O objetivo deste artigo é descrever e analisar usos convencionais e não-convencionais de vírgulas de uma amostra longitudinal de textos produzidos por 94 sujeitos no ciclo inicial (6º e 7º anos) do Ensino Fundamental II de uma escola pública de São José do Rio Preto. Os textos pertencem ao Banco de Dados de Escrita do Ensino Fundamental II (TENANI; LONGHIN-THOMAZI, 2014). Ao partirmos da hipótese de que os usos de vírgulas estão associados a características prosódicas do Português Brasileiro, buscaremos descrever algumas das características prosódicas mais relevantes identificadas nas fronteiras de usos de vírgulas. Para tanto, a metodologia consiste na interface entre estruturas sintáticas, levantadas a partir das normas prescritas em Bechara (1999), e estruturas fonológicas, com base no arcabouço teórico da Fonologia Prosódica (NESPOR; VOGEL, 1986).
RESUMO Neste artigo, objetivamos analisar presenças e ausências de vírgulas em uma amostra longitudinal de textos do gênero relato escritos por alunos de 11 a 15 anos do Ensino Fundamental II de uma escola no interior do estado de São Paulo. Partimos da hipótese de que a vírgula é empregada não só em razão de fronteiras sintáticas, mas também prosódicas. Os constituintes prosódicos são formados a partir de informações sintáticas e fonológicas, segundo princípios definidos no modelo teórico da Fonologia Prosódica. A caracterização de presenças convencionais e de ausências não convencionais das vírgulas foi feita a partir da identificação de fronteiras sintáticas em que deveriam ou poderiam ser colocadas vírgulas, tomando-se como referência uma gramática da língua portuguesa. Os resultados apontaram que a presença convencional da vírgula aumentou durante os anos de escolarização, como esperado. Porém, as taxas de presença e de ausência da vírgula se alteraram a depender do tipo de estrutura sintática e de haver fronteira de frase entoacional. As presenças da vírgula ocorreram em posições que predominantemente coincidiram com fronteiras de frase entoacional que também eram fronteiras sintáticas de orações. Já as ausências da vírgula ocorreram sistematicamente em posições que não apresentaram coincidência entre fronteiras sintáticas e prosódicas.
In this article, we investigate the presence and the absence of commas in a longitudinal sample of texts of the genre report written by 11 to 15 years-old students from a school in the countryside of São Paulo State. Our hypothesis is that the comma is used when syntactic boundaries match the prosodic ones. The prosodic constituents are formed from syntactic and phonological information, according to principles defined in the Prosodic Phonology theoretical approach. The characterization of the conventional commas and the non-conventional absences of commas was made from the identification of syntactic boundaries in which they should or could be placed, taking as reference a Brazilian Portuguese grammar. The results were that the conventional comma increases during the years of schooling, as expected. However, the presence and absence of comma rates changed depending on the type of syntactic structure and on the occurrence of intonational phrase boundaries. Comma occurred predominantly in positions where intonation phrase boundaries match major syntactic boundaries, as a sentence boundary. In turn, the comma systematically does not occur in positions where the syntactic and prosodic boundaries do not match.
propõe-se uma reflexão sobre os desafios dessa instabilidade para o ensino de pontuação. Finalmente, argumenta-se em favor da perspectiva enunciativa enquanto abordagem que considera a complexidade do objeto sob análise. Palavras-chave: pontuação; dizeres institucionalizados; ensino de língua portuguesa.
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