A definição e descrição das esferas geográficas é uma das principais características dos estudos dos Geossistemas. Pelas leituras clássicas de V. Sotchava e G. Bertrand as esferas geográficas são descritas a partir das propriedades de homogeneização e diferenciação. Contudo, o contexto da Complexidade vem destacando as propriedades organizacionais dos sistemas da natureza, trazendo novas considerações para a reflexão das dualidades. Diferente da hegemonia das forças 'universais' que dava supremacia a homogeneidade geral sobre a diferença local, a relevância agora é também a de se observar os mecanismos endógenos, que, a partir de interações locais são responsáveis pelas emergências de níveis organizacionais, de totalidades, de autonomias. O objetivo deste artigo foi discutir a descrição das esferas geográficas em diálogo com a perspectiva organizacional da Complexidade. A análise foi feita pelo discernimento das proposições de constituição da perspectiva organizacional e dos argumentos geossistêmicos, destacando aspectos ligados aos dualismos de funcionamento e de delimitação das esferas geográficas. Como resultado, as esferas geográficas tornam-se constituídas a partir de relações internas-endógenas, recebendo influências externas, mas realizadas a nível local, pelas relações das diferenciações espaciais locais. As dinâmicas endógenas tornam-se as principais responsáveis pela constituição e manutenção das homogeneidades espaciais. As unidades mínimas de análise podem considerar o humano e cultural como possíveis referencias para a delimitação das esferas geográficas.
RESUMOA construção da relação entre Geografia e Teoria da Complexidade ainda é incipiente em território nacional. Pretende-se dialogar alguns dos entendimentos da Teoria da Complexidade com a reflexão da noção de hierarquia e diálogo entre conhecimentos no Geossistema. Considerou-se o Geossistema como "Sistema Singular Complexo" e utilizou-se os textos clássicos de Sotchava e de Bertrand para os confrontos teóricos. Tal confronto traz importantes repercussões para a teoria e modelo Geossistema. Como resultado, pela Complexidade, o geossistema deixar de ser um fenômeno natural e objetivo, incluindo agora a arbitrariedade do pesquisador e pretensões da pesquisa para a sua delimitação. O humano e o natural não são vistos como antagônicos, mas pertencentes a uma mesma trama de relações complexas que envolvem multidomínios e escalas de manifestação. As escalas e as hierarquias do geossistema deixam de ser objetivas e passam a se referir a ritmos espaçotemporais de interação discernidos pelo pesquisador na multiplicidade dos processos espaciais. Concluiu-se que cada ritmo de interação entre elementos e forças detém sua própria e singular espaçotemporalidade, que varia de acordo com a natureza dos elementos e intensidade das trocas, podendo se referir à relações com espaçotemporalidades nas e pelas diversas escalas. O diálogo entre os conhecimentos vêm para lidar com esta multiplicidade de ritmos presentes e influentes nas e pelas escalas e domínios humanos e naturais. PALAVRAS-CHAVE: Sotchava; Bertrand; Ritmos espaçotemporais; Sistema Singular Complexo. ABSTRACTThe construction of the relationship between geography and Complexity Theory is still incipient in the national territory. The intention is connect the understandings of the Complexity Theory with the reflection of the Hierarchy notion in the conceptual-model Geosystem. The geosystem is considered as "complex singular system" and used the classic texts of Sotchava and Bertrand to the theoretical confrontations. This confrontation has important implications for the theory and geosystem model. As a result, by the Complexity Theory the geosystem is not a natural and objective phenomenon, now including the arbitrariness of the researcher and pretensions of the research for its delimitation. The human and the natural are not seen as antagonistic, but conjugated in the same web of complex relationships, involving multidomain and scales of manifestations. In the discussion about scale, as a result, the hierarchies in the Geosystem are not objective things, but spatiotemporal rhythms of interaction discerned by the researcher in the multiplicity of spatial processes. To was concluded, each rhytms of interaction between elements and forces has its own singular spacetemporality, which varies according to the nature of elements and nature of the exchange and intensity of the relationships in the different scales. The dialogue between the knowledge, methods come to deal with the multiplicity of domains and rhythms in human and natural scales.
