A presença da noção de espiritualidade nos documentos da Organização Mundial da Saúde é tão duradoura quanto pouco explorada, seja pelos estudiosos identificados com o campo da antropologia da saúde, seja pelos pesquisadores das ciências sociais da religião. Este texto é uma tentativa de cobrir parcialmente essa lacuna. Para tanto, recorro a atas, memorandos, transcrições de discursos, resoluções oficiais e relatórios que me permitem acessar como a ideia de espiritualidade foi acionada ao longo do tempo na instituição e, principalmente, como ela foi articulada com outras noções, como as de cultura, religião, direitos e bem-estar. Diante desse material, realizo dois movimentos. Primeiro, explicito algumas das questões que envolvem a análise do tema da “espiritualidade” nas ciências sociais da religião e justifico as razões pelas quais este texto pode contribuir para tal debate. Segundo, detenho-me nos documentos analisados, apresentando-os a partir de dois eixos de variação: a espiritualidade dos Outros e a espiritualidade de todos. Explicitarei como esses dois eixos não somente diferem, mas principalmente se articulam. Encerro o texto delineando um conjunto de consequências empíricas associadas à “oficialização da espiritualidade” na OMS e aponto para direções que novos investimentos analíticos sobre o tema podem seguir.
Few studies have investigated the “multiple religious affiliations” phenomenon. This study aims to understand those with “multiple religious affiliations,” describing its prevalence and investigating if there are differences in mental health and quality of life between this group and those with a single religious affiliation and those with no religious affiliation. A total of 1169 adults were included, and 58% had a single religious affiliation, 27.7% had multiple religious affiliations, and 12.3% had no religious affiliation. Participants with a single religious affiliation presented better mental health and quality of life than those with multiple or no religious affiliations. Although most outcomes were similar between multiple and no religious affiliations, happiness and optimism were higher in the multiple religious group, and anxiety was lower in the no religious group. Health care professionals should be aware of the secondary religious affiliations of their patients to identify possible conflicts and to treat them comprehensively.
Resumo Desde os anos de 1980, amplia-se o reconhecimento da espiritualidade como um tópico pertinente às questões de saúde. Nesse período, pesquisadores das ciências médicas passaram a se dedicar ao tema, a OMS o incluiu em seus documentos, e políticas públicas de saúde fizeram dele uma dimensão permanente do cuidado. Cada uma dessas formulações contribui para legitimar a sentença espiritualidade é saúde. Não estaria esse processo também instituindo novas articulações entre Estado e religião? Neste texto, abordo essa questão a partir da oferta e uso do reiki em um hospital público de Porto Alegre. A partir desse contexto, apresento reflexões sobre o modo pelo qual a ideia de espiritualidade estabelece configurações singulares para a presença da religião no espaço público.
O presente trabalho tem como objeto de estudo a experiência dos ecocaminhantes, um grupo de praticantes de caminhadas ecológicas que, apostando no cultivo de um bem-estar físico, mental e espiritual, realiza caminhadas em meio à natureza. A partir da etnografia da experiência dos caminhantes, procura-se investigar a vivência das trilhas como lugares repletos de forças restauradoras, fluidos energéticos para saúde do corpo e da alma. Com base no esforço teórico de uma proposta que pretende, sobretudo, traduzir a fenomenologia para o campo antropológico e, assim, colapsar dicotomias como mente e corpo, natureza e cultura, sujeito e objeto, busca-se refletir sobre o caráter terapêutico das caminhadas, compreendidas pelos caminhantes não apenas como exercícios físicos, mas também como uma via de acesso às questões relativas à alma.
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