Apesar da importância da língua de sinais para os surdos, ela veio a ser reconhecida como língua em 1960, através do trabalho desenvolvido por Stokoe com a publicação do Dicionário de Língua de Sinais Americana. No Brasil, o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) ocorreu recentemente em 2002, com a Lei de Libras, n. 10.436. A importância do contato com língua para as crianças surdas é essencial assim como para qualquer criança ouvinte. As crianças, no convívio com a comunidade linguística, se relacionam, falam e se comunicam em sua língua materna, aprendida com rapidez até os cinco anos de idade. Historicamente, isso não tem sido uma realidade para as crianças surdas privadas do contato com a língua de sinais. O diálogo entre direito e cidadania, direito e diversidade, direito e valorização humana, direito e escolarização de qualidade, há anos faz parte de momentos notadamente importantes na luta pelos direitos dos surdos. Reconhecer e aceitar a Língua de Sinais é um dos passos da luta pelos direitos à educação igual para todos, valores propostos pela educação inclusiva, herança da modernidade e gradual conquista aos direitos humanos. É preciso também aceitar e considerar a cultura, a identidade, a visão de mundo do sujeito surdo; assim como a sua segunda língua, no Brasil, a Língua Portuguesa. Os esforços, a consolidação e o êxito de uma educação bilíngue para surdos se fazem, portanto, irreversíveis. Com a finalidade de refletir, analisar e problematizar as práticas com educação dos surdos, é que se propõe esta temática: "Bilinguismo para surdos: um olhar social, educacional e linguístico". Buscamos com isso trazer experiências e discussões sobre as práticas bilíngues em escolas do Brasil e de outros países, refletir sobre as necessidades sociais, educacionais e linguísticas dos surdos assim como os determinantes históricos, sociais, linguísticos e culturais que influenciam na educação bilíngue dos surdos.
Este artigo resultou de uma pesquisa de campo realizado em sala de aula, com quatro turmas do 2º segmento da EJA, em uma escola pública da Rede de Ensino do Distrito Federal no decorrer de um bimestre e meio, com o objetivo de mapear os gêneros textuais estudados nas aulas de língua portuguesa. Para o mapeamento, inventários, dos gêneros. Baseio-me no conceito de agrupamento de gêneros proposto por Schneuwly e Dolz (2004). Em seguida, proponho a abordagem de gênero na perspectiva da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF), na visão de Halliday e Hasan (1989), como uma prática pedagógica fundamental e capaz de capacitar os estudantes a produzirem textos mais eficazes e críticos (Cope & Kalantzis, 1999). Ao discutir as implicações pedagógicas sob o viés da LSF, busco focar, de forma explícita, os gêneros textuais no processo do letramento e revelar as relações existentes entre estruturas textuais e propósitos sociais em seus diferentes contextos de situação, pois só assim é possível empoderar o aluno para sua emancipação.
Na segunda semana de dezembro de 2020, o Prof. Dr. Kleber Aparecido da Silva, da Universidade de Brasília, a Profª Drª Tatiana R. Nogueira Dias, da Universidade de Brasília e a Profª Drª Sonia Magarida Ribeiro Guedes, da Universidade de Brasília, formalizaram um convite para a realização de uma entrevista com a Profa. Dra. Ronice Müller Quadros, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para este dossiê temático. Por conhecerem de perto, na condição de pesquisadores/as e ativistas da área de línguas e culturas minoritarizadas, com ênfase na educação bilíngue para surdos, e também da estreita relação da entrevistada com os temas como língua de sinais brasileira, aquisição da língua de sinais, bilinguismo bimodal, línguas de herança, educação de surdos e tradução e interpretação de língua de sinais e da sua longa e ilustre carreira acadêmica, esta entrevista aborda as contribuições da nossa homenageada, Profª Drª Ronice Muller Quadros, para a compreensão do complexo processo de (re)pensar as políticas linguísticas em prol das comunidades surdas, a partir de uma perspectiva crítica e/ou decolonial. Esta entrevista se desenvolveu por meio de trocas de mensagens sequenciais no espaço de nove meses, por e-mail - suporte digital e com trocas assíncronas, adequada nestes tempos desafiantes de pandemia. Esperamos que esse diálogo, assim como acontece em nossas relações e interações cotidianas e acadêmicas, lhe desperte sentimentos, aprendizados, questionamentos, novos e/ou renovados interesses, além de ser recebido como um tributo não somente ao inestimável trabalho intelectual de Quadros, mas, também, e talvez especialmente, à maneira como ela tem conduzido suas (inter)relações com seus pares ao longo de sua vida, estimulando genuínas experiências identitárias e ricas trocas intelectuais. Que tenhamos hoje, amanhã e sempre uma Linguística sensível aos direitos, necessidades e demandas da comunidade surda em nosso país.
Este artigo apresenta resultados parciais de uma pesquisa desenvolvida pelo Grupo de Estudos Gecal, Capes-UnB, com o objetivo de verificar a relação entre letramento, bilinguismo e empoderamento feminino surdo em uma perspectiva crítica. Foi analisado o Projeto Político Pedagógico da Escola Bilíngue de Taguatinga, doravante EBT, desenvolvendo uma interface metodológica da Linguística Aplicada Crítica (LAC), da Análise de Discurso Crítica (ADC), (FAICLOUGH, 2003) e da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) (HALLIDAY, 1992; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014, 2004), observando também conceitos propostos pela Pedagogia Crítica de Paulo Freire. Especificamente, analisamos o PPP da EBT para observar como o Poder Público lida com determinada realidade. Ou seja, nos interessou investigar uma parcela da realidade que envolve a aluna surda: o tratamento dispensado à mulher-estudante surda no texto do PPP da EBT, no que tange à existência ou não de estratégias de letramento que visem seu empoderamento.
O segundo volume do dossiê temático: Bilinguismo para surdos: um olhar histórico, social, educacional e linguístico da Revista The Especialist é uma nova possibilidade para leituras de grande importância na área do Bilinguismo das línguas de sinais. Por meio desse número é possível compreender a vastidão que esse conceito hoje abarca nas mais diversas áreas do conhecimento e como ainda há muito a ser explorado, como os próprios autores afirmam. Apesar de ser uma coletânea escrita por várias mãos apresenta, na verdade, um único objetivo: oportunizar a leitura de novos autores e suas respectivas pesquisas que trazem um olhar contemporâneo sobre o bilinguismo no universo das línguas de sinais (GESSER, 2009; QUADRO, 2019).
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