O presente trabalho tem como objetivo principal analisar a configuração da favela a partir de seus padrões socioespaciais, buscando entender o fenômeno em sua escala global. Adota-se para o estudo a Sintaxe Espacial enquanto abordagem teórica, metodológica e ferramental, permitindo a leitura do objeto em sua complexidade espacial. São comparados 120 assentamentos localizados ao redor do mundo, explorados segundo um conjunto de 26 variáveis configuracionais (entre qualitativas e quantitativas, geométricas e topológicas). Os resultados são, também, balizados por amostra de 45 cidades portuguesas de origem medieval (exemplares da cidade orgânica) e pela pesquisa de Medeiros (2013) para 44 cidades brasileiras (ilustrativas de estruturas urbanas contemporâneas). Busca-se a existência de um padrão espacial na favela e entender em que medida a favela reproduz padrões espaciais inerentes à cidade orgânica e historicamente consolidados. A pesquisa sustenta-se na hipótese de que a configuração da favela revela padrões espaciais provenientes das suas práticas de auto-organização, que são responsáveis por dinâmicas urbanas de sucesso. Os achados revelam que a favela se organiza dentro do sistema maior que a recebe, partilhando lógicas comuns e transversais a várias regiões do mundo e contextos culturais. Reconhecem-se, ainda, padrões comuns aos que estruturam cidades orgânicas revelando processos semelhantes de desenvolvimento.
ResumoTal como nos tecidos orgânicos, cujos arranjos celulares delineiam espaços intersticiais de várias formas e funções, também numa cidade a organização dos edifícios dá origem a espaços do mesmo tipo. Em linguagem arquitectónica, estes espaços designam-se habitualmente por negativo, ou seja, o fundo sobre o qual os edifícios (forma) assentam. Tal facto tem levado à atribuição de menor importância ao desenho dos espaços intersticiais na cidade moderna. Nas cidades ditas orgânicas, forma e fundo quase não se distinguem, ou melhor os dois distinguem-se como forma. Assim, do ponto de vista urbano tem muito interesse tomar como objecto de estudo, ou seja, como forma, o espaço de fundo defi nido pelos edifícios -interstícios urbanos. O carácter positivo destes espaços traduz-se numa qualidade estrutural fundamental para sua vivência e utilização. Palavras-chave: edifício vs interstício, forma vs fundo, positivo vs negativo AbstractAs an organic tissue, the interstitial spaces of various shapes and functions outlined by cellular arrangements, also the organization of buildings in a city leads to spaces of the same type. In architectural language, these areas are called 'the negative', which means the background by opposition of the shape of the buildings. This fact has led to diminishing the importance of the design of interstitial space in the modern city. In organic cities, shape and background are hardly distinguished, or by another words the two stand out as shape. Thus, it has great interest from the urban point of view, to study the quality of these interstitial spaces. The positive nature of these spaces is refl ected in a structural quality essential for their experience and use.Keywords: building vs interstitium, shape vs background, positive space vs negative space Maria Rosália GuerreiroDepartamento de Arquitectura e Urbanismo, ISCTE-IUL (rosalia.guerreiro@iscte.pt) IntroduçãoO conceito de interstício é uma oportunidade para estudos interdisciplinares. O meu interesse nesta temática emerge da área do urbanismo e olha para a cidade como um objecto de arquitectura. O termo tem origem na biologia e é muito adequado para o estudo dos espaços urbanos orgânicos que tiveram um crescimento progressivo, espontâneo, que tem uma aparência irregular e aparentemente caótica. Do ponto de vista urbano, tem muito interesse tomar como objecto de estudo, ou seja, como forma, o espaço de fundo defi nido pelos edifícios. Este aspecto tem grande infl uência na qualidade estrutural do espaço urbano e consequentemente na sua apropriação por parte das pessoas.Nesta forma de organização, irregular mas coerente, a geometria euclidiana, instrumento fundamental para a arquitectura, perde o pé, ganhando terreno o conhecimento desenvolvido noutras ciên-cias, como a física e a biologia. Esta perspectiva de ordem em arquitectura, que se aproxima da ordem na natureza, caminha junto com a mudança do paradigma racionalista e cartesiano para uma visão holística e sistémica do mundo, bem como duma aproximação cada vez maior entre arte e ciê...
This paper analyses how architecture became a pioneer discipline in digital interactivity research. It describes how that pioneer research derives from a lineage of researchers whose work spans more than two decades beginning in the early fifties. Military funds enabled the creation of the first computer graphic interfaces that evolved into a``drawing machine'', the first interactive CAD, that made possible the role of architecture as a pioneering discipline in interactivity research. It is expected to demonstrate that the same architecture that nowadays uses mainly interactive digital design was one of first disciplines to research interactivity addressing a gap in the study of the link between architecture and interactivity.
Abstract:The subject of the present work is the study of the relationship between the city shape and its geographical and climatic context. This is a very important feature of the Portuguese city. The Iberian Peninsula comprised by Spain and Portugal belongs to very different environments: the Atlantic and Mediterranean sea. This position is responsible for a series of highly contrasted regions. The external forces presented in each region, influence the shape, location and orientation, not only of individual buildings but of whole villages in such a way that we can identify patterns of construction in different natural regions. There is in fact, a remarkable correspondence between climate and urban type which is useful to identify for planning the different regions. The legacy of industrial city, as in other parts of the world, has changed this close connection between geography and architecture, with consequences not only in environment but especially for the identity of urban spaces. Bioclimatic urbanism is not just a question of sustainability or survival. It is also a question of local identity and variety. There is in fact a relationship between cultural process and environment responsive which we can learn from the structures of the past -the pre-industrial city. We believe that the reinterpretation of the traditional city patterns forms a language which can be used as a design process for recovering urban landscape.
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