traçado, e esse traçado aparece ligeiramente deslocado em relação ao primeiro cubo. O desenho, como eu disse, é algo externo ao objeto, mas o objeto só aparece ao observador na medida em que for refazendo, ou atualizando, esse desenho, ou projeto. É uma questão estrutural, que permaneceu forte em meu trabalho. As figuras e o espaço narrativo foram aos poucos desaparecendo. Em todo caso, na década de 60 há, em minha produção, um raciocínio material, físico, construtivo, que convive com um suporte narrativo. Parece haver, já em sua produção desse período, uma polaridade entre o desenho (ou aquilo que o desenho tem de projetualidade, e, por conseqüência, de profundidade), a narrativa e a exigência da presença, a afirmação da fisicalidade e da dimensão objetual dos trabalhos. De fato, minha produção viveu dessas contradições até os anos 70. Nas pinturas, por exemplo, há uma preocupação com a figura, mas também com uma questão estrutural, de ordem construtiva, e era comum que eu sobrepusesse às superfícies (eventualmente trazendo figuras) algum outro material, dando aos trabalhos um caráter de montagem, construção. Mesmo quando os trabalhos se referiam a elementos orgânicos, esses eram desnaturalizados, esvaziados de sua carga semântica de tipo emotivo, sentimental, e subordinados a uma lógica construtiva, auto-suficiente.