A produção infantil contemporânea explora as várias linguagens constitutivas da obra literária infantil – palavra e ilustração. A leitura dessas obras possibilita ao leitor a construção de significados na interação entre os códigos verbal e visual. A fim de investigar esse processo de leitura realizado a partir da interação com a linguagem verbal e visual, realiza-se estudo sobre a narrativa Ah, cambaxirra, se eu pudesse..., de Ana Maria Machado e Graça Lima (2003). Enfocam-se dois aspectos: a análise de possibilidades de leitura propostas pelas linguagens, a partir de estudos de Genette (1982), Iser (1976), Kleiman (2002), Parsons (1992) e Zilberman (1998), e os sentidos construídos por crianças de terceira série do ensino fundamental, seguindo princípios de pesquisa qualitativa (BAUER; GASKELL, 2003; EISNER, 1998). O estudo confirma a ampliação de sentidos do texto, pela inter-relação entre as linguagens. Entretanto, a análise da leitura das crianças sinaliza que os sentidos construídos privilegiam a palavra, em detrimento de aspectos visuais. A perspectiva observada na leitura infantil é efeito da abordagem da literatura na escola, que não forma leitores proficientes. O artigo objetiva contribuir para pesquisas na área como também para instrumentalizar mediadores de leitura.
Admission to Elementary School is a time of transition and it often allows the first contact of the child with a teaching book. Who does this child meet in the book? Which elements of constitution of child being are communicated? In this article, we intend to answer these questions through a qualitative descriptive research, which aims at describing and analyzing social representations of childhood in the pictures of the first part of Ápis Língua Portuguesa – 1º ano (2017). The study departs from the description of elements that constitute pictures for comprehension of social representations (MOSCOVICI, 1978) which are present there, discussing them, based on the concept of language as a constitutive part of the human being (VYGOTSKY, 1989, 2008), and on studies on childhood (STEARNS, 2006). When interacting with the teaching book, students have access not only to knowledge, but also to contact with identity representations. The initial images of the teaching book portrait different origins, as well as physical and individual characteristics of kids. But, diversity of ethnic groups and physical characteristics does not cover social and cultural diversity of Brazilian childhoods, and this does not contribute to student’s subjective constitution.ResumoO ingresso no Ensino Fundamental é momento de transição e possibilita o contato da criança com um livro didático. Com quais imagens de crianças representadas os alfabetizandos se deparam no livro? Que elementos de constituição do ser criança são comunicados? Neste artigo, buscamos responder a essas questões por meio de uma pesquisa qualitativa descritiva, que visa a descrever e analisar as representações sociais da infância nas imagens da parte inicial da obra Ápis Língua Portuguesa – 1º ano (2017). O livro foi selecionado pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2019 e está presente em muitas escolas públicas brasileiras nas cinco regiões do País. O estudo parte da descrição dos elementos constitutivos das imagens para a compreensão das representações sociais (MOSCOVICI, 1978) presentes, discutindo-as com base na concepção de linguagem como constitutiva do ser humano (VYGOTSKY, 1989, 2008) e em estudos sobre a infância (STEARNS, 2006). Ao interagir com o livro didático, os estudantes não apenas têm acesso a conhecimentos, mas também entram em contato com representações identitárias. As imagens iniciais do livro didático retratam diferentes origens e características físicas e individuais das crianças. Contudo, a diversidade de etnias e as características físicas não dão conta da diversidade social e cultural das infâncias brasileiras, o que não contribui para a constituição subjetiva dos estudantes.ResumenEl ingreso a la Enseñanza Fundamental es un momento de transición y posibilita el contacto del niño con un libro didáctico. Con qué imágenes de niños, representando a aquellos que están alfabetizándose, se deparan en el libro? Qué elementos de constitución del ser niño son comunicados? En este artículo, buscamos responder estas preguntas por medio de una investigación cualitativa descriptiva, que tiene por objetivo describir y analizar las representaciones sociales de la infancia en las imágenes de la parte inicial de la obra Ápis Língua Portuguesa – 1º ano (2017). El libro fue seleccionado por el Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2019 