Desde o final do século XX, o termo decolonial e suas variantes morfológicas ocupam os debates acadêmicos. Como conceito científico, reúne diferentes percepções que convergem para o rompimento com os modelos eurocêntricos de sociedade, trabalho, ensino etc. Este trabalho pretende instituir-se como uma prática coerente com a perspectiva decolonial no ambiente universitário ao situar a participação dos discentes haitianos em projetos de extensão universitária. Os resultados revelam que a atuação dos alunos haitianos motiva a presença de outros haitianos seja nas manifestações nos comentários durante os eventos on-line, seja no incentivo à participação em outras atividades acadêmicas. Assim, há práticas decoloniais: (1) na valorização da língua crioula no título de um artigo científico; (2) no reconhecimento da extensão universitária como fazer científico e produção de conhecimento; e (3) na participação dos alunos haitianos como produtores de conhecimento.

Daniel Link, no ensaio “Como se lê”, que abre o livro com o mesmo nome, propõe que a leitura seja a “[...] correlação de duas séries de sentido [...]”, uma que vem do leitor e uma que vem do texto. Partiremos dessa proposição de Link para pensar a leitura e como ela coloca em jogo posições dominantes em relação ao texto, ao leitor, ao tempo, ao valor e ao sentido. Compreendemos, a partir dessa definição de leitura de Link, um modo de conceber a leitura que considera o texto e o leitor como fundamentais. Nessa perspectiva, o tempo é o presente da relação de leitura. Da mesma forma, o valor está na relação entre texto e leitor, isto é, em cada ato de ler. Diante disso, os sentidos nascem na relação de leitura e esse efeito, conforme os autores com os quais dialogamos, pode ser chamado de redenominação, metáfora e imagem. Destacamos como essas questões são importantes para pensarmos o literário e a aproximação entre textos e leitores.