalling compromises with conservative stakeholders and customers.
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