Qual a melhor escala para se desenvolver um estudo na natureza? Para responder a esta pergunta deve-se primeiro pensar qual é a questão a ser respondida. Pensando unicamente nos organismos vivos, a escolha da escala espacial adequada depende da mobilidade dos mesmos, que determinará as dimensões da extensão e o tamanho do grão no estudo (Wiens 1989). Extensão (extent) é a área a ser estudada, considerando-se as populações, enquanto o grão (grain) é o tamanho das unidades de observação, considerando-se os indivíduos a serem amostrados (Wiens 1989). O problema é que alguns padrões na natureza, como a variação espacial da riqueza de espécies, não podem ser explicados por processos em uma única escala espacial e temporal (e.g. Whittaker et al. 2001). A escolha da escala espacial fica ainda mais complicada em estudos multidisciplinares, onde uma resposta precisa ser dada à pergunta (ou perguntas), com fenômenos acontecendo simultaneamente em várias escalas. Qualquer um que tenha participado de um projeto multidisciplinar entende a dificuldade para definir a escala adequada e, seja esta qual for, todas as informações precisam ser espacializadas para viabilizar análises e sínteses.Estudos com abordagens teóricas e empíricas têm demonstrado a importância da escala espacial (e temporal) para se entender a dinâmica das populações (Hanski & Gaggiotti 2004) e comunidades (Holyoak et al. 2005). A dispersão de indivíduos entre manchas de hábitat em paisagens heterogêneas é capaz de manter e estruturar as (meta)populações e (meta)comunidades, evidenciando que os estudos desses níveis hierárquicos devem ser feitos em escalas mais amplas do que a local, sendo necessária uma abordagem que considere explicitamente a escala de estudo. Esse é o caso da Ecologia de Paisagens, que enfatiza a importância da escala a ser escolhida pelo observador, de acordo com o processo ou espécie(s) que se pretende estudar (Lorini & Persson 2001;Metzger 1999Metzger , 2001). É uma área do conhecimento que, em sua versão mais contemporânea, tem o objetivo de entender os efeitos da heterogeneidade espacial na ocorrência e manutenção das populações, comunidades e/ou processos, considerando sempre a escala correta a ser estudada. Contudo, originalmente, a Ecologia de Paisagens surgiu na Europa no berço da geografia física e da ciência da vegetação, mas sob grande influência da geografia humana e com foco sobre o planejamento do uso da terra, na vertente conhecida como abordagem geográfica (veja Metzger 2001 e Lorini & Persson 2001 para uma revisão). Portanto, as distintas abordagens e diferentes interpretações do o que é a Ecologia de Paisagens desde a sua origem denotam a sua capacidade para lidar com questões multidisciplinares, tendo como base a distribuição espacial das informações. De fato, a paisagem pode introduzir a dimensão espacial no desenvolvimento dos estudos, representando ao mesmo tempo objeto e ferramenta de pesquisa, o que permitiria uma articulação entre as diferentes escalas de análise dentro de uma mesma disciplina ou das diversas disc...
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