Resumo: O presente estudo faz parte da tese de doutorado intitulada A configuração do acesso à Universidade Federal de Santa Catarina (2001 a 2015): limites e avanços no processo de democratização e trata do movimento de oferta e distribuição das vagas universitárias disponibilizadas pela instituição no período pesquisado. O aporte teórico da sociologia francesa e brasileira fundamentaram às análises realizadas sobre o campo universitário e a escola de elite (BOURDIEU, 1989) e os conceitos de democratização e demografização (LANGOÜET, 2002). Para este último autor um efetivo processo de democratização exige "não somente a ampliação das chances de todos mas também a aproximação das chances entre diferentes categorias sócio-profissionais" (p. 86). Para que diferentes grupos sociais tenham chance de acessar a educação superior pública e, posteriormente as carreiras profissionais, faz-se necessário a imprescindível oferta de mais vagas e a diversificação das modalidades de distribuição das mesmas. Em relação ao exemplo da UFSC, o que constatamos foi um aumento de vagas na unidade sede de Florianópolis principalmente entre 2008 e 2009 nos cursos existentes e nos anos seguintes houve a criação de algumas graduações novas e a expansão da universidade para outras unidades no interior do Estado. Observamos um forte crescimento da área das engenharias, fenômeno que não aconteceu da mesma forma em outras áreas do conhecimento ofertadas pela instituição. Palavras-chave: Educação superior. Democratização. UFSC.
A Reforma Universitária de Córdoba de 1918 completa seus cem anos. Suas influências atingem o Brasil desde o final da década de 1920 no que diz respeito a um programa político de reformas universitárias. Dentre tantas reivindicações propostas nessa reforma – a democratização do acesso à educação superior, no Brasil, ainda é fundamentalmente destaque. O artigo, contextualiza a proposta da Reforma de Córdoba e coloca em pauta o surgimento das ações afirmativas em diferentes países e para fins variados. Denomina o que é uma ação afirmativa e demonstra como o programa e, posteriormente, a política de ações afirmativas foram se constituindo e sendo adotados nas universidades brasileiras, particularmente na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Também se faz uma análise documental e quantitativa que permitiu averiguar o movimento de acesso de estudantes negros após a implementação do programa de cotas nas universidades brasileiras. Por fim, são destacados dados específicos obtidos por meio de pesquisas desenvolvidas em nível de mestrado e doutorado na UFSC, as quais evidenciam avanços no acesso de estudantes negros à universidade, mas também limites a serem conhecidos e sanados.
Ao lembrar os trinta anos da obra La noblesse d’État: grandes écoles et esprit de corps de Pierre Bourdieu (1930-2002), publicada em 1989, quando a França comemora o bicentenário da sua Revolução ou, mais especificamente, os duzentos anos da Tomada da Bastilha (14 de julho de 1789) e da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (26 de julho de 1789), trouxemos para a discussão um volumoso estudo (ainda não traduzido para o português) que se constitui em mais uma das contribuições do sociólogo francês aos estudos sociológicos. Esta obra dá continuidade às análises precedentes, mobiliza grande parte do léxico bourdieusiano e introduz novas categorias de investigação e metodologias de análise que nos parecem pertinentes à pesquisa sobre o campo educacional brasileiro. De inspiração ao mesmo tempo construtivista e estruturalista, a obra desvela a complexa teia de relações entre o sistema de formação e o campo do poder. Nossa reflexão começa situando La noblesse d’État no carrefour de distintas sociologias: da educação, do conhecimento, do poder. Na sequência, analisamos a continuidade histórica que levou ao estreitamento do vínculo entre “nobreza escolar” e “nobreza de Estado”, a homologia estrutural entre formação universitária e reprodução das elites e a importância atribuída à desmistificação do “mito da democratização escolar”. Por último, destacamos dimensões críticas da obra que iluminam a reflexão sobre a pesquisa nas ciências humanas e sociais, num momento em que, no Brasil, se tenta pôr em xeque a pertinência dos estudos dessas áreas do conhecimento.
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