RESUMO: O artigo examina a maneira como imagens de liderança indígena Waimiri-Atroari estão sendo usadas para divulgar mensagens, através da mídia, que rebatem as críticas dirigidas à implantação de grandes usinas hidrelétricas em áreas indígenas e suas conseqüências altamente nocivas para os povos indígenas atingidos. As imagens apóiam a política do setor elétrico de implantar mais hidrelétricas que incidem em territórios indígenas na região amazônica. Esta estratégia tem sido usada, sobretudo, após as manifestações em Altamira, em 1989, contra a construção de um complexo de usinas hidrelétricas no vale do rio Xingu que afetariam dezenas de aldeias indígenas, e a mobilização do movimento político indígena nos anos recentes.
O trabalho aborda o movimento político indígena que se consolidou a partir da década de 70 do século XX, no Estado de Roraima, com o fortalecimento de identidades indígenas, focalizando, sobretudo, os Makuxi e os Wapichana. Analisa-se a interface dessas identidades com as identidades nacionais de brasileiro e guianense na fronteira internacional, que se consolidaram a partir da definição dessa fronteira em 1904. Examina-se como se sobrepõem essas identidades, e como se convivem simultaneamente como identidades contextualizadas entre os povos indígenas que habitam essa região desde muito antes da imposição da fronteira internacional. PALAVRAS-CHAVE: movimento indígena, Makuxi, Wapichana, identidades nacionais e étnicas, fronteira.
DOSSIÊ
This article examines the resistance of the Waimiri-Atroari Indian people in a situation where government indigenist policy has been subordinated to the interests of large-scale economic development projects (the giant Pitinga mining complex of the Paranapanema Group and the Balbina hydroelectric scheme). The administration has appropriated a rhetoric of Indian ‘resistance’ to mask a situation of extreme domination and to sell images of a model assistance programme. The native strategy of learning the rules of the game of th official indigenist policy is examined, not as a passive but as an active reaction of accommodation to a situation of extreme domination, reflecting the immense power of large companies in controlling the destiny of Indian peoples.
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