Neste trabalho, analisamos um fenômeno psíquico com o qual se ocupa a psicopatologia: o fenômeno do duplo (Doppelgänger), enquanto visão angustiante de si próprio como um outro. Na psicanálise, o duplo pode ser estudado através da concepção do estádio do espelho e do modelo óptico, tais como propostos por Lacan. Entre as elaborações literárias desse fenômeno universal, destacam-se "William Wilson", de E. A. Poe, e "O duplo" de F. Dostoiévski, que se situam no fantástico enquanto gênero literário. Em nossa análise do fenômeno do duplo, realizamos uma comparação entre modelos literários e psicanalíticos.
Na ciência, modelos podem ser analogias provindas de outros campos. A narrativa literária da vivência de desencontro com a própria imagem no espelho é uma metáfora da subjetivação como um processo a partir de uma alteridade que a precede. Se Lacan estabeleceu uma analogia com um experimento da óptica a fim de elaborar um modelo desse processo psíquico, a literatura, por sua vez, dispõe das metáforas que funcionam como modelos de fenômenos psíquicos devido à sua função crítica.
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