A discussão incidiu sobre alguns problemas que perpassam o espaço rural e suas escolas, e sobre as táticas empreendidas por seus professores para se apropriarem do espaço e transformarem-no em lugar pleno de significações. Os resultados obtidos com a pesquisa empírica e bibliográfica demonstram que, no âmbito da investigação científica, a superação de uma análise naturalizada do rural e de suas escolas, bem como a edificação de outros caminhos para a escola em meio rural, demandam apreender historicamente os problemas daquele meio, e tomar a cultura empírica de seus professores como dimensão formativa e elemento da cultura escolar.
Pesquisamos a história e as memórias das professoras leigas das escolas rurais do município de Uberlândia-MG (1950 a 1979) tendo como objetivo apreender as suas práticas e os significados que atribuíram ao período em que lecionaram no meio rural. Entrevistamos professoras, consultamos registros de frequência, livros de matrículas de alunos, atas de reuniões escolares, relatórios de inspeção, fotografias, cadernos escolares, bem como recorremos à pesquisa bibliográfica. Os resultados obtidos possibilitaram compreender a formação e as práticas docentes das professoras, os conflitos sociais que envolviam os relacionamentos e também os sentidos construídos sobre a escola rural, marcados de um lado pela valorização das comunidades campesinas, de outro pelo desprestígio do governo municipal.
A organização da instrução primária rural em alguns municípios de Minas Geraispertencentes à primeira e segunda Circunscrições Literárias no período de 1899 a 1911constituem o objeto de nossa investigação. O principal objetivo foi identificar e analisaraconstituição de políticas públicas destinadas ao ensino primário em áreas ruraisidentificando-as aos processos de desenvolvimento econômico de Minas Gerais. Para adiscussão da referida temática partimos da seguinte indagação: Qual o espaço destinado aoensino rural nas políticas de organização da escola mineira? As fontes históricas utilizadasabrangeram: Mensagens dos Presidentes de Estado de Minas Gerais produzidas pelasadministrações públicas; legislações sobre instrução pública primária; relatórios deinspeção ou fiscalização e termos de visitas de escolas, em específico, daquelasdenominadas rurais e distritais. A instrução pública primária rural em Minas Geraissingulariza momentos da educação primária no Estado e permite reflexões sobre outroscontextos, como por exemplo, a educação do campo nos dias atuais.
Apreendemos a formação das professoras das escolas rurais de Uberlândia-MG (entre 1960 e 1980) e os seus significados para a prática docente. Realizamos entrevistas com seis professoras e consultamos: censo escolar; jornais; relatórios; e atas das reuniões escolares da Prefeitura de Uberlândia. Quando iniciaram a carreira, cinco de nossas entrevistadas eram leigas e, somente ao final de 1960, começaram a frequentar cursos de formação que, segundo narraram, foram significativos para as suas práticas em sala de aula e para as promoções na carreira. Concluímos que, para construírem as suas próprias práticas e sem dominar os saberes sistematizados da profissão, as professoras apropriaram-se das experiências adquiridas quando se alfabetizaram e do pouco assimilado nos cursos de formação.
No decorrer da Era Vargas (1930-1945) a educação foi um tema constante de ideólogos e autoridades constituídas nas três esferas de poder, conquanto elemento fundamental na formação dos novos cidadãos patriotas e necessários à construção de um “novo” Estado. Nesse contexto nacionalista, a educação rural foi um elemento importante, uma vez que quase a metade da população do país ainda vivia no campo. Em Uberlândia/MG os interesses políticos locais e nacionais determinaram a organização escolar no período e esse artigo discorre sobre a organização e características das escolas rurais desse município conforme as diretrizes legais e curriculares existentes à época, bem como apresenta os principais sujeitos da escola rural.
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