y está presente en muchas escuelas públicas brasileñas en las cinco regiones del País. El estudio parte de la descripción de los elementos constitutivos de las imágenes para la comprensión de las representaciones sociales (MOSCOVICI, 1978) presentes, discutiéndolas con base en la concepción de lenguaje como constitutiva del ser humano (VYGOTSKY, 1989, 2008) y en estudios sobre la infancia (STEARNS, 2006). Al interactuar con el libro didáctico, los estudiantes no apenas tienen acceso a conocimientos, sino también entran en contacto con representaciones de identidad. Las imágenes iniciales del libro didáctico retratan diferentes orígenes y características físicas e individuales de los niños. Sin embargo, la diversidad de etnias y las características físicas no abarcan la diversidad social y cultural de las infancias brasileñas, lo que no contribuye para la constitución subjetiva de los estudiantes.Palavras-chave: Infância, Livro didático, Identidade, Representações sociais.Keywords: Childhood, Teaching book, Identity, Social representations.Palabras clave: Infancia, Libro didáctico, Identidad, Representaciones sociales.ReferencesBRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: 2017. Disponível em: <https://bit.ly/2BHitds>. Acesso em: 23mar. 2019.BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC; SEB, 2009.CRUSOÉ, Nilma Margarida de Castro. A teoria das representações sociais em Moscovici e sua importância para a pesquisa em educação. Aprender: Caderno de Filosofia e Psicologia da Educação, Vitória da Conquista, ano 2, n. 2, p. 105-114, 2004.MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Escolha PNLD 2019 – Orientações. Brasília: 2018. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/programas/programas-do-livro/livro-didatico/escolha-pnld-2019> Acesso em: 25 set. 2018.MOSCOVICI, Serge. La psychanalyse, son image et son public. Paris: PUF, 1976.MOSCOVICI, Serge. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.MOSCOVICI, Serge. On social representation. In: FORGAS, J.P. (org.). Social cognition. London: Academic Press, 1981, p.181-209.MOSCOVICI, Serge. Representações sociais: investigações em Psicologia Social. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.OLIVEIRA, Maria Kohl de. Vygotsky e o processo de formação de conceitos. In: LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA, Maria Kohl de; DANTAS, Heloysa. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. 27. ed. São Paulo: Summus, 2016. p. 23-34.PREFEITURA DE CAXIAS DO SUL. Apresentação. 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Este artigo defende uma abordagem da Literatura no Ensino Médio diversa da perspectiva histórica geralmente conferida à disciplina, que se encontra refletida na organização da maior parte dos manuais didáticos utilizados nas salas de aula do país. Propõe-se um trabalho voltado para a interação do aluno com o texto, no qual a seleção de obras que dialoguem com o horizonte de expectativas do leitor e a análise literária dessas obras permitem ao educando construir sentidos para o texto a partir de suas vivências. Os resultados observados em prática de ensino realizada em uma turma de primeiro ano do Ensino Médio, a partir de textos de Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira, indicam que essa proposta possibilita a aproximação entre o adolescente e o texto literário, a significação dos textos e a instrumentalização dos alunos para a leitura.
A presença da leitura literária na escola, visando à educação estética dos estudantes, é uma das metas do projeto Educação, Linguagem e Práticas leitoras II (UCS/CNPq), em virtude da importância da literatura para a formação humana. Contudo ela não é um componente curricular no Ensino Fundamental brasileiro e, no geral, está presente nas salas de aula apenas como apoio a outras disciplinas, desconsiderando-se aspectos específi cos acerca da sua natureza artística. Este artigo, a partir de estudos de Larrosa (2003), Huizinga (1993) e Bordini e Aguiar (1993), analisa um projeto de literatura em que o leitor é o foco do processo, aplicado a estudantes de 8º ano do Ensino Fundamental. O texto utilizado no projeto de leitura é Meninos do mangue, de Roger Mello (2001), construído por meio de uma narrativa de moldura e valendose da linguagem verbal e visual. O estudo sinaliza que a implementação da leitura literária por meio de uma proposta que acolhe o repertório e as expectativas do leitor pode ser um caminho que dá voz ao estudante, a fi m de que exerça sua autoria, contribuindo para a sua educação estética.
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