O artigo teve como objetivo construir uma análsie do Programa de Residência pedagógica –RP para a formação de professores de forma a construir elementos para um projeto de resistência frente ao atual desenho do Estado e tomada de posição política junto ao movimento organizado de educadores.O texto está organizado em três eixos de discussão:1). Histórico da Residência na área da educação no Brasil; 2) Análise da proposta do edital CAPES 06/2018 e 3) princípios para a construção de uma proposta de RP que contemple uma proposta de projeto contra-hegemônico que, em síntese, aponta para uma formação de professores na perspectiva crítica-emancipadora sob a qual se defende, dentre outros aspectos, uma unidade teoria-prática, relação conteúdo-forma e um projeto global de formação articulando de forma adequada formação inicial e continuada.
A pesquisa tem como objeto de estudo a docência nos anos iniciais do ensino fundamental e a constituição da profissionalidade docente polivalente. Os dados referem-se à fase exploratória na qual foram aplicados questionários. Foram realizadas duas entrevistas pilotos e um grupo focal experimental em abril e novembro de 2009 e em março de 2010, respectivamente, com professoras da Rede Municipal de Ensino do Recife-PE. Os dados obtidos a partir das falas dos sujeitos foram submetidos à análise de conteúdo, apoiada em Bardin (1979). Identificou-se três eixos estruturantes da profissionalidade polivalente: a relação professor-aluno, a relação escola e sociedade e a organização do trabalho pedagógico. Dentre eles destacamos aspectos da organização do trabalho pedagógico. O trabalho específico com a alfabetização parece ser caracterizador do trabalho do docente naquele nível de ensino. O fator tempo apresentou-se de forma ambígua, para caracterizar a profissionalidade polivalente. Observou-se ainda uma estreita relação entre as demandas atuais das políticas públicas educacionais e as formas próprias dos sujeitos de vivenciarem a polivalência.
O processo de criação da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica foi de transformações históricas, educacionais, sociais e da reestruturação produtiva do modo de produção capitalista, encadeando modificações na maneira de pensar e realizar as políticas públicas para a educação profissional no país com consequências para o trabalho docente. Os Institutos Federais, parte integrante da Rede Federal, têm entre suas características a verticalização, que visa otimizar a infraestrutura física, os quadros de pessoal e os recursos de gestão, bem como integrar a Educação Básica a Superior. O método crítico-dialético foi a lente pela qual esta pesquisa buscou a compreensão da realidade, que se entende como contraditória e em permanente transformação, e para isso concebemos o objeto como processo histórico concreto. Os procedimentos utilizados na investigação incluíram pesquisa bibliográfica, documental e levantamento do estado do conhecimento. Os estudos sobre o tema indicam que o trabalho docente nesse contexto verticalizado tem implicações uma vez que o professor atende a diferentes áreas tanto de conhecimento como de níveis, fragilizando a compreensão sobre a materialidade do trabalho e apontando elementos de sua intensificação.
Discutimos a polivalência como organização do trabalho escolar do docente, caracterizando-a como elemento constituinte da profissionalidade polivalente daquele que atua nos anos iniciais de escolarização. A partir de duas experiências de pesquisa, uma brasileira e outra francesa, e de aspectos legais da experiência portuguesa, são problematizadas concepções e práticas que estão sendo construídas na vivência da polivalência. Identificamos elementos que configuram a profissionalidade polivalente: a) numa relação professor-aluno apoiada numa pedagogia global, que atende às necessidades e interesses do aluno e incentiva o professor a perceber os conhecimentos de forma integral; b) na tensão entre a busca por uma especialização e a defesa da formação e atuação de um único professor no ensino das diferentes áreas de conhecimento; c) na associação da polivalência com o princípio da interdisciplinaridade; e d) na ambivalência entre uma polivalência oficial e uma polivalência real.
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