Este artigo analisa a atuação do trabalho como dispositivo de inclusão e exclusão na criminalidade, a partir das histórias de vida de um ex-interno do Sistema Socioeducativo e egresso do Sistema Prisional da Região Sudeste do Brasil. Trata-se de um estudo qualitativo, por meio do método biográfico, que considerou os relatos da história de vida de um sujeito do gênero masculino. Recolhidos a partir de entrevistas em profundidade, os relatos foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo. Foi possível compreender o trabalho como um dispositivo que paradoxalmente opera tanto na inclusão, quanto na exclusão de um indivíduo na criminalidade. O sujeito é incluído em atividades lícitas, na vida de trabalhador de boa conduta, e simultaneamente na vida de trabalhador-traficante, que pratica atividades ilícitas por meio da criminalidade. O trabalho não atua como uma poção mágica na exclusão da criminalidade; e não cumpre esse papel de salvador para os sujeitos considerados (ex)criminosos. O dispositivo trabalho não pode ser visto como uma panaceia que vai dar conta da fragilidade de tantos outros que atuam na sociedade e por ela são produzidos.
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