Pesquisas indicam que as novas configurações do trabalho docente nas universidades públicas brasileiras têm sido caracterizadas por um importante quadro de precarização do trabalho, com intensificação da jornada diária, flexibilização das relações trabalhistas, sobrecarga de trabalho, escassez de financiamento, excesso de controle institucional e sucateamento da infraestrutura. Tal quadro vem gerando impactos negativos não apenas na rotina de trabalho, mas também na saúde mental dos docentes. Dentre tais impactos, destacam-se as elevadas taxas de prevalência de Síndrome de Burnout e de Transtornos Mentais Comuns encontradas em pesquisas epidemiológicas envolvendo tais profissionais. Nesse cenário, esta revisão visa analisar a atividade docente, em seus elementos constitutivos, desempenhada nas universidades públicas brasileiras e relacioná-la ao adoecimento mental, especialmente à Síndrome de Burnout e aos Transtornos Mentais Comuns.
Os Transtornos Mentais Comuns (TMC) apresentaram crescimento significativo nas últimas décadas. Apesar das elevadas prevalências registradas e de representar importante causa de afastamento do trabalho entre docentes, ainda há lacunas do conhecimento sobre esse evento em docentes universitários. Este estudo objetivou estimar a prevalência de TMC em docentes de uma universidade pública da Bahia, analisando sua associação com aspectos sociodemográficos, laborais e psicossociais. Foi realizado estudo epidemiológico de corte transversal, de caráter exploratório, envolvendo 127 docentes. Foram realizadas análises univariada, bivariada e multivariada com regressão logística não condicional. Para entrada no modelo, estabeleceu-se valor de p ≤ 0,25, obtido pelo Teste Qui-Quadrado de Pearson (X²) ou Exato de Fisher. As razões de prevalência foram estimadas por Regressão de Poisson. O nível de significância estatística adotado para permanência no modelo final foi de 5%. A prevalência de TMC na população estudada foi de 29,9%. Observou-se associação estatisticamente significante de TMC com sentimento de desgaste na relação com os alunos (RP: 2,31) e falta de satisfação em trabalhar na instituição (RP: 2,13). Elevada prevalência de TMC foi observada entre os docentes participantes do estudo reforçando a necessidade de ações de intervenção e do olhar atento sobre a saúde mental destes profissionais.
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