The present text aims to promote reflections about the trauma clinic. It is a treatment practice conceived within the psychological care of refugee immigrants, marked by the silencing that comes from the fixation in the traumatic moment. Such practice requires unconventional interventions that can symptomatize this deadly silence and convey the experience of loss produced by the trauma of displacement/uprooting. We propose a few questions regarding the ethos of the trauma clinic, at the same time as we present some Freudian indications for the understanding of the operation of this traumatic moment. Both authors authorize the publication of this study.Keywords: Traumatic; Treatment; Freud; Clinic; Lacan CommentaryThe trauma clinic is a practice that aims at the treatment of subjects marked by the silencing that comes from the fixation in the traumatic instant promoted by the trauma. Due to the complexity of this type of treatment, models of non-conventional clinical interventions are necessary to create the conditions for changes in the symbolicsubjective, social and political field of the subject affected by the trauma [1].The term 'trauma clinic' was chosen as a practical concept by a team of psychoanalysts who assist migrants and immigrants living in a shelter in São Paulo, Brazil. From these encounters, it was possible to verify that the trauma experienced by the subject-whether due to a real event or by the displacement/uprooting itself-is constituted as an instant in which the subject is fixed.The fixation in this traumatic moment causes a very specific subjective response, namely: the silencing, the word gag. Rosa et al. states that this temporary suspension, sometimes of the whole life, but temporary and non-structural, becomes a way of sheltering the subject before the residue position in the social structure [2]. A necessary protection for psychic survival, a wait, a hope.But how do we conceive the functioning of the reception of this traumatic moment? Freud uses the word Prägung to describe nonintegrated impressions of the verbalized system of the subject. The impression (Prägung), therefore, differs from the representation, for in the representation these impressions would have already been metabolized by our linguistic apparatus. Thus, the psychic trauma would be every impression that presents difficulty in being abolished through associative thought or motor reaction [3].Lacan allows us to make a difference between the violent event and the dimension of the trauma as a hole-as trou-which articulates anguish and desire, in its own time, posteriorly, providing fundamental elements to think tactics and strategy in clinical intervention [4]. The violent event intends that truth and knowledge coincide univocally, that is, without separation and without place for misconception. The violent event causes the contingency of the accident to be taken as truth. Knowing about the event would mean knowing "The" truth. With this, there is a closing of the question, replaced by the supposed cause. The trau...

O presente artigo examina as vicissitudes de um atendimento clínico realizado com uma criança durante a pandemia. Trata-se de uma análise conduzida de forma online nos primeiros meses de confinamento, que exigiu do psicanalista algumas invenções táticas que pudessem viabilizar o tratamento. O estabelecimento de um ensino sobre como desenhar olhos, bem como o trabalho com fotografias em movimento (stop motion), surgiram como alternativas para o menino dominar o olhar obsceno do Outro. Ao final, a discussão sobre o modo como se dá o trabalho online nos levou à constatação de que, nele, encontramos a ocorrência de uma espécie de sutura daquilo que em teoria cinematográfica é chamado de campo e contracampo.

O artigo propõe reflexão sobre o modo como a tragédia grega inscreveu em seus textos a presença daquilo que chamamos de “voz enlutada”. Trata-se da materialização, em uma emissão vocal genérica, da dor de uma perda fundamental que rege a vida do sujeito. Para nós, tal perda está associada àquela que a psicanálise descreve como primeira vivência de satisfação experimentada no laço com o Outro. Para sempre perdida, tal vivência é expressada na tragédia sob a forma da interjeição aîaî. Apresentando-se como um desdobramento do advérbio aeí (sempre) derivado de aion (força vital), o grito aîaî parece expressar a dor de um "para sempre" perdido que aos poucos se constitui como o próprio ato de perder. A tentativa de reencontro do objeto, a partir desta perda fundamental, será para sempre representado por Outra coisa.

ResumoEste trabalho apresenta uma discussão acerca de 212 Artigo HistóriaWi lliam, quatorze anos, foge de casa desde os oito. Passa dias perambulando pelas ruas, dormindo debaixo de marquises, em praças ou em casas de desconhecidos. Apesar de uma aparente dificuldade de enunciação, que posteriormente se revelará como insígnia de sua claudicante constituição psíquica, o adolescente se filia a grupos de jovens que promovem arrastões pelo centro de São Paulo.Acolhido em uma casa de passagem, o adolescente é transferido para um abrigo da cidade na qual mora sua mãe adotiva. William resiste em