O conhecimento a respeito de espécies animais silvestres é algo percebido ao longo do mundo, sendo evidenciado por diferentes grupos sociais através de estudos etnozoológicos. As aves capturadas são atribuídas a finalidades como, alimentação, fins de criação, medicina tradicional, comércio ilegal, rituais religiosos e ornamentação. As populações humanas que vivem dentro e nos arredores de unidades de conservação desenvolvem amplo conhecimento sobre a vida silvestre. Isso inclui informações sobre as espécies alvos de caça. Estima-se que a riqueza de espécies de aves conhecidas pelas pessoas locais pode dar indicativo de quais espécies estão disponíveis no ambiente, assim como, quais delas vem sofrendo pressão de uso. Nesta pesquisa, buscamos acessar o conhecimento local sobre as aves que ocorrem no Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí, discutindo os aspectos conservacionistas envolvidos nessa relação. Por meio de entrevistas semiestruturadas (n = 31 entrevistados), inventariamos as espécies de aves conhecidas, os usos atribuídos e analisamos a abundância percebida. Como resultado foram registrados 118 etnoespécies, sendo a família Columbidae a mais citada (n = 10). Sobre os usos, encontramos finalidade para a criação (87% do total de citações), alimentação (81%), uso mágico-religioso (16%) e medicinal (10%). Para os entrevistados, Penelope superciliaris é a espécie menos encontrada. Os resultados destacam a contribuição do conhecimento das pessoas locais para a conservação das aves no parque, sobretudo quanto à presença de espécies e quais delas estão sofrendo pressão de uso. Relevantes informações para estudos ecológicos com foco no manejo populacional foram coletadas.
A etnobotânica enquanto ciência tem revelado em todo mundo um quantitativo importante de espécies vegetais utilizadas no tratamento de diversas doenças. Na América Latina a maioria destes estudos é referente às plantas medicinais. Tratando-se das patologias vinculadas ao sistema urogenital, em áreas do Nordeste brasileiro têm sido descrito um número significativo de espécies vegetais. Nesse sentido, considerando a necessidade na ampliação destas informações em localidades ainda não estudadas, como os consultórios, o presente estudo tem o objetivo de registrar o conhecimento relacionado ao uso de plantas medicinais no tratamento de infecção urinária, incontinência urinária, doença renal crônica, hipertrofia prostática, câncer do trato urogenital masculino e feminino e cálculos renais. O estudo foi conduzido nesses espaços por meio de entrevistas semiestruturadas direcionadas a pacientes e formulários online aos profissionais urologistas. Foram entrevistados 76 informantes (61 pacientes - 29 pacientes do consultório de Guarabira, 12 pacientes do consultório de João Pessoa e 19 do Hospital Universitário; e 15 médicos). Além disso, o valor de uso (VU) das espécies vegetais foi calculado no intuito de quantificar a importância local das plantas na visão dos entrevistados. Foram registradas 61 espécies de plantas utilizadas no tratamento de infecção urinária, incontinência urinária, doença renal crônica, hipertrofia prostática, câncer do trato urogenital masculino e feminino e cálculos renais. De modo geral, a prática é atualmente desenvolvida em maior representatividade por pacientes, a maior parte dos médicos urologistas entrevistados não costumam utilizar, nem indicar o uso de plantas medicinais no tratamento das doenças avaliadas, contudo a maior parte não contraindica. Considerando a prática popular em se utilizar plantas medicinais, o reconhecimento destas por parte do Ministério da Saúde e o despreparo de alguns profissionais da saúde em lidar com a temática, são necessários estudos capazes de reconhecer as espécies utilizadas pelas populações e respectivas práticas envolvidas, bem como diagnosticar a eficiência ou não destes medicamentos tradicionais, a fim de preparar os profissionais da saúde para apontarem espécies que possam servir como forma alternativa de uso no tratamento de doenças que acometem o sistema urogenital.
