O presente artigo é resultado de um estudo de caso cujo foco retratou a problemática da assimetria de informação em uma organização cooperativa. Após identificar aspectos da assimetria de informação existente no relacionamento agente (dirigentes) e principal (associados), procurou-se compreender seus efeitos nas transações e relações de confiança dos membros com a organização. A pesquisa foi feita com recurso a entrevistas, análise de documentos, registros em arquivos e observação não-participante. Empreendeu-se a Análise de Conteúdo sob a perspectiva qualitativa, buscando as significações da assimetria de informação e confiança por meio da análise das percepções e satisfações dos sujeitos investigados quanto ao gerenciamento de informações categorizadas tanto internas quanto externas à organização. Constatou-se existência de assimetrias nas informações de âmbito interno e externo entre dirigentes e associados. Esta assimetria traz efeitos negativos sobre a confiança dos associados em transacionar com a cooperativa, fatos que permitiram refletir sobre novas implicações para a análise teórica da agência aplicada a estas organizações.
Este ensaio visa refletir sobre a importância da corporeidade e do conhecimento estético no avanço teórico da aprendizagem organizacional. A teorização em torno da aprendizagem organizacional tem se direcionado rumo à superação das dicotomias tradicionalmente enraizadas nas ciências sociais assentadas em tradicionais dualidades, como sujeito/objeto, mente/corpo, indivíduo/organização. A emergência de novos estudos aponta para a necessidade de valorizar as temáticas do corpo e da estética para ampliar o entendimento da aprendizagem organizacional. Dessa forma, este ensaio teórico de natureza argumentativa busca refletir a aprendizagem organizacional a partir da perspectiva da teoria da estética, em que a corporeidade assume especial relevância. Uma das mais importantes contribuições da abordagem estética reside em buscar a superação de tais dicotomias que permeiam a vida organizacional e em sociedade. A partir do momento em que as bases de constituição do conhecimento são questionadas, não sendo apenas lógica, mas também estética e sensível, uma série de outras questões emerge em conjunto. O conhecimento estético, fruto das corporeidades em interação, é constantemente ativado por sentimentos, desejos, emoções, representações acerca do que a organização mostra aos seus e fundamenta as escolhas dos atores em interação. Tal reflexão permite buscar novos insights que possam contribuir para o avanço teórico da aprendizagem organizacional, ampliando assim a sua compreensão. Como principais insights conclusivos, evidencia-se o potencial da aprendizagem organizacional residindo na corporeidade e intercorporeidade, que, devido a sua complexidade constitutiva, demanda epistemologias e metodologias ampliadas das práticas organizacionais para clarear o entendimento da aprendizagem organizacional. Acredita-se que a aprendizagem organizacional deva ser vista como um processo fluido, que está diluído no tempo, no espaço e nas práticas individuais e sociais, em que corpos e subjetividades se entrelaçam para dar os contornos específicos a cada ponto do processo e que ao mesmo tempo constituem e são constituídos em tal processo, significam e são significados, ressignificam e são ressignificados.
Este estudo qualitativo teve como objetivo discutir a aprendizagem organizacional no serviço público, buscando analisar sua configuração a partir dos elementos sociais que constituem as práticas de trabalho. Ao adotar a perspectiva socioprática para a análise da aprendizagem organizacional, optou-se pela realização de um estudo de caso numa Unidade de Atendimento Integrado (UAI). A análise dos resultados foi fundamentada nos pressupostos da abordagem interpretativa. Os principais resultados indicam que a aprendizagem socioprática está ainda distante das práticas de gestão no serviço público da unidade analisada, sobretudo em função da prevalência de burocratização e centralização, como elementos cuja natureza bloqueia a fluidez socioprática na gestão e organização das atividades cotidianas no serviço público.Pa l a v r a s -c h a v e : aprendizagem organizacional; administração pública; serviço público. El aprendizaje organizacional social práctico en los servicios públicos: un estudio de caso interpretativoEsta investigación cualitativa tuvo como objetivo discutir el aprendizaje organizacional en la administración pública, teniendo como foco analizar la configuración de los elementos que constituyen las prácticas de trabajo social. Al adoptar una perspectiva de práctica social para el análisis del aprendizaje organizacional, se decidió llevar a cabo un estudio de caso en la Unidad de Atención Integral (UAI). La análisis de los resultados se basó en los supuestos del enfoque interpretativo. Los resultados principales indican que el aprendizaje social práctico se encuentra todavía distante de las prácticas de la gestión del servicio público de la unidad analizada, principalmente por causa de prevalecer la burocratización Artigo recebido em 16 fev. 2012 e aceito em 23 nov. 2012.
O objetivo geral desse ensaio é apresentar uma aproximação entre a perspectiva metodológica da pesquisa-ação e a aprendizagem organizacional na perspectiva socioprática. Especificamente, visa-se (i) verificar a pesquisa-ação enquanto metodologia cujos propósitos são, em si, transformadores da realidade e (ii) demonstrar a pertinência da aproximação proposta aos processos emancipatórios, inclusive pautando-se pelo plano ético. Fez-se um apanhado das origens, do perfil e do desenvolvimento da pesquisa-ação, deixando claras as diferenças entre esta e a pesquisa clássica, bem como a reversão da relação entre sujeito e objeto, em que este se torna sujeito do próprio conhecimento e da sua realidade, jamais presumindo neutralidade. Os achados apontam à singularidade da aproximação entre a pesquisa-ação com o processo de aprendizagem organizacional socioprática, constituindo-se esta em uma abordagem multiparadigmática capaz de engendrar a emancipação por meio da articulação de espaços críticos e reflexivos. É uma abordagem não apenas restrita a inquietações técnico-abstratas, mas de caráter emancipador, necessitando ser integrada à agenda dos estudos organizacionais.
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