Baseado em pesquisa etnográfica realizada em 2001 numa escola pública de São Paulo, este artigo trata das relações de gênero entre crianças de 7 a 10 anos, especialmente durante os recreios. Focamos as interações conflituosas entre os sexos, buscando revelar as múltiplas nuances dos jogos de poder que ações aparentemente similares escondiam. Ao articular o conceito de conflito a significados simultaneamente lúdicos e de agressividade, passamos a compreendê-lo como "jogos de gênero", um dos modos possíveis de sociabilidade nas relações entre meninos e meninas.
The goal in this study was to understand the conflict in the gender relations among children from 1 st to 4 th grades. During school recess time I tried to capture how children's cultures were generated there and how they related to adult culture. The lack of Brazilian research on the issue led me to privilege the international literature.
RESUMO: Este estudo tem por foco as interseções entre as expressões da discriminação racial, as concepções de masculinidade e feminilidade e o pertencimento de sexo entre crianças. Resulta de uma das vertentes da pesquisa de campo desenvolvida em 2001-2004 em uma escola pública com diferentes segmentos sociais, situada na cidade de São Paulo. Busca saber como meninos e meninas construíam suas relações no cotidiano escolar e como estabeleciam estratégias de sobrevivência em uma sociedade desigual. Caracteriza-se como pesquisa etnográfica e tem por referência os estudos de gênero e a sociologia da infância. Com crianças dos anos iniciais, foram observados recreios, salas de aula, e entrevistaram-se 26 meninas e 29 meninos. Entre discriminações de todas as ordens, observa-se forte racismo/sexismo em interações com pouca interferência dos adultos e que cabe às meninas negras tatear caminhos frente à estética dominante de cor da pele, textura dos cabelos, beleza e peso.
Este estudo trata de gênero e culturas infantis, entrecruzando os clubinhos das séries iniciais, analisados em pesquisa feita em uma escola do bairro de Pinheiros, São Paulo, em 2001, e as trocinhas do Bom Retiro, estudadas por Florestan Fernandes em 1942. Na busca de aspectos microestruturais e do efeito dessas interações na construção de diferentes significados de gênero, emergiram questões como: em que medida tais agrupamentos conseguiam estabelecer espaços de autonomia perante o mundo adulto?; elaboravam relações de gênero próprias de uma cultura infantil?; quais eram os pontos centrais sobre os quais se desenrolava a trama das relações de gênero em cada tempo e lugar? A partir da etnografia, foram produzidos 28 registros de campo do recreio de 1ª a 4ª série. Apenas nas 3as e 4as séries assistiu-se a quarenta aulas de cinquenta minutos (de educação artística e educação física), e foram entrevistados 29 meninos e 26 meninas. Ora segregadores ora agregadores, observou-se que os clubinhos (mistos ou de mesmo sexo) eram o modo como as crianças geriam suas relações, fosse para permitir grupos mistos sem conflito, fosse para manter o distanciamento entre os sexos de modo pacífico. Este estudo contribui para trazer à tona um pouco das culturas infantis em seu protagonismo relacionado ao gênero e possibilita a caracterização da escola como espaço contraditório, que pode desenvolver ações de suporte às crianças para ampliação de suas experiências.
Este estudo busca resgatar memórias, enquanto estudantes, de duas transexuais femininas, assim autodefinidas, de Tubarão – SC, no intuito de analisar suas experiências escolares durante o paulatino processo de feminilização. Trata-se de pesquisa qualitativa, construída com recortes de histórias de vida na Educação Básica em escolas públicas e nas licenciaturas de História e de Letras em universidades privadas. A pesquisa empírica se deu a partir de entrevistas com roteiro semiestruturado, sendo analisada a partir dos pressupostos dos estudos de gênero e de educação. O contraditório espaço escolar apresentou-se como lugar de discriminação heterossexista, vigilante contra quem não se enquadrasse nos padrões binários e hegemônicos de gênero e de sexualidade. No entanto, devido ao suporte de colegas e da resistência das estudantes trans, tal contexto não as impediu de seguir estudando.
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