Uma característica importante da agricultura familiar é sua capacidade de diversificação de espécies alimentícias, compondo a agrobiodiversidade e auxiliando na segurança alimentar e nutricional. Baseado nesse contexto, este estudo buscou registrar a diversidade de espécies alimentícias, existentes na Zona de Amortecimento do Parque Nacional das Sete Cidades, na Comunidade Rural de Cachoeira, Piauí, Brasil, bem como, entender a dinâmica sobre quais partes são utilizadas e as formas de preparo e consumo, além de investigar se existe consenso entre os entrevistados sobre as espécies citadas e se existe diferença nas citações entre homens e mulheres, utilizando o Valor Local (VL) como parâmetro. Foram visitadas todas as residências da comunidade e entrevistados todos os chefes de família que se dispuseram a participar da pesquisa e estavam no dia da visita. Os dados foram obtidos através de entrevistas semiestruturadas, complementados por conversas informais. Os nomes vernaculares das espécies citadas foram registrados de acordo com a citação dos informantes e para identificação foram realizados registros fotográficos e coletas, quando possível. Os dados foram organizados em planilhas no Microsoft Excel(R) e analisados sob a perspectiva da quantificação das famílias botânicas e espécies alimentícias citadas pelos moradores e sob o aspecto da origem destas espécies, classificando-as em nativas ou exóticas, bem como seus hábitos. Também foram analisadas quais as partes vegetais utilizadas pela comunidade, as formas de consumo e preparo. Foi calculado o Fator de Consenso do Informante (FCI), como forma de verificar o grau de consenso das informações e o Valor Local (VL), buscando encontrar diferenças no conhecimento entre homens e mulheres. Os resultados obtidos pelo cálculo do VL foram testados através do Teste de Mann-Whitney, para verificar diferenças significativas entre os gêneros. Foram entrevistados no total 13 homens (48,14%) e 14 mulheres (51,86%). Ao todo nas entrevistas, foram mencionadas 295 citações de usos alimentícios, distribuídas em 58 espécies, pertencentes a 26 famílias botânicas, sendo 26 espécies nativas (53,06%) e 23 exóticas (46,94%) e nove espécies que não foram identificadas. Destacaram-se pelo número de espécies, as Famílias Anacardiaceae e Fabaceae, ambas com cinco espécies (10,20% cada) e Arecaceae com quatro espécies (8,16%). Dentre as formas de vida, destacam-se as com hábito de árvore, com 21 espécies (42,86%). Analisando as partes vegetais citadas pela comunidade, destacam-se os frutos com 255 citações (86,44%). Dentre as formas de consumo, destaca-se o consumo in natura, com 210 citações (71,19%). Em relação ao VL, podemos selecionar as espécies mais importantes para os homens e mulheres foram C. cuneatum Witm. (pequi), C. velutina (Cambess.) O. Berg. (guabiraba) e A. humile A. St.-Hil. (cajuí). O FCI foi de 0,81, indicando que existe um considerável grau de consenso entre os moradores da comunidade. A partir do teste estatístico, verificou-seque não existe diferenças significativas de conhecimento entre os gêneros.
Esse estudo buscou registrar a diversidade de espécies alimentícias existentes em quintais agroflorestais presentes no entorno da zona de amortecimento do Parque Nacional das Sete Cidades. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os moradores da Comunidade Cachoeira. Foi calculado o Fator de Consenso do Informante (FCI), para verificar o grau de consenso das informações, e o Valor Local para verificar se existiam diferenças no conhecimento entre homens e mulheres. O Teste de Spearman foi usado para verificar correlações entre o tamanho dos quintais e a quantidade de espécies mencionadas. Foram entrevistados nove homens (52,94%) e oito mulheres (47,06%). Foram mencionadas 130 citações de usos alimentícios, distribuídas em 33 espécies, pertencentes a 20 famílias botânicas, sendo 10 espécies nativas (30,30%) e 23 exóticas (69,70%). Destacaram-se, pelo número de espécies, as famílias Anacardiaceae, com 12,12%, seguida de Cucurbitaceae, Rutaceae e Solanaceae, todas com 9,09%. Dentre as formas de vida, destacam-se aquelas com hábito de árvore, arbusto e ervas, com 27,27% cada. Os frutos destacaram-se com 75,39% das citações. O consumo in natura dos frutos se destacou com 60,77% das citações. O FCI foi de 0,75, indicando que existe um considerável grau de consenso entre os moradores da comunidade, e o coeficiente de correlação de Spearman, foi de 0,576, indicando moderada correlação. A partir do teste estatístico, verificou-se que não existem diferenças significativas de conhecimento entre os gêneros.
O presente estudo foi desenvolvido na Comunidade Rural de Santa Rita, Município do Congo, Paraíba, Brasil. Registrou-se o conhecimento e uso das aves pela comunidade rural estudada. Realizaram-se entrevistadas semiestruturadas com 50 informantes. As informações foram analisadas por meio do Valor de Uso (VU) e do teste de correlação de Spearman. Foram registradas 68 aves, distribuídas em 20 ordens, 35 famílias e 62 gêneros, atribuídas ao uso alimentar (42 spp), criação em cativeiro (40 spp) e medicinal (2 spp). 15 aves foram descritas como bioindicadores de eventos climáticos, capazes de prenunciar ocorrências desagradáveis (morte) ou positivas (boas notícias). Seis espécies foram consideradas pragas por provocar danos a lavoura, especialmente de produção de milho e feijão. As aves com fins utilitários são capturadas através de quatro técnicas, destacando-se o uso do assaprão. Paroaria dominicana obteve os maiores valores no VU_geral (VU = 1) e no VU_potencial (VU = 0,96). No VU_atual, Sporophila albogularis (VU = 0,16) destacou-se. As espécies mais conhecidas tendem a serem mais utilizadas. Os resultados evidenciaram que as espécies das ordens Columbiformes e Passeriformes são as mais apreciadas na Comunidade Santa Rita.
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