Resumo A região metropolitana de Santarém ilustra um padrão de metrópole em formação incomum, em que a diversidade socioespacial atende tanto ao perfil hegemônico metropolitano, quanto a origem amazônica ribeirinha. Este artigo expõe as coalizões criadas entre agentes econômicos do capitalismo global, elites locais e forças governamentais e o quanto as novas correlações de forças favorecem os interesses do setor imobiliário e financeiro, em detrimento da população local que historicamente tem sabido manejar seus espaços. As trajetórias das sedes de Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos, quando contrapostas às centenas de assentamentos rurais, reafirmam as limitações da institucionalização oficial dessa região metropolitana, excluindo comunidades tradicionais e beneficiando grandes agentes capitalistas, além de desperdiçar potenciais de inovação em direção ao equilíbrio entre o meio urbano e o natural.
Resumo Este artigo discute o progressivo descolamento observado entre cidade, urbano, rural e natureza em contexto amazônico. Partiu-se da geo-história, abordagem lefebvriana de análise da formação espacial, do sítio de Santarém (PA) e adjacências, para explicitar a natureza híbrida de um tecido urbano extensivo, formado por tipologias urbanas descontínuas (cidade e vilas), periurbanas (comunidades e assentamentos) e rurais (campo de soja, floresta e comunidades extrativistas), segundo arranjos socioespaciais herdeiros de diferentes matrizes culturais. A partir da revisão de literatura, da análise de cartografia histórica e de dados digitais, observa-se que o urbano, orientado por processos globais e pelo interesse econômico, nega e desestrutura territórios, nos quais a sociobiodiversidade e as práticas desenvolvidas ao longo dos séculos são portadoras de potencial reconciliação entre urbano e natureza, bem como valiosas em contexto de mudanças climáticas. O estudo detalha a análise para a mancha urbana da cidade de Santarém, assumida como um amálgama que espelha a diversidade socioespacial da região e que melhor ilustra a forma como a concepção hegemônica de cidade, aplicada ao urbano periférico amazônico, tem distanciado Santarém do potencial de expressar o urbano utopia, o qual será capaz de resgatar a indissociabilidade de pessoas, biodiversidade, solo e água, que já vem sendo manifestada há séculos na Amazônia.
Este texto apresenta uma caracterização do espaço construído de Belém, destacando sua condição estuarina, fisiografia e evolução socioespacial, mas iluminando elementos de desarticulação nas estratégias de operação dos agentes envolvidos na produção da cidade e da gestão urbanística para a estruturação de um Sistema de Espaços Livres e a forma limitada como os mesmos são apropriados pela população. O artigo baseia-se nas conclusões da Oficina Quapá SEL realizada em Belém em maio de 2015, na qual professores e estudantes da Universidade Federal do Pará e a equipe de professores e bolsistas da Universidade de São Paulo realizaram a avaliação dos espaços públicos da cidade. Observou-se que há notável diferenciação da paisagem da área central em oposição/contraposição à área de expansão da cidade e comprometimento de Áreas de Preservação Permanente (APPs) nas margens dos rios internos e das ilhas, principais espaços verdes do município e elementos de conexão com o bioma amazônico que, embora possua potencial paisagístico, vem sendo apropriado de forma socialmente desigual.
Este texto procura situar a cidade no contexto de transformações da Amazônia Oriental e identificar padrões morfológicos relacionados à concorrência de trajetórias de estruturação do espaço urbano: a urbano-industrial e a tradicional, destacando o potencial dos legados da última para a inovação no desenho e planejamento urbano. Padrões de ocupação e evolução de seis cidades localizadas em regiões sob intensas transformações após os anos 1970 são comparados para explicitar correspondências entre padrões morfológicos e processos socioeconômicos. A base de dados adotada foi gerada em pesquisas de campo realizadas entre 2012 e 2014, nas seis cidades em estudo no âmbito do projeto UrbisAmazônia. Os procedimentos metodológicos abrangem uma breve análise histórica, caracterização da estruturação espacial da cidade e principais eventos associados à expansão urbana nestas cidades, com destaque para a atuação dos setores público e privado. Nossa hipótese é a da configuração de um novo tipo de urbanização polinucleada nesta região, em um momento de encruzilhada, em que, ou problemas históricos podem ser agravados através da imposição de racionalidades homogeneizadoras ou superados, com a transição do padrão urbano-industrial para uma nova etapa, portadora de possibilidades verdadeiras de inovação, capaz de reconhecer uma relação equilibrada entre a natureza e o direito das pessoas, representativa de diferentes racionalidades, para compartilhar um território.
ResumoUma recente iniciativa da Prefeitura Municipal de Belém de reformar a feira do Ver-o-Peso, principal símbolo do centro histórico da capital é tomada, neste artigo, como referência para discussão sobre as concepções de cidade e intervenções, conduzidas por grupos políticos locais, a partir de coalizões com o setor privado e a mídia local. Abordam-se, particularmente, as contradições presentes na tentativa de internacionalização da cidade e o caráter seletivo que o planejamento estratégico oferece, quando a esfera política não considera o ambiente urbano amazônico em sua complexidade. O texto alerta que seria possível criar mediações para as concepções exógenas de planejamento para propor uma base filosófica para a modernização de Belém atenta à participação popular, à festa inclusiva e à sociobiodiversidade local. Palavras-chave:Belém; políticas públicas; cidade criativa; gentrificação; sociobiodiversidade. AbstractThe recent initiative of the municipal government of Belém to renovate the Ver-o-Peso open market, the main symbol of the capital's historic downtown, is taken, in this paper, as a starting point to discuss conceptions of city and interventions conducted by local political groups based on coalitions with the private sector and the local media. The paper approaches, particularly, the contradictions observed in the attempt to internationalize Belém and the selective nature that strategic planning offers when the political sphere does not consider the complexity of the Amazonian urban environment. The text argues that it would be possible to create mediations for exogenous conceptions of planning in order to propose a philosophical basis for the modernization of Belém that takes into account popular participation, the inclusive party and the local socio-biodiversity.
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