Este trabalho trata da relação entre pais e filhos quando diante da situação social da descoberta da homossexualidade. Foram ouvidos 20 jovens brasileiros do sexo masculino entre 18 e 24 anos de idade, universitários, de camadas médias e que se autoidentificam como homossexuais. Privilegiamos conhecer as experiências vividas por esses jovens no sentido de assumir a homossexualidade em casa. O reconhecimento da homossexualidade pelos familiares e, sobretudo, entre eles mesmos movimenta nesses jovens todo um conjunto de medos que se expressam em formas concretas de violência, sofrimento psíquico e incertezas. Procuramos compreender como esses jovens lidam com as agressões e os sofrimentos que cotidianamente recaem sobre suas vidas, indo de encontro a um esforço coercitivo de seus familiares para os adequarem à norma sexual hegemônica.
O objetivo deste artigo é fazer uma discussão sobre como os homossexuais da primeira metade do século XX (os “sodomitas”, “frescos”, “bagaxas” e “invertidos” como eram chamados) se apropriaram dos territórios públicos da cidade do Rio de Janeiro e desenvolveram tecnologias e práticas de resistência capazes de burlar as convenções burguesas e cisheteronormativas, travando inclusive relação com o Teatro de Revista e as vedetes. A partir da premissa da organização de longa duração dos homossexuais no Brasil, percebe-se que aqueles homens aprenderam a estabelecer entre si redes de sociabilidade e assim enfrentaram a moral burguesa e os discursos médico e jurídico que os perseguiam e excluíam. Mais do que experiências conformadoras dos indivíduos, a efeminação, por exemplo, era adotada muitas vezes como mecanismo de resistência ao controle institucional e à normatividade de gênero, e o Teatro de Revista se constituiu como uma possibilidade de agência na qual era possível remodelar projetos de vida de que as diversidades de gênero e sexualidade passaram a ser parte constitutiva. As fontes aqui utilizadas foram teses e livros médicos, arquivos de antropologia criminal e manchetes de revista e jornal, e a temporalidade da análise foi demarcada pelos anos de 1900 e 1950.
This study is about the violence against gay youth in public spaces. Besides remarking the existence of highly violent traces of public spaces, the survey data shows that the interviewed people suffer a strong limitation of their civil rights, because the experiences of embarrassment lived on the streets end up triggering a recurrent fear, for some of them, of passing beyond domestic domain. So, we come across with complex issues in different analytical and operational levels: the exercise of citizenship, the need of public policies improvement (particularly the ones related to public security) and the violation of homosexuals human rights related to equality between them and their heterosexual opposites.Keywords: young gay; anti-gay violence, public spaces. Resumo AbstractEste estudo trata da violência perpetrada contra jovens homossexuais em espaços públicos. Além de remarcar a existência de traços extremamente violentos dos espaços públicos, os dados da pesquisa mostram que os entrevistados sofrem uma forte limitação dos seus direitos civis, uma vez que as experiências de constrangimento vividas nas ruas terminam por desencadear em alguns deles um recorrente medo de transitar para além dos domínios domésticos. Isso, portanto, nos coloca de frente com complexas questões em diferentes níveis analíticos e operacionais: o do exercício da cidadania, o da necessidade de aperfeiçoamento das políticas públicas (em particular as de segurança) e o da violação dos direitos humanos das pessoas homossexuais no que tange a igualdade entre os mesmos e os seus opostos heterossexuais.Palavras-chaves: jovens homossexuais; violência antigay; espaços públicos.
Resumo O objetivo deste artigo é analisar o processo de construção da chamada “travesti profissional”. Tal processo está conectado ao surgimento de um interesse cada vez maior do público brasileiro e internacional para os “shows de travesti”, eventos famosos nas décadas de 1960 a 1980. São aqui analisados os espetáculos International Set e Les Girls, pioneiros nesse gênero, e os seus impactos nas trajetórias de vida de uma geração de pessoas que hoje se identificam como travestis. Os dados para a escrita deste artigo foram obtidos junto a fontes documentais e orais: impressos de jornais e revista e relatos de indivíduos que vivenciaram esse período.
Resumo Este artigo se ocupa da trajetória da Turma OK, grupo fundado em 1961, dedicado a promover a sociabilidade entre homens homossexuais no Rio de Janeiro. Procuro compreender a história desse grupo à luz das tensões entre diferentes processos sociais, identidades e classificações sexuais construídas e reconstruídas pelas turmas de “bichas” nas décadas de 1960 e 1970. Busco compreender também como essa associação passa de um grupo de sociabilidade de “homens homossexuais” da Zona Sul do Rio de Janeiro que fazem reuniões fechadas em apartamentos para um espaço de shows e encontros que pretende se afirmar como um “patrimônio da Lapa”. O trabalho de pesquisa foi fundamentado em observação participante, pesquisa documental e entrevistas em profundidade.
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