Disponível on-line no endereço www.igc.usp.br/geologiausp -3 -Resumo A Bacia do Araripe tem sido objeto de várias publicações nos últimos anos, notadamente a respeito do rico acervo paleontológico das formações Brejo Santo, Crato e Romualdo. Entretanto, trabalhos que abordem em detalhe a Formação Brejo Santo, do ponto de vista estratigráfico, são escassos. A Formação Brejo Santo, de idade mesozoica (Andar Dom João), é representada por espessa sucessão (até 450 m) predominantemente pelítica aflorante na porção leste da bacia. A Formação Brejo Santo repousa discordantemente sobre a Formação Cariri, de idade presumivelmente paleozoica, e faz contato gradacional com a sobrejacente Formação Missão Velha. Constitui-se de pelitos, tais como argilitos e folhelhos calcíferos castanho-avermelhados, maciços a laminados, com intercalações decimétricas de siltitos argilosos cinza-esbranquiçados a esverdeados e camadas centimétricas de folhelhos avermelhados mosqueados com nódulos calcários e, subordinadamente, arenitos finos calcíferos, abundantemente fossilíferos, e arenitos finos brancos com estratificação cruzada tabular. Paleocorrentes medidas possuem padrão de dispersão consistente para SE, SW e S, coerente com a instalação de ampla bacia aberta nesta direção. As fácies e associações de fácies descritas foram interpretadas como geradas por (i) sistemas lacustres nos quais periodicamente o nível dos lagos e/ou lagoas sofriam variações bruscas, cujas variações de coloração acham-se relacionadas às sazonalidades do nível do lago (períodos de exposição subaérea) e por (ii) sistemas fluviais efêmeros que alimentavam esses lagos. A ocorrência disseminada de organismos fósseis, tais como ostracodes não marinhos e conchostráceos, sugere que os sedimentos da Formação Brejo Santo teriam sido depositados em sistemas lacustres favoráveis à formação de camadas de red beds sob condições climáticas quentes e de estação seca bem definida, corroborando a interpretação deposicional.Palavras-chave: Bacia do Araripe; Formação Brejo Santo; Andar Dom João; Fácies; Lacustre.
AbstractThe Araripe Basin has been the subject of several publications in the recent years, notably with respect to the rich paleontological collection of Brejo Santo, Crato and Romualdo Formations. However, papers detailing stratigraphic aspects of Brejo Santo Formation are scarce. The formation (Mesozoic era -Dom João Stage) is represented by a predominantly pelithic succession (up to 450 m thick) outcropping in eastern portion of the basin. The Brejo Santo Formation unconformably overlies the Cariri Formation, presumably of Paleozoic age, and makes gradational contact with the overlying Missão Velha Formation. It consists of pelithes, such as massive to laminated reddish-brown chalks and calciferous shales with decimetric intercalations of white to greenish-grey siltstones and centimetric layers of reddish mottled, speckled and striped shales, with calcareous nodules, and subordinately, muddy limestones and highly fossiliferous calciferous sandstones and fine sandstone...