O artigo apresenta um conjunto de reflexões e experiências oriundas da uma pesquisa de Mestrado que buscou implementar práticas pedagógicas interculturais nas aulas de Língua Portuguesa em uma turma de 8º ano do ensino fundamental da rede municipal de Belford Roxo no Rio de Janeiro com o objetivo de provocar nas/nos estudantes questionamentos sobre as dominações de raça e gênero presentes na sociedade e no espaço escolar. Parte-se da premissa de que a escola é uma das instituições formadoras das identidades sociais de raça e de gênero. Nesse sentido, faz-se necessário repensar as práticas pedagógicas de modo que elas favoreçam uma problematização dos processos de construção dessas identidades. Em especial, através um conjunto de intervenções procurou-se provocar nas estudantes negras reflexões que favoreçam uma busca dessas estudantes por mudanças na realidade marcada pela dominação racial e de gênero a que são submetidas cotidianamente. Os resultados obtidos permitem considerar por um lado, a necessidade de reflexão sobre os processos de formação das identidades de meninas negras e, por outro, que recursos didático-pedagógicos que adotem a perspectiva da decolonialidade podem contribuir para a (re)construção e o surgimento de novas práticas e saberes entre estudantes que ressignifiquem o ser mulher e menina negra em nossa sociedade.
O conceito de colonialidade repercute a presença dos padrões racistas de poder do colonialismo na realidade contemporânea. Baseado na Epistemologia das Macumbas e na Pedagogia das Encruzilhadas - pensadas por Luiz Rufino e Luiz Antônio Simas, este trabalho propõe o ensino encantado de ciências: uma possibilidade de transgressão da colonialidade por meio do ensino de Ciências. Primeiro, posiciona-se a obra de Simas e Rufino dentro do pensamento decolonial. Em seguida, são discutidos os fundamentos da Epistemologia das Macumbas e da Pedagogia das Encruzilhadas, com destaque para os conceitos de encantamento e cruzo. Conclui-se propondo o ensino encantado de ciências como projeto pautado na crítica à ocidentalidade e na construção da interculturalidade a partir das macumbas brasileiras.
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