A definição e avaliação da saúde mental pressupõem não só a ausência de doença mental, como, também, a existência de bem-estar subjectivo (WHO, 2004). Keyes (2002) propôs uma escala de auto-resposta, a Mental Health Continuum – Short Form – for youth (MHC-SF), com o objectivo de avaliar num continuum a saúde mental e de identificar diagnósticos categoriais (flourishing, saúde mental moderada e languishing). Neste estudo, traduzimos e adaptámos a referida escala para uma amostra de adolescentes Portugueses. Foi desenvolvido um estudo psicométrico da MHC-SF através da exploração da sua estrutura factorial, da análise da consistência interna, da validade convergente e divergente. Esta escala revelou boas propriedades psicométricas, parecendo indicada para detectar categorias de saúde mental nos adolescentes. Poderá ainda ser utilizada na identificação de dimensões do bem-estar (psicológico, emocional e social) as quais são importantes na prevenção e tratamento da doença mental, assim como na protecção e promoção da saúde mental.
RESUMO A vergonha, entendida como uma emoção autoconsciente, multifacetada e socialmente focada, desempenha um papel central na saúde mental dos indivíduos. Nos adolescentes, é também uma experiência frequente, sendo importante a sua avaliação para a investigação e prática clinica. Este estudo pretende validar uma medida breve de vergonha externa (Escala de Vergonha Externa - Versão breve para Adolescentes [OASB-A]). Participaram 834 adolescentes com uma média de 15 anos. O modelo final da OASB-A (8 itens), obtido por meio da Análise Fatorial Confirmatória, apresenta um bom ajustamento aos dados, invariância para o sexo, boa consistência interna e fidedignidade temporal adequada. As correlações com as experiências traumáticas de vergonha (IES-R) e sintomatologia psicopatológica (DASS-21) são significativas. A OASB-A é uma medida válida e econômica para avaliação da vergonha externa em adolescentes.
IntroductionTrauma experiences during childhood and adolescence (Gibb, 2002; Ansel et al., 2011; Musliner et Singer, 2014; Hopwood et al., 2015), the experience of shame (Rubeis et al., 2008; Cunha et al., 2012; Rosso et al., 2014; Stuewig et al., 2015) and gender (English et al., 2004; Rosso et al., 2014) had been considered as predictors of depressive symptoms.ObjectivesTo observe intra-indidual variability of trauma, external shame, gender (as predictors) and depressive symptoms (as dependent variable).AimsTo test the predictive value of trauma, external shame and gender on depressive symptoms at 6 months, in adolescents.MethodA sample of 325 adolescents (ages ranging from 12–18) completed the Child Depression Inventory, the Childhood Trauma Questionnaire and Other as Shamer, adolescents version. The results were analysed by the hierarchical multiple regression method (SPSS Inc., 22).ResultsThe model – shame (b = 0.63; P < 0.001); affective abuse (b = 0.15, P = 0.001), gender (b = 0.12; P = 0.001), sexual abuse (b = 0.12, P = 0.002), and emotional neglect (b = 0.10; P = 0.013) – explained 63% of depressive symptoms variance.ConclusionsThe data indicate that the higher the level of shame and trauma, the higher the level of depressive symptoms at 6 months. The present study can add important information that sheds light to the role of mechanisms underlying the vulnerability to depressive symptoms and that might have impact in the existing therapeutic interventions.Disclosure of interestThe authors have not supplied their declaration of competing interest.
Contexto: A revisão da literatura sobre potenciais fatores preditores dos sintomas depressivos em adolescentes tem mostrado que asexperiências traumáticas durante a infância, as experiências de vergonha e o género têm um contributo relevante.Objetivo: Pretende-se com o presente estudoobservar a variabilidade intraindividual da vergonha, acontecimentos traumáticos e género e testar o poder preditivo destas variáveis a 6 meses na evolução de sintomas depressivos (variável dependente) em adolescentes.Método: A amostra foi constituída por 325 adolescentes, com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos, distribuídos pela zona centro de Portugal e a frequentar o 3.º ciclo do ensino básico e ensino secundário. Foram utilizados o Inventário de Depressão para Crianças, a Escala Breve de vergonha e o Questionário de Trauma na Infância para a avaliação das variáveis referidas. Os resultados longitudinais foram analisados através de uma análise de regressão linear múltipla. Resultados: Verificou-se uma associação positiva entre experiências relatadas como traumáticas e as perceções de vergonha (T1) e os sintomas depressivos (T2, após 6 meses). O modelo de regressão linear múltipla explicou 63% da variância dos sintomas depressivos no T2, podendo contemplar-se que a pertença ao género feminino, a experiência de sentimentos de vergonha e de acontecimentos percebidos como abuso afetivo, abuso sexual e de negligência emocional (variáveis do trauma) permitiram predizer sintomas depressivos na adolescência.Conclusão: Dado que existe alguma evidência do impacto de acontecimentos traumáticos do tipo abuso/negligência durante a infância e de perceções de vergonha, durante a adolescência no desenvolvimento de sintomas depressivos, será pertinente que estas variáveis sejam tidas em conta, quer na avaliação, quer nas intervenções psicoterapêuticas nesta etapa do desenvolvimento humano. Este estudo contribui para salientar o papel de fatores de vulnerabilidade para os sintomas depressivos na adolescência.
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