RESUMO:A dicotomia sujeito/objeto historicamente se refere tanto a distância ontológica (existencial) entre o Ser humano e a causalidade física da Natureza, como da relação do sujeito conhecedor com o objeto do conhecimento. Devido a esta distância, o conhecimento fragmentou-se em sumariamente Humano e Físic o. Os des afios e p roblemas p ostos atualmente e xigem que os difer entes conhecimentos se articulem, requerendo o esclarecimento das bases teóricas e metodológicas que permitirão isso. Nesta perspectiva, procurou-se demonstrar que, desenvolvimentos como às teorias sistêmicas e aspectos da Físico-Química etc, ligados a visão de uma Natureza "restaurada", embasam uma visão mais flexível da relação sujeito/objeto, elevando a discussão para além dos antagonismos históricos de descrição. A Geografia apresenta-se estrategicamente localizada, com o espaço geográfico se construindo na relação do Homem (sujeito), no devir social, com a Natureza (objeto). A visão sistêmica desta relação trata de aspectos fundamentais da construção do espaço, afirmando tanto a sua unidade de construção como multi-dimensionalidade de descrição. Para a perspectiva ambiental tal visão poderá ajudar a embasar futuros trabalhos práticos complementares entre as perspectivas geográficas humanas e físicas. PALAVRAS-CHAVE:Sujeito/objeto; Teoria sistêmica; Espaço geográfico; Estudos ambientais; Estudos complementares. ABSTRACT:The subject/object dichotomy historically refers both to ontological (existential) distances between human being and Nature physics casualness, and also by the relation between knowing subject and object. In thesis, with these distances, knowledge was fragmented in two mainly categories: Human and Physic. Propose problems and challenges nowadays demands the articulation of the knowledge, which requires the complete understanding of the theoretical and methodological basis. In this point of view, the aim was demonstrates that developments as systemic theories and Physics-Chemical aspects linked to a "restored" Nature point of view, are the basis for a better and flexible understanding of subject/object relation, rising discussions to beyond historical antagonisms of description. Geography is strategically located, with geographic space building itself in the relationship between Man (subject), on social devir with Nature (object). Systemic view of this relation deals the mainly aspects of space construction, firming both construction unity and multidimensional description, which for environmental studies could be useful to base complementary practical researches between human and physical geographies views.
A presente entrevista foi realizada como parte de um projeto de pesquisa de iniciação científica (PIBIC/UFPE/CNPq) sobre o geógrafo pernambucano Manuel Correia de Andrade. A professora entrevistada, Thaís Correia de Lourdes Andrade, é para além de filha de Manuel Correia de Andrade, uma pesquisadora da vida e obra desse geógrafo, tendo linhas de pesquisa focadas nos seguintes temas: Nordeste brasileiro, pensamento geográfico, questão ambiental e questão regional. Essa entrevista, de caráter semiestruturado, foi realizada em formato virtual no dia 15 de julho de 2021. Foram apontamentos sobre a trajetória acadêmica e pessoal de Manuel Correia de Andrade dentro da lógica histórica, política e espacial do seu tempo, bem como os ciclos intelectuais nos quais esteve inserido e as suas principais influências teóricas. Pode-se notar a partir do que foi discutido que Manuel Correia de Andrade desenvolveu um pensamento geográfico crítico, que, fomentado por acontecimentos pessoais e influências teóricas, problematizou a tradição social, econômica e territorial do Nordeste de forma vanguardista, à frente de debates escritos de sua época.
ResumoAs incertezas científicas referem-se a aspectos fundamentais que compõem o projeto de Sociedade e Ciên-cia Moderna. Em ambas houve forte vínculo com os princípios da racionalidade, universalidade e ordenação. As incertezas, aleatoriedades, singularidades foram tratadas como aparentes e devendo ser universalizadas. A Geografia moderna faz parte deste projeto e buscou universalizar as diferenciações e multiplicidades espaciais. Avanços científicos desde o século XIX e no XX destacaram as incertezas no funcionamento e conhecimento da Natureza. Pretende-se apresentar esse movimento de afirmação das incertezas tendo a Geografia como exemplo e como catalisadora de algumas repercussões. No fenômeno geográfico as incertezas apresentam tanto caráter ontológico (observado no fenômeno em si), quanto epistemológico (como se conhece), sugerindo tanto a incorporação de novos entendimentos e técnicas, quanto uma dialógica entre conhecimentos. Palavras-chave: Geografia; universalidade; aleatoriedade; singularidade espacial. AbstractThe scientific uncertainties refer to fundamental aspects that make up the project of the Modern Society and Modern Science. In both there was a strong bond with the principles of rationality, universality and ordering. Uncertainty, randomness, singularities were treated as apparent and should be universalized. Modern Geography is part of this project and sought to universalize the differentiations and spatial multiplicities. Scientific advances since the nineteenth and twentieth centuries emphasized the uncertainties in functioning and knowledge of the Nature. Intended to present this statement of the uncertainty from a history movement; with geography as example and as catalyst for some repercussions. In geographical phenomenon the uncertainties are seen in the phenomenon itself (ontological) and in the form to know (epistemological). Key words: Geography; universality; randomness; spatial singularity. discussão sobre as incertezas científicas diz respeito a questionamentos de aspectos fundamentais do projeto de Sociedade e Ciência Moderna. Ambas estabeleceram forte vínculo com os princípios da racionalidade, universalidade e ordenação -expresso nos sentidos das regras morais, de leis jurídicas, de leis científicas, de equilíbrio, de ordem e de progressos. As certezas e verdades passaram a ser algo a ser descoberto, tratados como inerentes ao funcionamento e conhecimento do mundo. A Ciência descobriria essas certezas e verdades do mundo pelo procedimento racional e pela descoberta de leis naturais. Tudo o que era considerado singular, aleatório e desordenado nos fenômenos -e neste sentido, tudo o que remetia às incertezasfoi visto como aparente e deveria ser universalizado. Na Sociedade, o Estado, a Constituição e a Moral tanto expressam a influência universalista com base nas leis humanas, quanto podem ser vistos, como lembra Nietzsche (2000), como fundamentando essa necessidade de busca e afir-A
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.