O artigo objetiva compreender a relação entre a materialização do modelo de desenvolvimento pautado em grandes obras e as dinâmicas de afetação às condições de vida de crianças e adolescentes, assim como às políticas públicas que as assistem, por meio de pesquisa qualitativa desenvolvida em dois bairros da
O presente artigo tem por objetivo analisar a desterritorialização das crianças e dos adolescentes realocados para os Reassentamentos Urbanos Coletivos (RUC) São Joaquim e Laranjeiras no município de Altamira, Sudoeste do Pará, caracterizando as dinâmicas e as condições de vida no processo de reterritorialização. Para tal, utilizou-se a pesquisa qualitativa, pesquisa documental nas instituições da rede de proteção das crianças e dos adolescentes, e órgãos e instituições ligados ao empreendimento Belo Monte. Também foram realizadas entrevistas semiestruturadas com crianças, adolescentes e adultos, além da produção de desenhos como forma de capturar a percepção do sujeito sobre os diferentes espaços. A desterritorialização está relacionada às rupturas nas relações materiais e imateriais no uso e apropriação do território dos sujeitos em análise, desencadeadas pela inserção da Usina Hidrelétrica (UHE) Belo Monte, além das dificuldades de adaptação ao novo espaço de moradia. Assim, em meados de 2015 e 2016, foi realizada análise nos RUCs São Joaquim e Laranjeiras e constatou-se, nos serviços básicos de educação, saúde e lazer, ausências e deficiências que têm, consequentemente, interferido de forma direta nas condições de vida das crianças e adolescentes sendo possível observar, através dos desenhos e falas, um grande sentimento de pertencimento aos territórios de origem, sobretudo por causa da ruptura parcial ou total das redes de sociabilidade familiar e comunitária.
O artigo apresenta uma discussão sobre a reclusão territorial urbana de crianças e adolescentes residentes no Reassentamento Urbano Coletivo (RUC) Jatobá, cidade de Altamira-PA, como consequência da desterritorialização causada pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte, tendo como escopo a violência e o medo como processos que interferem na relação social do sujeito, interferindo diretamente na construção de laços imateriais e materiais no novo espaço. Assim, objetiva-se problematizar a reclusão territorial vivenciada pelas crianças e adolescentes do RUC Jatobá e discutir a reverberação disso em suas condições de vida. O artigo é oriundo da pesquisa da dissertação de mestrado “Desterritorialização das crianças e dos adolescentes face a UHE Belo Monte: um estudo das territorialidades no RUC Jatobá em Altamira-PA”, realizada com o apoio do Laboratório de Estudo das Dinâmicas Territoriais na Amazônia (Ledtam). Metodologicamente, foram realizadas a aplicação quali-quantitativa de 82 formulários no RUC, sendo 41 entrevistas com crianças de 8 a 12 anos e adolescentes de 13 a 18 anos e 41 entrevistas com seus responsáveis legais, Conselho Tutelar e Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB).
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