A queixa de “perda” ou “dificuldades de memória” entre idosos é ponto de discussão na literatura médica, especialmente na definição dos critérios para diagnóstico precoce da demência. Este trabalho problematiza a noção de dificuldades de memória na velhice. A partir da reflexão do filósofo Canguilhem, assume-se que reduzir o envelhecimento a aspectos unicamente biológicos significa assumir uma tendência reducionista. Nesta visada teórica, incluímos os sujeitos – suas queixas – numa discussão que envolve a dicotomia normal x patológico quando está em causa “perda” de memória em idosos. A procura de idosos por atividades que possam auxiliá-los a enfrentar problemas relativos à memória e a oferta de oficinas com tal finalidade tem se constituído como uma tendência atual em serviços (públicos e privados) voltados para a promoção da saúde na terceira idade. Um relato de experiência com “oficinas de linguagem e memória” para idosos é apresentado nesta comunicação, bem como a discussão sobre essa experiência.
IntroduçãoO objetivo deste trabalho é encaminhar uma discussão relativa aos efeitos da introdução da escrita como dispositivo clínico no atendimento de crianças e adultos cujas falas/escutas 1 são sintomáticas. De início é preciso que se diga que o uso da expressão "clínica de linguagem" tem, no interior do Grupo de Pesquisa "Aquisição, Patologias e Clínica da Linguagem" (CNPq) 2 , força conceitual. Isso significa que sua função não é apenas nomear, discernindo, uma das clí-nicas que se abrigam sob o rótulo "Fonoaudiologia" 3 . RESUMOEste artigo discute os efeitos clí-nicos da inclusão de uma atividade sistemática com a escrita no tratamento de crianças e de adultos cujas falas/escutas são sintomáticas. Questões relativas à natureza específica de atos que fundamentam a clínica de linguagem e seus desdobramentos teó-ricos estão no foco da reflexão encaminhada à luz de segmentos de sessões clínicas.
RESUMOHesitações, pausas e reformulações estão presentes em diferentes etapas da vida dos falantes. Na literatura de aquisição da linguagem, tende-se a relacionar o aparecimento articulado dessas três ocorrências com um momento especial (e final) do desenvolvimento. Essas ocorrências são analisadas como reflexos da liberação da habilidade metalinguística, ou seja, como resultado manifesto da dilatação da capacidade cognitiva de crianças (CLARK, 1978; HICKMAN, 1997 e outros). No campo das patologias da linguagem, por sua vez, a tendência dominante é tomá-las como evidência empírica de "perda" desta habilidade (LIER-DeVITTO & FONSECA, 1997). Neste trabalho, assume-se que tais ocorrências são índices da não coincidência do falante com sua própria fala. As escansões enunciativas são interpretadas como frestas ou fendas impregnadas de carga subjetiva, mas não cognitiva. O foco está voltado, portanto, para a relação sujeito-linguagem, partindo das postulações: fala e sujeito não coincidem, nem tampouco falante e sujeito são instâncias coincidentes. Nessa perspectiva, produz-se um afastamento de visadas cognitivistas seja sobre o "processo de subjetivação" e de suas explicações sobre hesitações, pausas e reformulações, seja sobre a manifestação patológica da linguagem e seus efeitos subjetivos. Palavras-chave: hesitações, pausas, reformulação.
Este trabalho propõe rever e problematizar a relação de causalidade direta lesão-sintoma, pedra de toque do discurso organicista sobre as afasias. Tal problematização parte do reconhecimento de que a linguagem tem ordem própria, ou seja, leis de funcionamento que não se submetem às de outro domínio - no caso específico, às do funcionamento cerebral. Como fonoaudióloga e lingüista, questionada pelo sintoma afásico, pareceu-me incontornável promover um deslocamento da noção clássica e vigente dessa relação causal. Nesse sentido, aproximo-me de Freud (1891), primeiro "afasiologista" que fez render a suspeita de Jackson (1874) de que a relação lesão-sintoma não era de causalidade direta.
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