Este artigo se propõe a refletir sobre as interações sociais de bichas pretas nas periferias de duas cidades brasileiras: Rio de Janeiro, RJ e Porto Velho, RO. Para tanto, buscamos no referencial teórico dos Estudos das Masculinidades em suas intersecções com raça e classe social, os elementos para analisar os dados produzidos a partir de observações participantes carregadas de nossas formulações pessoais e fruto de experiências vividas ao longo dos anos de 2019 e 2020. Deste modo, pensar nas bichas pretas a partir das masculinidades significa contestar padrões e regulações dos sentidos essencializados de ser homem e abrir possibilidades de se conhecer espaços sociabilidades.
Neste artigo, debateremos os limites e possibilidades das masculinidades negras imersas em normas curriculares cisheteropatriarcaisde duas escolas públicas localizadas nas periferias das cidades de Duque de Caxias e Rio de Janeiro, RJ. Para tanto, asexperiências autoetnográficas de dois docentes serão as bases para narrar as tensões e acordos emergentes a partir dos deslocamentos produzidos a partir das normas escolares, nos denunciando que, obstante ao controle, emergem ricas polissêmicas performatividades que habitam os cotidianos das escolas e disputam seus currículos.
A pandemia da COVID-19 modificou o cenário mundial e provocou uma série de reconfigurações na vida social. Dentre essas transformações, têm destaque as atividades escolares que passaram a funcionar de modo remoto, em regime especial domiciliar. Com atenção a essa conjuntura, o objetivo central deste artigo é debater as percepções de docentes, em contextos socioeconômicos desiguais que marcam a cidade do Rio de Janeiro, sobre o acesso discente às tecnologias de educação remota proposto pela Secretaria Municipal de Educação em tempos de pandemia. Para tanto, foram realizadas conversas com docentes e equipes diretivas, por meio do aplicativo WhatsApp. As reflexões dos/as profissionais da educação indicaram que a pandemia reforçou a tragédia social e educacional vivida na cidade do Rio de Janeiro, demonstrando a fotografia brutal do sistema econômico e político nefário que reitera as desigualdades de condições de acesso e permanência na escola.
Somos organismos contadores de histórias. E dentro das escolas e de outros espaços educativos (família, ambientes religiosos, espaços de lazer, ruas, trabalho, mídia, etc.) circulam várias histórias; no entanto, uma narrativa prevalece, torna-se hegemônica, e conforma os sujeitos a serem homens, ou melhor, a serem machos, brancos, heterossexuais, cristãos e burgueses, fundamentalmente. Desse modo, ao se estabelecer um modelo único e hegemônico de sujeito e de masculinidade dentro desses espaços; a educação acaba por retroalimentar, em seu interior, um círculo vicioso que (re)produz desigualdades de raça, gênero, sexualidade e classe. Sendo assim, a educação promove a desumanização para todxs aquelxs (negrxs, indígenas, mulheres, pobres, gays, lésbicas, transexuais, travestis...) que “escapam” da referência hegemônica de sujeito. Além do mais, o racismo e a homofobia são orquestrados como uma potente ferramenta pedagógica. Neste escrito, os marcadores sociais de raça, gênero, sexualidade e classe serão apresentados em uma perspectiva interseccional, polimórfica e polifônica. Baseando-me no método (auto)biográfico e inspirado nos estudos do/no/com o cotidiano, parto do princípio de que podemos aprender/ensinar com as histórias que contamos/ouvimos; assim, este escrito trará três narrativas (auto)biográficas de bichas pretas faveladas a fim de mostrar as suas (re)existências na educação e, com isso, tirar as diversas histórias “outras” de sujeitxs “outrxs” da invisibilidade e do isolamento.
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