As emoções podem ser manifestadas por meio da fala, da face e dos gestos do indivíduo. Neste sentido, a fala traz informações importantes sobre a mensagem que a pessoa está expressando: além do conteúdo gramatical e semântico, pistas prosódicas e ações corporais também auxiliam na compreensão do que está sendo dito. Neste contexto, a pessoa com síndrome de Down pode apresentar comprometimento cognitivo e atrasos no desenvolvimento global, inclusive, prejuízos na fala (READ; DONNAI, 2008, OLIVEIRA, 2010). Assim, temos as seguintes hipóteses: a) que o atraso global – déficit cognitivo, motor e de linguagem – dificulta a expressão das emoções desses indivíduos, mesmo na manifestação das emoções básicas; b) e que pessoas com Down apresentam dificuldades na demarcação das diferentes manifestações emocionais. Considerando essas hipóteses, o objetivo deste estudo é analisar a expressão das emoções da alegria, tristeza e raiva de dois adolescentes com síndrome de Down e de dois adolescentes de desenvolvimento típico e verificar os recursos faciais, gestuais e verbais utilizados por eles para reproduzi-las. A presente pesquisa se desenvolveu em dois momentos: no primeiro, foram feitas oito sessões de atividades e práticas sobre o tema das emoções com os sujeitos com Down; e no segundo momento, ocorreu a gravação de sentenças para análise acústica, facial e gestual dos quatro sujeitos. Os resultados das análises acústica, facial e gestual mostraram que os adolescentes com Down apresentaram especificidades em demarcar e expressar pelo menos uma das emoções: os adolescentes apresentaram padrões individuais na fala, gestos e nos movimentos faciais. A alegria foi demarcada e expressa adequadamente pelos quatro sujeitos: fala com valores mais altos e gestos ascendentes. Na manifestação da tristeza, em termos de fala, os sujeitos apresentaram curva melódica, gestos e músculos faciais descendentes, conforme o apontado pela literatura. Na manifestação da raiva análise acústica mostrou valores de frequência mais elevados em relação à fala neutra, expressões faciais intensas e gestos ascendentes. A alegria foi manifesta com mais naturalidade e facilidade pelos quatro sujeitos e isso ocorreu, possivelmente, por ser o estado emocional espontâneo dos sujeitos no momento das gravações. Os sujeitos com SD lançaram mão dos diferentes tons de voz, gestos e expressões para caracterizar as emoções.