Resumo: O presente texto é resultado de pesquisas bibliográficas já realizadas e discute como o discurso da modernização e do progresso, de modo mais acentuado nas últimas duas décadas, vem conquistando cada vez mais uma posição hegemônica também em relação à agricultura. Nesse movimento, predomina uma perspectiva determinista, segundo a qual não existe qualquer possibilidade alternativa ao modelo dominante que se acha em implantação desde a década de 1950 no contexto da revolução verde, baseado no uso intensivo de produtos químicos. As experiências de produção da subsistência tradicionalmente construídas são desprezadas em nome da modernização e do progresso. Nesse contexto, ganha destaque a exploração intensiva do solo, a destruição de recursos naturais e o uso em larga escala de insumos químicos. Até onde esse modelo sustenta-se? Como ficam as experiências historicamente construídas, desqualificadas como inviáveis? Quais são os riscos desse modelo para as pessoas e para o planeta, ou seja, para o futuro da humanidade? Palavras-chave: Políticas agrícolas. Modernização. Progresso. Sociedade de riscos.
http://dx.doi.org/10.5902/198464444139 O artigo tem como objetivo aprofundar a dimensão educativa dos movimentos sociais populares e, desse ponto de vista, busca identificar suas potencialidades educativas críticas e emancipatórias. A questão central é como os movimentos sociais populares constituem-se em educadores, não apenas para seus militantes, mas também para as organizações sociais, o estado e a sociedade como um todo. Ao procurar dar conta desse desafio, parte-se das contribuições de Boaventura de Sousa Santos para fundamentar uma crítica à epistemologia hegemônica, especialmente à monocultura do saber e do tempo linear, contrapondo-a à epistemologia do sul com destaque para as ecologias dos saberes e das temporalidades. Para dar fundamentação à perspectiva das temporalidades buscam-se, também, as contribuições de Walter Benjamin e Edward Thompson. Por fim, faz-se a análise de uma experiência de organização de agricultores sem terra, no início da década de 1980, na Encruzilhada Natalino, Ronda Alta(RS). Esse acampamento é fundamental não apenas por contribuir decisivamente na organização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mas também pela dimensão educativa de seus militantes, assim como na formação de lideranças e na formulação de outros pressupostos, especialmente em relação às políticas fundiária e agrícola.
Palavras-chave: movimentos sociais populares; educação; política.
v. 29, n. 3, Passo Fundo, p. 986-995, set./dez. 2022 | Disponível em www.upf.br/seer/index.php/rep REP -Em linhas gerais, como descreverias sua trajetória como educadora-pesquisadora no âmbito do debate educacional brasileiro? Jaqueline Moll (JM) -Agradeço, em primeiro lugar, o convite para dizer minha palavra nessa revista tão importante para a educação brasileira que vem de uma longa história e de uma longa tradição no debate democrático. Eu, nesse ano de 2023, completo 40 anos de vida na educação pública. Com 18 anos comecei como professora primária. Foi importante recuperar isso no meu memorial para professora titular na URGS onde abordei exatamente o que vou contar aqui agora rapidamente. Eu me torno professora aos 18 anos. Tinha feito várias experiências de pré-estágio, fiz o curso normal, na época de ensino médio, segundo grau. A minha vida como educadora e pesquisadora nasce da perplexidade com a diferença que havia entre a escola privada e a escola pública. Eu tinha estudado e comecei a atuar como professora na educação básica, primeiro ano do ensino fundamental, no segundo ano do ensino fundamental, no terceiro ano do ensino fundamental e, também, trabalhei no quarto ano do ensino fundamental. Tinha experiências variadas e fortes que nasceram da perplexidade frente às condições de vida das crianças na escola privada e as crianças na escola pública. Já no meu estágio no curso normal, mas também nos pré estágios, esse mergulho na realidade da escola pública foi me mostrando que havia ali uma diferença que não era dada pela capacidade das crianças. Anos mais tarde através das leituras de Maria Helena Souza Patto, já fazendo o mestrado, em 1987, vou entender toda essa visão psicologizante, biologizante, que vai culpabilizando as crianças e as famílias de que eles são pessoas com menos capacidade. Ao contrário, eram crianças ávidas por conhecer temas, livros, literatura, mas a limitação do ambiente, dos professores e da vida delas é que impunha um obstáculo quase intransponível. Eu acho importante recuperar isso porque eu vou me fazendo e me tornando professora e pesquisadora pela perplexidade que eu enxergo como normalista, nos pré estágios, nos estágios. Eu vou trabalhar numa escola privada e reacendo todas as minhas memórias. Eu fiz o ensino médio numa escola pública, mas o fundamental eu fiz numa escola católica na minha cidade. Era uma escola de irmãs franciscanas porque eu sou de uma família que tem duas tias que são irmãs franciscanas, uma delas ainda vive em Passo Fundo na comunidade franciscana de Maria Auxiliadora, a irmã Maria Estelita Tonial, mestra de noviças. Eu vim dessa tradição. A minha família fez um grande esforço e eu estudei nessa escola. Então a diferença era muito grande nos materiais, na sala de aula, na formação dos professores, nas relações, bem como, no trato com as pessoas e o desrespeito que eu assistia na escola pública em relação às crianças e o que eu vivia na escola pública era algo que eu jamais ESPAÇO PEDAGÓGICODiálogo com educadores 988 v. 29, n. 3, Passo Fundo, p. 986-995...
Resumo: O texto analisa as diretrizes da educação do campo numa dupla perspectiva: avanços e desafi os. Os avanços evidenciam-se na formulação de diretrizes com base numa concepção de educação emancipatória e cidadã, e os desafi os, por sua vez, concretizam-se nas difi culdades de a escola do campo problematizar os contextos socioculturais dos seus alunos; na implementação de políticas de nucleação por governos estaduais e municipais que resultam no deslocamento de escolas do campo para as cidades ou pequenos povoados; no transporte diário de milhares de crianças do campo para a cidade, que, além retirar os sujeitos dos seus contextos, incrementa processos migratórios e colide frontalmente com as diretrizes da educação do campo elaboradas no início do século XXI. Do ponto de vista teórico, o texto assenta-se em documentos e em referenciais bibliográfi cos relativos à educação do campo. Palavras-chave: Educação do campo. Diversidade cultural. Políticas educacionais.Abstract: This article analyzes the guidelines for rural education from the double perspective of its advances and challenges. On the one hand, advances can be clearly seen in the development of guidelines based on a conception of an emancipative and citizen-oriented education. On the other hand, the challenges are evident in the diffi culties faced by rural schools in terms of dealing with the socio-cultural context of their students; the implementation of state and municipal nucleating policies that result in the displacement of schools from rural areas to cities or small villages; and commuting thousands of children from rural areas to the city, which, besides driving subjects away from their contexts, also fosters migratory processes and collides with the guidelines for rural education established in the early XXI century. From the theoretical viewpoint, our work is grounded on documents and bibliographical references concerning rural education.
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